MACONHA OU BOACONHA

MACONHA OU BOACONHA

-Maconheiro, é tudo maconheiro, dizia a avó, referindo-se aos seus vizinhos.

-Ainda bem que meus netos não fumam, nem cigarro, né Leandro....

-É vó, responde Leandro, dentro do banheiro, onde acabara de enrolar um baseado.

Dna Hilma era uma avó atenciosa com os netos, tinha cinco, todos homens, Leandro, Leonardo, Rafael, Guilherme e Rangel. Sempre imaginava que pelo menos um deles iria cuidar dela e do Luiquinha, seu marido há cinquenta e oito anos e bebendo todas, mas não fumava, mas vivia tomando sua cachaça o dia inteiro, pelo menos uma vez por mês dava uns tapas na velha, pois já não aguentava aquele “charque velho”, enchendo o saco dele o dia inteiro, também odiava os “maconheiros”.

Os vizinhos “maconheiros”, na realidade não incomodavam ninguém, ao contrário do velho Luiquinha, que vivia tentando pegar a força as vizinhas, para dar um”créu”, claro, depois de ter ingerido meia garafa de cana. Sem falar que cuidavam da vida de todo mundo da rua. Os maconheiros eram pessoas pacíficas, de bem com a vida e se davam bem com o Leandro, que também fumava seu baseadinho sem incomodar ninguém, mas já não aguentava mais ver seu avô bater na vó, até comentava com seus vizinhos, isso tem que terminar,o que eu poderia fazer pro velho parar com isso, ai um dos vizinhos teve uma idéia, faz o seguinte Leandro, amanhã tu começa a beber com ele e depois que estiveres bêbado, dá um corretivo no velho e avisa ele que da próxima vez que ele levantar a mão pra Dna Hilma, ele e os vizinhos vão capá-lo.

Passou-se uma semana, e o velho apareceu com o olho rocho, e a velha, perguntou.

-Andou brigando Luiquinha?

-Não, eu cai no banheiro e bati com a cabeça.

-Não tens bebido?

-Tô dando um tempo.

-Viste o Leandro, anda com os “maconheiros”.

-Deixa ele, e pensando bem, eles não fazem mal pra ninguém, acho que são gente boa, não vamos mais chamá-los de "maconheiros" somente de "vizinhos", combinado.

-Combinado.