O cão que só hostilizava homens

O CACHORRO QUE SÓ HOSTILIZAVA HOMENS

Aqui em Pelotas, de onde relato essa breve estória há uma grande população canina ao redor do centro histórico. Eles andam as matilhas em volta da Biblioteca pública, dos chafarizes. Disputam as fêmeas em frente ao largo do Mercado Público, como fazem os malandros com as prostitutas de rua, algo que lembra os personagens marginais saídos da obra de Jorge Amado.

Bom, os cães nessa cidade são cultos, podendo ser vistos na porta das universidades, famintos de saber e esperar algum delicioso lanche que alguém lhes desse por caridade.

Numa já remota noite de inverno, na região do porto, avistamos ( eu e um amigo) um belo cão, me recordo que ele disse:

---Que bonito cachorro, parece um lobo!

Na mesma noite de lua cheia, ele foi esfaqueado. Meu caro leitor não lhe deixarei com uma pulga atrás da orelha, o meu amigo se recuperou, já o canino nunca mais o vi.

Mas vou lhes narrar o caso de um cão que se destaca pela sua peculiaridade. Um jovem me relatou que todo dia de manhã ao ir para o seu trabalho, se depara com um grande cão preto, acompanhado por uma cadela tetuda. E é sempre o mesmo ritual, quando o transeunte se aproxima a cadela recua rumo a um canto da calçada e fica parada, por sua vez o cão avanço rosnando, como demarcando seu território.

O meu interlocutor me disse que essa cena se repete todos os dias, que o cão com sua intimidação fazia qualquer um, jovem ou velho, mudar de calçada.

Eis que um dia a surpresa, vem pela rua uma bela mulher, loira, esbelta, olhos verdes, seios fartos e ao cachorro ao vê-la encolheu-se ao lado de sua companheira e a deixou passar. Pois é, o cachorro só hostilizava homens.

Fábio Souza das Neves
Enviado por Fábio Souza das Neves em 21/05/2008
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