"Uma entrevista à quatro estágios.".

Madrugada é... - três horas, quarenta e dois minutos e quinze segundos.

Acordo do meu sono [RAM], vou ao banheiro, lavo o meu rosto, recomponho o meu semblante, bebo dois ou três goles de café, e, depois, sinto uma vontade incontrolável de abrir a porta, sair, respirar o ar eivo do oxigênio matinal.

Noite é de luar cheio...

Olho para um céu límpido, sem ninbus, sem cirrus, porém com algumas nuvens que mais me parecem flocos de algodão, beijados, insistentemente, pelo orvalho azul, fenômeno próprio da segunda fase de Lua Cheia quando, evidentemente, há duas dentro do mesmo espaço de trinta dias.

O silêncio à minha volta é sepulcral, ainda que, confesso, os meus tímpanos, pela ação e pela ordenança do meu cérebro, estão tão sensíveis que são capazes de captar o ruído do vôo de um mosquito inoportuno que aparece em minha cena, apenas, para me intranquilizar. Ouço vozes que emanam de algum singelo e lúdico ponto do cenário.

De súbito, diante de meu extase, não me importo, mas quatro cavaleiros que conversam entre si, fazem questão de, ainda que eu não opine, me incluir em seu papo sinistro de uma lingua estranha para o meu ser, pelo menos, naquele momento.

Pergunto pelos seus nomes e, logo no início, me surpreendo pela expontaneidade e solicitude ao não se negarem a identificar-se... - [Fogo é o meu nome], diz o primeiro, o segundo com um semblante de quem está em franco sofrimento,o,o,o,o,o,o,o,o,o,o,o,o,o,ô não esconde ser o [ar], mesmo estando poluído e irrespirável, o terceiro deles tem o aspecto de quem tem sido maltratado pelos humanos e, nesse caso, apresenta uma espécie de mal-crônico a afetar-lhe de forma profunda e obscura; a muito custo diz chamar-se [água]; um bem essencial que está sendo destrído pelos habitantes, racionais "entre aspas".

A madrugada avança de forma rápida e já os primeiros raios da estrela Sol despontam no horizonte e se refletem em minhas retinas, resta-me, exatamente ele, o último elemento a ser entrevistado.

Para tanto, chamo-o a um canto e, entrementes, começo a interrogá-lo:... - ele me diz chamar-se terra, sinônimo de solo, e, solícito, faz uma série de reinvindicações. Nomeia-me com um espécie de seu preposto e, assim, me conclama a contatar a uma humanidade criada por Deus através do homem Adão, insuflando-lhe o zelo pelos bens que, evidentemente, não tem condição de criá-los para substituição.

Reclama a minha pessoa do lixo depositado ao sopé dos morros, no leito dos córregos, nas lagoas e nos lagos, do desmatamento desnecessário, da matança dos animais e de toda a sorte de inusitadas ações de oligofrenia dos homens... - que fazer?

A maior personalidade da historicidade humana, a única capaz de insuflar alento novo ao coração, à mente dos seres, antes criados à sua imagem e semelhança, mas, hoje, apenas, imagem nada conseguiu diante de um ser humano que se corrompe da cabeça aos pés... - pergunta-se:... - Quem sou eu?

O homem, em seu acesso de poder, a 06 de agosto de 1945, fez desabrochar a [Rosa de Hiroshima] para dizer:... - [My God what have we done... - Meu Deus o que nós fizemos?].

Um homem forneceu armas e elementos para fomentar a guerra e depois soltou a bomba, dizendo:... - [God bless that lost your lives... -Deus abençoe àqueles que perderam as suas vidas!].

A minha pergunta crucial é:... - Como lidar com um ser humano que possui dentro de si mesmo o bem e o mal, mas opta pelo mal, como lidar com um ser humano que tem dentro de si, a vida e a morte e escolha a morte, como lidar com um ser humano que mata um semelhante pelos motivos mais estafúrdios?

Gostaria de colaborar com os estranhos senhores que entrevistei em meu sonho de ambientalista, mas que fazer?

As mulheres continuarão a varrer as calçadas se valendo do fluxo da água indiferentes a evidência de que, se assim continuarem, até [2040], os seus filhos, os seus netos, os seus bisnetos, a humanidade terá que optar, ou propicia o seu asseio natural, ou ameniza a sua sede, e, nem se lebrarão das suas respostas de hoje:... - [Ah, moço! Daqui há cinqüenta anos eu não estarei aqui.].

Eu também não, mas...

A elas eu pergunto:... - [Onde está a ordenança... -[Ama ao próximo como a ti mesmo?].

Para-se por aqui?

Não!

As sacolas plásticas criadas para ser simples facilitadoras da vida moderna são utilizadas de forma inadequada, e, pior descartada no leito das vias públicas, transformando-se em vilões das hecatombes nossas de todos os anos, pois, exigindo cerca de [500] anos para se decompor, entopem os bueiros, póluem e entravam os rios e córregos, maltratam a natureza e matam a vida que nós, como seres limitados, não temos a condição de crear, isso mesmo, com [e], a partir do nada.

Os governos, os Luizes Inacios Lula da Silva, os Georges Bushes, os Nicolas Sarkosis, as rainhas Elisabeths, os governantes de todos os países têm, apenas, o alternativo de suprimir as vilãs das enchentes, dos desmoronamentos, das catástrofes, e das hecatombes. Do contrário, os prefeitos dos municípios, os administradores regionais, os presidentes, serão sempre responsáveis pelos acidentes; povo?

[O povo é neófito da raiz dos cabelos a planta dos pés!].

Quanto aos reclamantes me é impossível ajudá-los senão por meio da literatura, afinal; sou, apenas, um ser vivo dentro de um contingente de quase sete bilhões de outros que se espalham aos quatro cantos de um planeta chamado Terra.

De qualquer forma aquele que ler se colaborar, se passar adiante, se fizer com que outros venham a aderir aos nossos princípios, certamente, terá surtido efeito as quatro entrevistas e, assim, viveremos em mundo melhor no futuro.

Que possamos pensa nisso!






YOSEPH YOMSHYSHY
Enviado por YOSEPH YOMSHYSHY em 27/04/2008
Código do texto: T964217
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