UM CENTAURO NA AMAZÔNIA
                                    (Hull de La Fuente)



Cap. XI



era a de estabelecer um contato igualitário, ou menos conflitante, entre povos de culturas totalmente diferentes, no caso, primitivos índios e brancos gananciosos. A cultura do centauro podia perfeitamente ser compreendida pelas nações indígenas porque é intrínseca à sensibilidade ancestral da própria mitologia.

Para o índio Kalibe se apresentava uma ocasião de comunicação. Ele poderia interagir com o branco mantendo seu orgulho, fazendo com que o branco respeitasse verdadeiramente sua cultura, seu território, sua vontade e por fim, a sua liberdade. Kalibe não seria apenas mais um índio no cenário verdejante da Amazônia. Ele seria um líder. A sobrevivência de muitas nações indígenas ia depender do trabalho que no futuro ele iria realizar junto aos órgãos tutelares dos silvícolas.

O Sol se punha no horizonte quando o centauro retornou à gruta onde deixara Kalibe.

Muito tempo havia transcorrido. Kirone viu a mudança do jovem. Ele se transformara num forte e alto guerreiro, fugindo ao padrão da raça, composta por indivíduos pequenos. Com um sorriso de aprovação o centauro recolheu a flecha da sabedoria e depois a flecha da vida de sobre o peito do índio. Kalibe despertou e pondo-se de pé, confessou:

_Acabo de sonhar coisas incríveis. Sinto-me capaz de lutar e dizer coisas que eu nunca imaginei. Eu me sinto mais alto e mais forte. Amigo homem-cavalo foi você quem me deu os sonhos? Você fez isto? Que lugar frio é este? Ou será que eu também estou morto?

_Não! Você não está morto. Você é a realização do sonho de seu pai Wauaré. Venha! Vou mostrar onde você está. – disse Kirone, levando-o na direção da saída da gruta – Vê esta neblina toda? Você está numa caverna no alto da montanha dos ventos. Os brancos, como diz você, chamam esta montanha de Pico da Neblina. Vou afastar as nuvens para que você veja a floresta. – o centauro soprou de leve e como por encanto, o vento e a neblina desapareceram. 

Das alturas, Kalibe contemplou o horizonte verde e ficou encantado com a beleza que se apresentava diante de seus olhos. Aquele era o seu habitat, o seu mundo. A floresta parecia lhe dar as boas vindas. O rapaz respirou profundamente, enchendo os pulmões com o ar que alcançava as alturas da caverna. 


Continua...
Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 19/09/2008
Código do texto: T1186976
Classificação de conteúdo: seguro