UM CENTAURO NA AMAZÔNIA

                                           (Hull de La Fuente)


Cap. IV




–Eu sou Kalibe, meus pais e eu somos xapiri thépé (pessoas espíritos) da nação Yanomami, é nosso dever zelar pela saúde e a segurança da nossa gente. E eu não estou nu. Vê este cordão em volta da minha cintura? E esta parte que sai da cintura e levanta a ponta de minha genitália para cima? É assim que nos vestimos. Se o cordão arrebenta, aí sim, então temos que nos agachar para amarrá-lo de novo. É muito vergonhoso deixar que outros vejam a ponta da genitália para baixo.

– A civilização da Terra mudou muito. – disse o centauro surpreso – Não é essa a história que os antigos nos contam. O povo era bem diferente. 

_Mas você também está nu, jovem homem-cavalo... Você não usa os panos que os garimpeiros usam... E a sua genitália não está amarrada para cima.

_Você tem razão, pela ótica do homem comum, eu estou nu. Minha “roupa” se resume às alças do alforje com as flechas que carrego comigo. Você já ouviu falar da Tessália?

– Não! Não sei o que é Tessália. Mas espero que não seja coisa de garimpeiro. Por que você é um pouco homem e um pouco cavalo? Você foi amaldiçoado por um xamã, ruim?

O centauro ajeitou o arco e o alforje de flechas nos ombros e rindo, respondeu:

_Eu não sou amaldiçoado. Eu sou um semideus. Eu e mais três da minha espécie fomos enviados para uma galáxia muito distante do nosso planeta de origem, mas durante a viagem alguma coisa me desviou da rota. E agora estou aqui falando com você... Ah! E Tessália era a região da terra, na Grécia, onde viveram os centauros como eu.

O índio ouviu a explicação e prosseguiu:

_Eu pedi ajuda aos deuses, mas não pensei que eles mandassem um homem-cavalo para ajudar-me, aliás, eu nem sabia que existiam criaturas iguais a você... É a primeira vez que os deuses respondem assim... Você tem nome? 


Continua...
Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 08/09/2008
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