UM CENTAURO NA AMAZÔNIA

(Fantasia)


Ao amigo Corrado Cuccoro, Professor de Grego antigo e de outras disciplinas do Liceu Paolo Sarpi, de Bergamo, Itália, o meu eterno agradecimento pelas frases em grego que são faladas neste conto. 

(Hull de La Fuente)


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As sombras da noite começavam cobrir a entrada da gruta há muito abandonada pelos garimpeiros de cassiterita. Lá dentro, Kalibe, o jovem índio yanomami, invocava os utupês, espíritos de seres mitológicos e os yaroripês, espíritos dos ancestrais humanos e animais.
 
O canto e a dança eram tristes. Ele realizava a cerimônia de sepultamento dos pais, mortos por garimpeiros, naquela tarde. Acontecera tudo rapidamente.
 
Os três haviam saído pra colher ervas com as quais fariam o pó yãkoana, alucinógeno, usado na iniciação dos novos xamãs.
 
Kalibe escapara da tragédia, graças à proteção do seu rixi, o espírito da pequena onça Yuí, que lhe aparecera por entre as folhagens da mata fechada. Kalibe se deteve para saber o que o rixi queria dizer.
 
Na cultura yanomami todos os integrantes elegem um bicho de estimação como espírito protetor, um rixi. Esse pode ser um animal doméstico ou, como no caso de Kalibe, uma onça, criada por sua família desde o nascimento até o dia em que foi morta, picada por uma cobra, enquanto dormia.

Sua mãe, Yatobi, e o pai Wauaré, prosseguiram a caminhada, mas logo adiante foram surpreendidos por um grupo de garimpeiros, fortemente armados. Kalibe ouviu os tiros de metralhadora, os gritos dos pais e as risadas dos homens brancos, após matá-los.
 
O espírito da pequena onça o reteve até que os homens se distanciaram do local do crime. O jovem xamã era hábil no manejo do arco e da flecha, mas de que adiantava sua valentia contra metralhadoras? Seria uma presa fácil para os malvados homens.
 
O Sol moveu-se por...


Continua... 
Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 04/09/2008
Reeditado em 04/09/2008
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