AMOR E ESPERANÇA.

Aquela praça era o ponto de encontro dos jovens que saíam do colégio onde estudavam - localizada logo ali em frente - assim como, para casais, que embora não estudassem ali, marcavam encontros para aquele local, por ser um espaço agradável, de onde se tinha uma vista esplendorosa do entardecer.

Era final de tarde, quando o sol já desaparecia no céu. Caía o crepúsculo, cores vibrantes para dar os últimos retoques da luminosidade solar e, anunciar que a noite logo chegaria.

Um desses casais que sempre buscavam aquela praça era dois jovens apaixonados chamados Amor e Esperança. Já haviam estudado no colégio em frente, há algum tempo atrás, e adoravam aquela praça. Sempre que podiam, marcavam encontro naquele lugar.

Ali, na praça, sempre que tinham oportunidade, estavam Amor e Esperança, iam observar aquele belíssimo e espetacular pôr-do-sol. Um casal de jovens enamorados, que tinham muito em comum: amavam a natureza e, de alguma forma, também se amavam. Não era o calor do sol que estava a aquecê-los, mas o calor de seus corpos que queimavam pela manifestação do desejo, quando ali se abraçavam e se beijavam avidamente.

Amor era um jovem muito entusiasmado, cheio de vigor, apaixonado pela vida, que cultuava sua própria beleza e fazia jus ao seu nome: tinha muitos amores e um olhar fascinante! E assim era impossível não adicionar a sua beleza física o seu olhar: uma mistura para conquistar inúmeros corações.

Esperança sempre fora uma suave garota, muito equilibrada, paciente, discreta, interessante por sua postura elegante, cabelos e olhos cor de ébano que contrastava com sua pele clara. Bonita, talvez! Tinha uma verdadeira adoração por Amor. Sempre tivera, desde tempos longínquos. Viveram anos em cidades diferentes, porém com um sentimento adormecido. Reencontraram-se por mero acaso e se envolveram num misto de amizade e amor.

Na esperança de viver um amor verdadeiro, pois já tivera inúmeras desilusões, Esperança aceitou os galanteios de Amor e se deixou encantar por ele. Daí para a paixão foi rápido. Perdidamente apaixonada, vislumbrava compartilhar aquele sentimento com Amor.

Ela só tinha olhos para Amor. Era fiel a este amor. Faria qualquer coisa para preservá-lo. Já Amor era diferente, não tinha um amor definido, gostava, vivia o momento e, no seguinte, já nutria por outra garota, semelhante querer.

Semeava a paixão por onde andava. E todas sorviam em pequenas doses o prazer que Amor lhes proporcionava e, assim, vivia feliz a sorrir. Seu coração era leviano o suficiente para sempre viver nova conquista, uma nova aventura...

Esperança já ultrapassava a barreira da paixão e agora amava com todo seu ser e, por tanto amar, fechava os olhos, preferia não enxergar, mesmo sendo doloroso para ela. Doava-se integralmente a este amor. Tudo o que mais queria era ver seu amado feliz e esperava pacientemente que um dia Amor tomasse uma decisão e amadurecesse. Passaram-se alguns anos... Tudo continuava igual.

Mas, naquela tarde, Esperança estava decidida, tantas vezes já o alertara que o relacionamento daquela forma não dava certo, não era ciúmes, mas acreditava que fosse até uma falta de consideração por sua pessoa e não podia viver a esperar uma mudança, sentia que Amor não tinha essa pretensão. Queria algo mais concreto, queria viver o amor com Amor, e, este se fazendo de dissimulado, sempre tinha uma saída e, declarava de vez em quando, seu amor por Esperança.

Ela não sentia firmeza, mais não insistiria, pois não sabia lidar com esse querer sôfrego e iria adquirir forças para distanciar-se de Amor e não mais procurá-lo. Nada falaria. Faria uma viagem, dando um tempo no relacionamento. E naquele lugar que tanto gostava, queria viver um fascinante momento ao lado de seu amado e emoldurá-lo para sempre em seu pensamento e em seu coração.

Escolheu aquela paisagem para testemunhar sua despedida silenciosa. Estiveram abraçados por um longo tempo, até que a noite chegou e era chegada a hora de retornar aos seus lares. Despediram-se com longos beijos e se foram.

Esperança quando se viu sozinha, chorou copiosamente. Aquela decisão lhe doía igual à morte. Mas já havia decidido. Não voltaria atrás, partiu... Alguns dias depois, Amor surpreso pela ausência de Esperança, foi a sua procura e mais uma vez foi surpreendido – não a encontrou. Ficou atônito! Naquele instante sentiu que a amava de verdade, que todo o resto era só brincadeira; doeu. Sentiu que havia deixado o amor de sua vida mais uma vez escapar...

Esperança, apesar de ser consciente dos obstáculos que os separava, agora mais do que nunca tinha certeza de seu amor por Amor e nutria a esperança de vivê-lo em algum tempo, talvez quando Amor estivesse mais amadurecido e consciente. Quem sabe, na próxima vida... Dizem: a esperança é a última que morre! Mas não a bela Esperança, que é perseverante, imortal e esse amor estava eternizado em sua vida.

Moral: Grande parte das pessoas é igual a Amor, só valoriza o amor após perdê-lo. Cultivemos o amor enquanto há tempo, é a essência da vida!

Jul/2008

Cellyme
Enviado por Cellyme em 26/10/2008
Reeditado em 02/11/2008
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