ELEIÇÃO DA BICHARADA

                                  (Fábula)


                          (Hull de La Fuente)


Cap. III



Durante o “banquete” de pimentas, nenhum dos candidatos podia soprar ou puxar ar pra dentro da boca e nem beber água, sob pena de ser desclassificado. Era uma prova difícil e ardida.

A onça Filomena não se deixou intimidar, era melhor comer pimenta do que ser acordada no melhor do sono, com as cutucadas dos macacos. Junto com ela concorria o próprio macaco Juracy, pela quinta vez, candidato do PCO, Partido Contrário à Ordem.

A floresta foi avisada da preliminar de pimenta. A fauna inteira acorreu ao evento. Afinal, pimenta na boca dos outros é refresco. Ninguém queria perder o ardente espetáculo, por nada da floresta.

Foi instituída uma comissão para julgar quem seria o vencedor. E fiscais foram designados pra evitar tramóias.

Juracy e seus primos, sabendo da seriedade da onça Filomena, escritora renomada, membro da AFLB, Academia Florestal de Letras da Bicharada, e benemérita social, tinham certeza de que ela venceria. 

Então combinaram entre si, tumultuar o teste a fim de confundir os integrantes da referida comissão. A primeira providência deles foi saber quem fazia parte dela.

 

Quando os macacos tiveram em mãos a lista com os nomes, deram piruetas pelos galhos, soltando gritos de alegria. Não ia ser difícil negociar com aqueles animais.

E assim, com um malote de dinheiro retirado dos cofres da Câmara, na calada da noite, se dirigiram ao um dos hotéis cinco estrelas da Floresta. E a negociata prevaleceu ali. Entre uma rodada e outra de uísque, cerveja e fêmeas vendáveis.

 

Não foi difícil para os macacos. Começaram pelo presidente da comissão, o bode Josué, famoso pelo bafo de pinga e alho. Ninguém suportava ficar muito tempo perto dele por causa do cheiro. 


Continua...

Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 25/09/2008
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