Diálogo de Loucos ao Telefone

- Oi! Como vai?

- Tudo bem. E você?

- Aquele amigo, heim? Quem diria... tão novo!

- É... vai longe!

- Acho que vai não.

- É... também acho.

- Pois é. Mas não há com que se preocupar... o mundo ainda é quadrado...

- Ainda bem!

- Então... aquele... aquilo... aquela...

Os loucos se calam esperando o que falar. Nada. Silêncio total. Silêncio de loucos.

- Queria lhe ver. Semana que vem. Pode ser?

- Semana que vem vou viajar!

- É? E para onde?

- Não sei. O lugar fica entre o aqui, o ali e o acolá.

- E quando volta para eu poder te visitar?

- No dia que não sei quando... Ah! Lembrei o nome!!! Volto no dia tal.

- Tá bom!

- Então ficamos combinado assim...

- Aonde?

- Atrás do cemitério, depois da meia-noite, se estiver chovendo e o portão aberto.

- Combinado!

- Até!

Os loucos seguiram seus caminhos. Enquanto um pensava onde era o lugar o outro lembrava que esquecera de perguntar quando era o tal do dia tal.

Ficando o dito pelo não dito, como compete aos loucos, chegaram a seguinte conclusão:

- O que era mesmo que íamos falar? - Pensa o primeiro louco.

- Ah! Deixa prá lá. No cemitério a gente lembra...

- sorri o segundo louco.

Rose de Castro
Enviado por Rose de Castro em 24/05/2006
Código do texto: T162261