O Retorno do Dragão de Trevaterra - Parte IV

A Rainha estava decidida. Não choraria mais no escuro. Não viraria para o lado fingindo estar dormindo. E não maquiaria mais os hematomas. Ninguém, sendo Reis, Dragões ou bardos tinha o direito de fazer dela uma pessoa infeliz.

Sentia-se suja. E banhos com todos os óleos não adiantariam.

Sentia-se humilhada. E nem o ministro dos assuntos escolares ajudaria a sentir-se melhor.

Existem coisas que se pode entender e até mesmo perdoar. Mas aquilo não.

Ela chorava sentada em um puf, com muita dor. E se fosse apenas a dor física, estaria em paz. A dor era na alma. E naquele momento em que o Rei havia corrido à Rainha mãe apenas para dizer que havia se defendido de uma agressão que a Rainha não havia realizado, ela estava sozinha. Quando gritava, era a louca que os castelãos olhavam com pena no dia posterior, pois ele, ele sempre estava com um sorriso nos lábios. Mas ela tinha na alma o peso de não ter ninguém por perto. De não ter para onde fugir. E o medo. O medo de nunca mais ver os principezinhos.

Vendeu na semana posterior as jóias da coroa. Daria para atravessar as fronteiras. Vestiria seu manto preto e o Rei só daria falta dela e das crianças quando acordasse. Tinha vontade de dizer a todos para serem verdadeiros, e não negarem o que sentiam.

Certa vez conversou com uma menina que não tinha coragem de confessar seu amor pelo melhor amigo.

-Não deixe que nada destrua este sentimento que carregas dentro de ti. O máximo que ele fará é te dizer quer não te enxerga da mesma forma... ah... e nunca esqueça: não deixe que ninguém lhe diga nada sobre ele.

E acabou o aconselhamento alí, mas a vontade era de dizer "foi isto que não fiz... e hoje pago muito caro por isto.

Mas a decisão estava tomada. Acompanhava de perto o trabalho do ministro de assuntos relacionados à colheita. E seria para ele que pediria ajuda, pois tinham um acordo. Ela sabia que podia confiar nele, assim como ele sabia que podia confiar nela.

O Rei não voltava com os principezinhos, e isto a angustiava.

Porém, a decisão estava tomada. E logo não teria mais como voltar atrás.

E o Dragão nem sonhava com tal acontecimento. E algo dizia, dentro do coração da Rainha, que ele não queria sonhar.

Silêncio. Este seria seu maior aliado. Não para suas amas, nem para o ministro. Mas para o Rei...e para o Dragão. Era a única coisa que eles tinham em comum: o mesmo sentimento pela mesma mulher... aquela que guardava segredos.

Continuação de "O Retorno do Dragão de Trevaterra. Parte III".

Caroline Garcia Cruz
Enviado por Caroline Garcia Cruz em 05/03/2009
Reeditado em 28/12/2011
Código do texto: T1471462
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