ELEIÇÃO DA BICHARADA

                             (Fábula)


                    (Hull de La Fuente)



Cap. IV



Contava-se na floresta, que seu fedor vinha desde a infância. Sua mãe tinha o hábito de passar alho nas tetas antes de amamentá-lo. Ela fazia isto porque o bode era um fujão. Ele fugia para roubar coisas nas fazendas próximas, deixando-a preocupada, pois os fazendeiros poderiam dar um tiro nele. Felizmente, com o cheiro que dele exalava ela podia encontrá-lo até no escuro.

Além do mau cheiro, o bode Josué era o rei dos corruptos. O que, na opinião da onça Filomena, completava seu caráter de chifrudo.

O segundo integrante era Mané Furafura, o tatu canastra. Um beberrão e pertencente a numerosa família de tatus-sem-terra. 

Sabia-se que o avô de Mané Furafura tinha um pedaço de terra, mas não trabalhara nela: por preguiça, a família preferia comer a terra do jeito que estava. Improdutiva.

 

Os tatus sem-terra, além de predadores do solo eram dados à prática de terrorismo em propriedades da região e também nos laboratórios das faculdades. O macaco Juracy sabia que eles vendiam a alma por dinheiro, Foi fácil comprá-los.

O terceiro integrante era o tamanduá José Disseram, ex-deputado florestal, do PT (Partido do Tamanduá) Sua grande contribuição, quando deputado, foi a criação da L.E.P. - Lei de Engarrafamento do Pum.

 

Por essa lei, os moradores da floresta eram obrigados a engarrafar os puns, que depois, em dia de reunião no plenário, eram desengarrafados na entrada do edíficio. Isto abreviava a já tão curta permanência dos deputados e senadores, no plenário.

Conta-se que quando a referida lei foi sancionada, houve uma grande manifestação no congresso florestal.
 
Os políticos haviam encomendado a composição de um hino sobre a L.E.P. Um concurso foi aberto e quem o venceu foi a primeira dama da floresta, a jabota Berenice Eduarda, mulher de Tonhão. 

Além de compor o primor de hino, ela venceu a licitação para confecção de camisetas, sobre a Lei do Pum,  tudo dentro da mais perfeita corrupção.

 

Os puns engarrafados eram soltos também na floresta, em dias de redemoinhos. A fedentina tinha por fim afugentar os mosquitos, cujo sindicato já estava em passeata pela floresta, protestanto contra o que eles chamavam de "Lei de Exterminio da População". Pois  muitos animais não resistiam à catinga. Alguns preferiam enfiar a cara na areia, outros buscavam refúgio em outras florestas.


Continua...

Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 26/09/2008
Reeditado em 26/09/2008
Código do texto: T1197772
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