Contos Fantásticos II - O Lobo e o Corvo

O lobo e o corvo

Ha muito tempo atrás numa longa noite fria de janeiro um lobo encontrou um corvo. Este lobo aproximou-se de tal ave encarando-a fixamente, tentando dizer algo que não conseguia ser expresso pelos sons que ameaçavam insistentemente sair de suas pregas vocais, o corvo percebendo tal atitude entregou-se ao lobo confessando que a muito já o admirava à distância. O corvo amou o lobo.

O lobo conhecia um gato e o admirava muito, entretando vivia sendo ferido por este, pois como bom felino era independete dos carinhos lupinos e o descartava muito facilmente. Triste o lobo passou a visitar constantemente o corvo e passou a conhecê-lo cada vez mais. O lobo passou a amar o corvo. Entretanto ambos conheciam a distância daquele que habita os céus noturnos e ambos conheciam os valores possuintes da terra em que o lobo vivia. E mesmo assim, conhecendo as advercidades eles passaram a caminhar juntos.

Numa noite de março quando as folhas já se preparavam para o seu ritual suicida o corvo encontrou morto um humano e dos olhos deste fez teu alimento sorvendo assim suas ultimas visões e memórias. Porém frágil como era o que ele acabara de ver partiu-lhe a alma e o coração. Ver teu amado às escondidas tardes junto ao gato fez dos olhos escorrer o pranto e da alma escorrer as lástimas.

O gato esguio e lascivo fez questão de manter-se presente na vida do lobo até o dia de sua viagem para as terras sem céu. O lobo mui triste encarou e tentou afagar o pranto e o sofrimento do corvo. O gato esperto como tal, vivia de se encontrar com outras mulheres.

O lobo sofria pois o corvo sofria, então pelos ventos do acaso, o corvo se afastou.

O lobo deleitava-se na lábia do gato enquanto saudoso o coração tocava sua Aria cor de lágrima em lamento àquele que se afastou. Os ventos do acaso tornaram-se bons e trouxeram de volta pelos ares as plumas negras.

Recebido pelo lobo que o esperava anciosamente, este estava decidido a calar seu lamento. O lobo despediu-se do gato que agora o tratava como um reles desconhecido, afinal ele tinha o mundo em suas garras.

O tempo passou curto e o corvo ainda não convencido do amor do lobo pediu-lhe em silêncio uma prova. Então decidiu-se que o provaria seu amor matando os dragões gêmeos Trots e Angst. Um corpo, duas cabeças.

Numa noite negra de junho o lobo direcionou-se para o covil dos dragões, uma caverna em forma de caveira. O selvagem preparou-se, vestiu-se em vermelho, qual acreditava trazer boa sorte e também afirmava ser a cor do sangue, do coração, do fogo e do amor. E como dizia, não haveria outro motivo além do amor que batia-lhe no peito para poder criar tal coragem e enfrentar tais temidas bestas.

Angst irmão gêmeo de Trots era forte e assustador, tinha o poder de paralizar os seres e dar-lhes alucinações, enquanto robusto, Trots podia petrificar até a morte suas pobres e infortunadas vítimas, transformando-as em metálicos monumentos fósseos. Amarduras já mortas.

O canideo subiu a montanha e adentrou a caverna sendo surpreendido por Angst, e aos poucos foi paralizando. Porém o soar da voz do amado em sua mente o fez recordar da promessa e antes que perdesse totalmente o controle, com o fulgor de um golpe fulminante abateu Angst, arrancando-lhe de uma vez sua cabeça, denprendendo-a do corpo. Porém ele já avia sido ferido por Angst, e os ferimentos doiam e sangravam. Trots ao ver seu irmão morrer é consumido por uma cólera inesplicavel usando contra o lobo que anda regojizava sua primeira vitória teu temido poder. O corpo ardia e adormecia enquanto tudo escurecia em sua volta. Ele iria morrer. Sem conseguir um movimento digno empunhou sua espada, mas de nada isso o adiantou.

O corvo com a imensa preocupação abatendo-lhe o seio decidiu ir atrás do lobo, e vendo-o petrificando-se foi tomado por uma fúria. Um grasnar cortou o céu e um punhal cortou veloz a garganta do dragão. O petrificador caiu morto, porém o feitiço já havia sido feito. O lobo estava morrendo.

Sabendo que seriam suas últimas forças este falou à ave que rasga a noite uma vez mais.

“Então, consegui provar a ti o meu amor?”

O corvo estremeceu. Aproximou-se do lobo tocando-lhe o já marmoreo rosto, acalentou-le um beijo nos lábios rijos e confirmou.

“Sim, tu provaste a mim teu amor...”

Uma lágrima caiu dos olhos do lobo e ele suspirou: “Eu te amo”. Logo em seguida morreu, olhando fixa e paradoxalmente para o crovo. O corvo, a ave dos mortos passou a velar o leito de teu amado até o fim de teus dias, quando finalmente pôde se juntar à ele na eternidade.

(Rafaela Duccini - 3/6/2008)

R Duccini
Enviado por R Duccini em 13/07/2008
Reeditado em 14/07/2008
Código do texto: T1078649
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