God of War - A Tragédia do Abandono - Parte 2

fan-fiction baseada no jogo God of War.

A Tragédia do Abandono - Parte 2

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- Quem vem lá? – perguntou como de praxe o ser meio bovino meio homem pousando o enorme machado na terra e parando logo abaixo do portal. Com mais de três metros de altura, abaixou-se como um míope para enxergar de perto a criatura petulante que se aproximara das terras que guardava.

- Kratos de Esparta – disse o homem.

- Outro herói que vem para morrer? – disse a voz cavernosa.

- Eu não vou a lugar nenhum para morrer...

- E eu não passo por esse portal a não ser que seja para matar

Kratos franziu o cenho e sacou as Lâminas do Caos. As correntes se prenderam em seus braços, cravando-se na pele já coberta de cicatrizes de queimadura. Tão logo empunhadas, as armas arderam em chamas.

Manteve-se parado com armas na mão. Era dia de guerreiro, não de assassino. O guardião que viesse. E assim a criatura o fez, como touro em disparada, com cascos levantando terra escura. Kratos rolou para a esquerda, sentindo a terra nos baços e nas costas nuas. Ficou de pé com um salto, já com os braços esticados e a mão aberta, soltando uma das lâminas. A espada cingiu o ar, com o som das correntes nela presa misturando-se ao de chamas crepitando. O golpe atingiu a lateral do minotauro, rasgando o couro negro e lançando sangue fresco no ar. Os golpes não pararam por aí. A lâmina da mão esquerda logo seguiu o mesmo caminho, ganhando alcance enquanto a espada irmã era trazida de volta com um puxão na corrente. Essa arma acertou o peito, arrancando mais sangue enquanto os passos de Kratos encurtavam a distância entre os dois.

As lâminas já estavam nas mãos do guerreiro enquanto mexiam-se diante da besta, quase desaparecendo sob o corpanzil da criatura. O sangue jorrava sobre seu peito nu. E ele cortava como se cavar um espaço através da carne fosse seu único objetivo. Bateu até finalmente o monstro defender com o machado. Um, dois, três golpes que fizeram faíscas e chamas se difundirem no ar. Então em um mero intervalo o minotauro atacou, não com a lâmina, mas como chifres pontudos que bateram no peito do guerreiro e rasgaram a pele, sujando-se de sangue espartano.

Kratos foi arremessado e sentiu mais uma vez a terra ria no corpo. Nem bem ficou de pé, o machado do minotauro cortou o ar com tanta violência quanto as lâminas do caos. O guerreiro se esquivou por pouco de ser fatiado ao meio por um golpe que ainda sim cortou-lhe e deixou um filete de sangue escorrendo.

- Vai morrer, herói! – gritou o minotauro.

Kratos não respondeu, mas evitou um golpe e iniciou sua própria seqüência de ataques. As Lâminas do Caos voaram mais uma vez. Uma delas cravou-se na lateral do inimigo e ali se afundou, queimando pêlo e carne enquanto o espartano segurava as correntes. Puxou com força, trazendo o minotauro para perto de si. A criatura veio cambaleante, prestes a cair. Passou pelo guerreiro já tombando, com os olhos negros olhando surpresos para o oponente. Kratos reagiu levantando uma das espadas e descendo um golpe precisando contra o pescoço largo. Cortou músculos e veios e o jato de sangue inundou a terra.

Quase cego pelo sangue, não viu quando o machado do inimigo desenhou um círculo e bateu contra seu peito. Caiu machucado e sangrando enquanto via o Guardião começar a se levantar. O sangue escorria do pescoço e transformava o pêlo preto em vermelho vivo. Segurava o machado com as duas mãos e foi assim que tentou atacar, mas a arma bateu com força no chão, partindo a terra.

O espartano começou outra onda de ataques. Agora as lâminas seguiam não para cortar, mas para massacrar, de baixo para cima, com golpes que afastavam o minotauro. Terminou com um salto que fez a chama das espadas iluminar aquela terra esquecida. Bateu as armas no minotauro, cortando e queimando, fazendo o cheiro de carne incinerada se espalhar. A besta se afastou atordoada, mas o guerreiro não parou. Saltou sobre a mesma, com o pé sobre o peito da criatura, jogando-a ao chão. Segurou uma das armas com as duas mãos e desceu sobre a face do inimigo.

O Guardião segurou os braços de Kratos e se esforçou para evitar o assassinato, mas os braços já estavam fracos e ele enxergava a própria derrota nos olhos do inimigo. Assim urrou quando entendeu de verdade o que significava a morte e a espada terminou a descida fatal, quebrando dentes e passando pela língua grossa. Dilacerou ossos e acabou com o urro de agonia quando destruiu as cordas vocais. Sangue, cérebro, músculos e couro se espalharam junto quando a cabeça do Guardião se partiu. Sobre ele, Kratos, banhado de vermelho e machucado, pôs-se ereto e olhou adiante, para a terra que deveria conquistar. Guardou as lâminas e começou a caminhar, deixando últimas palavras para o minotauro:

- Eu não vou a lugar nenhum para morrer... e não sou nenhum herói.

Shaftiel
Enviado por Shaftiel em 21/06/2008
Código do texto: T1044798
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