Assim era feita a profilaxia dos mosquitos na república da floresta. Mas alguns cientistas diziam que aquele fumacê fedorento era inócuo aos mosquitos. Só era eficiente no plenário, pois afugentava os políticos de lá, daí o interesse deles na tal lei.

O tamanduá José Disseram, além de corrupto tinha fama de violento. Contra ele havia um processo movido por sua ex-companheira, por agressão física.

Contava-se também que ele mantinha um caso com a anta Jacobina com quem estava formando uma nova espécie de animais abestados, corruptos e pouco inteligentes.
 
Foi fácil comprar José Disseram.  E assim os macacos liderados por Juracy, concluiram a "operação pimenta", como foi chamada a missão.

O quarto e último integrante era um velho tigre banguela, eu disse banguela e não Bengala.  Ele era o mais antigo refugiado da Floresta, fugido de um circo italiano.

Quando fugiu pra floresta. fez carreira política. Era inteligente e considerado o mais sabido entre os políticos florestais. Agora na velhice alcançara o posto de presidente do conselho de anciões. Era o sábio conselheiro da floresta. Ninguém fazia nada sem antes consultá-lo. Luigi era o seu nome.

Luigi havia sido casado com uma jaguatirica espevitada, que depois o abandonou por um domador argentino, um tremendo gigolô.
 
Do casamento com a jaguatirica tivera dois filhos esquisitos. Um ser gordo de óculos, que comia feijão o dia inteiro. Um outro ser magricela que pintava os cabelos de amarelo e tocava rock pauleira de mau gosto, nos festivais da floresta.

O tigre tinha um problema, porém. Ele era o maior colaborador da LEP - Lei de Engarrafamento do Pum. Sua flatulência era conhecida além da floresta. Ao mesmo tempo em que os animais buscavam aconselhamento com ele, expiavam seus pecados, pois cada vez que ele movia a perna o ar ficava irrespirável.

Os macacos nem convidaram o tigre para o encontro, pois concluíram que Luigi, apesar de honesto, não seria problema durante a prova. Sabia-se que o velho tigre dormia quase o tempo todo, mesmo rodeado de barulho.

No dia da prova, na hora combinada, o esperto Juracy e seus primos se posicionaram em volta de uma das bacias com pimentas. 

Mas o cerimonial do Tribunal Eleitoral Florestal fez questão que antes fosse executado e cantado o Hino da L.E.P.

A cabra Babete foi a intérprete do hino que se segue:

Que esta lei poderosa

Da floresta abençoada

Não tenha cheiro de rosa

Como as leis indesejadas.

Aos varões desta floresta

Sugiro comer repolho

Que preparo sem modéstia,

Com um excelente molho.

Caminhemos nesta marcha

Evitemos as picadas

Essa lei ou vai ou racha

Guardem os puns bicharada.

Sob um céu azul de anil

A floresta verdejante

Vai ver o que nunca viu

Como o sono do gigante.

Estribilho:

Guardem os puns, puns, puns!

Que a lei é benfazeja

Comam ovos de anuns

E bebam muita cerveja.

Continua...