Conto de Natal

Olhos pequeninos, ressabiados... Aos poucos se jogam das sombras buscando luz... E assim descobrem-se vestimentas de um verde escuro, desbotadas em teus corpos, com gorros pontiagudos de mesma cor. Cabisbaixos, com barba rala e nariz alongado, sapatos que se dobram nas pontas, feitos de um pano estranho, que não permitem que façam barulho. Duendes. São duendes. Vários deles. A descerem pela chaminé, com pequeninos sacos em suas costas. Calmamente vão procurando espaço na singela casa. De súbito, os pequeninos param o seu caminhar. Os olhos ficam a contemplar algo em uma mesma direção. Por algum tempo, ficam assim, eternizados em algum tempo emudecido. Mas logo abrem um enorme sorriso. Finalmente encontraram-na. De grande porte, toda reluzente, com guirlandas douradas, bolas de diversas cores, carrinhos, caramelos e pequenos sinos que ao menor vento faziam barulho. E em seu topo, apoteótica, linda e enorme estrela, a irradiar tamanha luz para todos os lados, fazendo que a iluminação das velas ao redor, se tornasse coadjuvante daquele espetáculo. Linda arvore.

Ouve-se um barulho no cômodo ao lado. Algo grande na chaminé. Os duendes apreensivos esperam o fato se consolidar. Mas com certa naturalidade de estarem acostumados com tudo aquilo. Logo, um grande saco vermelho sai daquele buraco escuro, e junto dele um ser de maior porte tanto em altura quanto largura, se comparado com os que ali estavam presentes. Botas longas, de cor preta. Calça e casaco de tecido grosso de cor rubra. Grande cinto de cor escura e de fivela dourada, bem polida. E mais acima, longa barba branca como as nuvens, bochechas rosadas e olhos que expressam verdadeira e pura gratidão. Em sua cabeça, um gorro com sua ponta caída, da mesma cor que sua roupa.

Após algum tempo tirando a poeira que cobria seu corpo, levantou o rosto e seus olhos encontraram com os dos pequeninos. E como de costume a eles, prestou reverência e calmamente caminhou até o encontro destes. E quando se deparou com a enorme arvore a sua frente, seu rosto se tornou puro sorriso. E de sua boca, com voz rouca e forte, pronunciou: FELIZ NATAL!