A GRANDE FESTA!

Numa aldeia do interior Alentejano, todos os anos no mês de Agosto, os habitantes recem de braços abertos os seus familiares mais chegados e todos os que ali se quiserem deslocar para assistirem aos tradicionais fetsejos em honra de Sto António e Nª Srª da Conceição.

Este ano, para não fugir à regra, houve garraiadas, quermesse, bailarico e a tão efusiva procissão acompanhada pela banda de música lá do concelho.

A certa altura da noite, quando decorriam as danças com um daqueles conjuntos musicais de meia tigela, eis que surge a surpresa.

Alguém invadiu o recinto e em altas vozes gritou:

_Alto e pára o baile!Que raio de música está para aí a tocar? Está o povo quase a dormir!

_Quem é você afinal, para nos vir interromper?_Perguntou o regente da orquestra que estava a actuar.

E prontamente o invasor retorquiu:

_Eu sou a concertina. Podem crer que a minha afinação é bem mais engraçada do que todo esse pandemónio junto.

Estando a ficar já chateado, o maestro solicitou apresença das forças policiais que de imediato a retiraram dali.

Esta ficou muito deprimida e pôs-se a vaguear pelas ruas da aldeia.

Numa suave lamúria com as suas teclas ela lá ia carpindo, até que,alguém que por ali passava, a ouviu e como curiosidade lhe perguntou:

_Então minha amiga, o que se está a passar consigo?

_Sabe, fui para alegrar as pessoas ali no recinto das festas e ninguém me quis escutar.Até a polícia me bateu.Mas...você quem é?

Aquela voz que parecia animadora, respondeu:

_Eu sou o adufe. E por mais que me batam, nunca me dói.E até gosto que o façam.

Foi então, que de repente a concertina teve a ideia de se juntarem os dois e fazerem outra tentativa no recinto.

Assim que lá chegaram, os policiais e o maetsro, de novo os puseram a andar dali para fora.

Porque seria que não gostavam deles, se pareciam ser tão familiares?

Desesperados, os dois da vida airada, continuaram a divagar e ao instalaram-se num café, foram encontrar aí sentados uns indivíduos que também não pareciam estar contentes.

_Quem sois?_Pergunatram os dois amigos descortejados.

Sim, porque já s epoderiam considerar assim, pois consolavam-se um ao outro.

_Somos os ferrinhos, mas estamos tristes.Estávamos à espera que aparecesse alguém para nos acompanhar.

_Isso já não é problema. Juntamo-nos os três e tocamos uma musiquinha.

E assim foi.

A certa altura, começou a juntar-se gente para os ouvir.Uns batiam palmas, mas outros assobiavam.Havia ali qualquer nota que não estava a soar convenientemente.

De novo viram-se a deambular por aquelas artérias e com pouca esperança de poderem ver aquele povo alegre, visto estar tudo murcho e até terem escutado comentários do género:

"Que porcaria de concerto"_ Vem uma pessoa para aqui perder tempo e isto não vale nad"

Estavam conversando quando, alguém de súbito surgiu na sua frente.

_Porque se estão a lamentar?_Questionou aquela voz, meia a tremer de frio, porque a noite estava fresca.

_estamos amgoados. Pensava que alguém neste mundo ainda dava a devida importância às coisas típicas do nosso país, mas estes valores estão-se a perder aos poucos._Disse o grupo dos três amigos.

_Quem vai mudar esse ambiente sou eu!_Manisfestou-se o acordeão, que foi quem acabara de chegar.

Agora os quatro, mais uma vez regressaram aos festejos e com um sorriso estampado no rosto, etses amigos viram uma luzinha ao fundo do túnel e apressaram-se a interromper o espectáculo e subirem para o palco.

_quietos, quem vai alegrar esta malta somos nós. Você não vê que já está aborrecendo as pessoas. _Disseram os quatro em únissono.

Alguém, que há bastante tempo se estava apercebendo do que se passava, escondido por detrás das árvores, juntou-se então a eles para também lhes dar uma palavrinhas de conforto e com eles fazer a festa.

Esse alguém, era nada mais nada menos do que a guitarra portuguesa.

Quis saber porque é que ainda existem pessoas tão egoístas e que só querem para elas, nem sequer dão uma hipótese aos outros, que também são seres humanos e transmitem sentimentos.Sim, porque a música transmite suavidade, mas principalmente muita animação._Disse a guitarra roçando as suas cordas, apresentando a ideia de gritar em altas vozes para que aparecessem mais companheiros e se junatssem a eles.

Depois d ereflectirem, todos concordaram.E viram assim surgir um novo amigo.

_Olá!_Saudou o novo companheiro._Eu sou o bandolim. O que pretendeis?

E todos relataram a missão que queriam levar a bom termo.

Foram-se então aproximando também, um agaita-de -foles que estava numa velhinha caixa, já cheia d epó e um triângulo que tinha os ossos já deformados de não ser usado.

Começaram a tocar melodias sem fim e que fizeram com que aquele povo inerte começasse a dançar pela noite fora e os levasse a comentar:

_"Isto sim, é a nossa música, a música para pular e alegrar os corações das gentes desta terra e deste país".

Numa pausa da actuação, o grupo manifestou-se radiante com tudo isso e comentou entre si:

_Como vêem meus amigos,a união faz a força e só com um soldado não se faz a guerra.Por isso vamos continuar!...

Renato Valadeiro

O Poeta Alentejano
Enviado por O Poeta Alentejano em 16/09/2009
Código do texto: T1813841
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