Sinfonia

Existe lugares e lugares e a bem pouco estava eu em uma loucura de lugar ali a observar uma das lavadeiras do lugar, em seu levantar para esticar a escadeira e olhando para as montanhas uma coisa bem estranha chamou-me a atenção, fiquei pasma e estranha cheia de emoção com os olhos rasos d’água gritou comovida um dos teus filhos que naquela harmonia estava ali a banhar.

O que é minha mamãe? A criança pois-se a perguntar. A mãe emocionada pegou a criança nos braços, apertou-a com um gostoso abraço e acentou-se sobre a pedra com a criança no colo, começou a me contar, olhe meu filho aquele velho pé de jatobá que já está próximo da primavera e suas folhas a trocar. Quando eu era criança com meus irmãos íamos lá para suas frutas deliciar. Ah como os anos se passaram, pensei que já nem existia mais. Olha os teus frondosos galhos como ainda baila em seu balançar como exibe majestosa suas folhas e galhos parece um maestro que está sempre regendo este lindo coral de pássaros em seu revoar, é lindo poder voltar aqui e ver como a mãe natureza tem cuidado com bastante carinho da sua beleza e também deste lugar.

Olhe também os vales deste lugar esplêndido de magia e beleza neles também posso tentar falar, conheço todos mas aquele gigantesco que agora já nem a vejo mais pois já está encoberto de árvores e de capim é lá na fazenda do Doutor Chiquinho. Lá naquele vale todos os dias eu e meus irmãos íamos esperar porque sabíamos que por aquele velho estradão dentro do vale, o velho carro de boi ali ia passar com juntas de bois bem formadas todos bem cangados escolhidos com bom gosto, todos ali no seu posto. O carro bem alinhado com seus fueiros um atrás do outro e estatura e tamanho sem igual, o eixo bem trabalhado e o chumaços também e os carreiros iam gritando com os bois. Altamiro ia na frente com sua vara de ferrão a caminho da fazenda cumpria com a missão conversando com os bois para nenhum descontrole ir a machucar seu irmão o moço Jamiro que também com muito gosto sempre estava disposto a ajudar seu irmão.

Pois sabiam eles que ao chegar na fazenda do doutor estava lá o velho Eduardo o honrado peão, tomava conta do gado com grande afeição e seu filho mais moço se chamava Albanir ajudava na obrigação eram bois e vacas escolhidas as vezes trazidos de longe como o famoso boi Chirican que tinha tal formosura tal qual sua bravura e ali naquela fazenda era tudo harmonia também não posso esquecer das muitas crianças que faziam a alegria do lugar junto com a senhorita Valdete que cuidava da lida da casa, trabalhava Zulmira que jovem linda e encantadora cuidava da criançada e também Vanderli moça bonita e formosa com bastante educação cuidava da casa e de vez em quando dava uma escorregadinha para dar uma espiadinha no Jamiro, moço formoso do carro de boi que também interessava em corresponder aquele olhar. E por ali sempre passava seu velho pai ajuntando e raspando a garganta chamando a atenção, um pouco mais encostado no tanque a moça solitária que as vezes sorria porém sem grande harmonia ela Adeliria que tinha vida corrida e sempre ao terminar sua lida corria para sua casa para todos satisfazer, principalmente seu velho pai Eduardo, que mistério ninguém sabia se era paixão ou cansaço, mas de uma coisa todos sabemos bem é porque ele não dormia sem uns bons goles de cachaça respeitava todas as crianças e educou-as com amor e paixão pois ficou viúvo ainda muito moço, só que outra companheira embaixo de seu teto não colocou. Fez questão de seus seis filhos cuidar e educar de sua forma, de seu jeito deu a todos formação para cumprir com a sua missão.

E assim mesmo dormindo com os goles de cachaça como um despertador todas as madrugadas despertava a molecada para a lida começar e ao chegar na fazenda todos punham a trabalhar uns buscava os bois para cangar e os outros as vacas para ordenhar, rotina de todos os dias e era assim que eles viviam na fazenda do doutor, doutor homem honrado, educado e bem formado entrava e saia no meio de seus peões e a todos tratava com muito respeito e educação. Amava a todos com as suas formações e por ali todos diziam “este doutor não tem defeito não”, sem falar em dona Clarinda que era sua mãe, mulher fina e educada também tratava a todos com carinho e bem ali ao lado morava com o senhor Sereno um homem bom e inteligente artista plástico que com bom gosto num toque refinado de seu conhecimento usou as paredes da bela fazenda para expor sua galeria de arte com quadros exuberantes e bem trabalhados o artista entusiasmado pintou a sala, corredores, quarto e até a área de serviço contempla a beleza de sua arte, um artista plástico nato que embelezava com seu talento ainda mais a fazenda do doutor.

Que também tinha como peão em sua fazenda um senhor forte e de bom coração era também solitário como a moça Adeliria e não se casava por pura dedicação aos seus irmãos era Toe Inácio filho da Maria do Rosário a parteira da cidade ele era especial e de bom coração pois sempre ajudou ao grande Alcides o seu irmão mais moço a cuidar de seus filhos e sua especial esposa Maria dos Reis, mulher valente e trabalhadeira que lutou sua vida inteira somente com uma missão de não deixar os seus filhos sem estudo e educação sabia que não podia ir longe porque condição ela não tinha era pobre a guerreira Maria seu destino para seus filhos ela não queria ser pobre tudo bem até conformava, mas não saber ler e escrever isso não pois era experiente nesta situação sofreu em sua mocidade trabalhou como escrava, escrava dos sábios porque na sua longínqua infância pobre lhe foi tirado o direito de aprender a lição e assim viveu a sua vida inteira procurando sempre o melhor para os seus filhos porque para ela ler e escrever é uma profissão.

Nute do Quara e Ilma Aurora

CAMBRAIA JJOÃO
Enviado por CAMBRAIA JJOÃO em 10/04/2008
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