UM CENTAURO NA AMAZÔNIA 
                                           (Hull de La Fuente)



 Cap. XII




_Como você me trouxe aqui? – quis saber curioso e ao mesmo tempo corrigindo-se: – Que pergunta tola a minha, hoje, lá na gruta meu pai Wauaré, disse que você faria coisas por mim. É isto, você é um semideus. Naturalmente não foi nada complicado pra você transportar-me até aqui. – afirmou surpreso com a própria desenvoltura.

_Eu o trouxe nas minhas costas, esqueceu da minha outra metade? – Disse Kirone sorrindo – Você só errou numa coisa: passaram-se três anos desde aquele dia em que estivemos na gruta onde estão os restos de seus pais.
 
No meu tempo, os dias são diferentes do seu tempo. Você está agora com vinte e um anos. Descobri que a sua gente não conta o tempo de nascimento, mas é esta a sua idade. Guarde com você este dado.
 
Agora vamos sair daqui, mas antes eu tenho que lhe fazer uma recomendação: todo o conhecimento que eu transmiti a você não poderá ser desvirtuado. Você terá facilidade para falar línguas, para os estudos em geral. Você usará seu conhecimento apenas naquilo que for importante para a sobrevivência das nações indígenas. 

A cada nova situação você descobrirá maneiras de resolvê-las pacificamente. Eu vou deixá-lo próximo a uma aldeia Yanomami. Infelizmente você tinha razão no tocante ao seu grupo de origem. Ele foi totalmente dizimado no mesmo dia da morte dos seus pais. Nesse novo grupo você encontrará apoio, será reconhecido como um grande xamã. Sua gente o respeitará.. 

Junto ao novo grupo você conhecerá uma linda moça com quem se casará. Os dois irmãos dessa moça serão seus aliados nas lutas que terá pela frente. Aprenda a ouvir e a guardar com você as palavras ditas por seus interlocutores. Use sempre a razão acima de qualquer sentimento. Boa sorte, meu amigo da Terra.

_Eu agradeço a você, amigo homem-cavalo.

_Hoje eu partirei ao encontro da minha graciosa centauresa, Diana. Vou rever o meu amigo Hekite e sua noiva Ngune, cujos nomes na língua da nação Karib, quer dizer: “Bom” e “Lua”. Eu também aprendi muito entre a sua gente. – disse sorrindo – Eu viajei por várias aldeias. Conheci os costumes dos homens da mata, como diz você. Vi também muitas cidades e vilas. E para seu conhecimento, saiba que o homem civilizado não é menos primitivo do que a sua gente.

Kalibe viu-se de novo às margens do Rio Ericó, no Estado de 


Continua...

Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 20/09/2008
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