Compondo um sonho Parte I...

Minhas únicas horas de lazer são: ler, escrever e compor. Já tive na vida outros prazeres: jogar futebol, beber socialmente e cantar. Hoje tenho: uma paixão e dois amores! A paixão um dia fora amor, mas como os sentimentos transmutam! Meus amores: são os filhos.

Na infância contava com a presença de mamãe. Sempre pronta a me defender. A ausência de papai, pouco notei. Vi os anos passarem ligeiro, às vezes esbarrando com alguma dificuldade. No entanto mãe as desviava, com habilidade.

Sempre fui um menino medroso. Hoje também não deixo de amedrontar com o desconhecido. Carreguei por vários anos os monstros no consciente e inconsciente. Meus demônios: Vovó e a solidão. Vovó por não morrer de amores por mim. E a solidão por me cercar a tempos.

Revendo meus papeis escritos, alguns pardos e amarelados pelos anos que foram escritos. Reli escritos que jurava serem poesias, entretanto são tão somente palavras riscadas em preto e branco. Meus sonhos futurísticos.

Os dias seguiram e minha mãe, se foi naquela manhã de primavera, outono, inverno ou verão. As lagrimas não me deixaram ver o tempo. Nem a estação do ano. Ate hoje ainda corro em direção aquele carro; tentando fazê-lo parar, na tentativa de convencê-la a ficar.

Seu calor, seu beijo antes de dormir. Algumas histórias que ela contava:

Era uma vez um morador de uma cidadezinha, lá do interior. Esquecida pelo progresso! Um dia toda água da região esgotou. E ele foi nomeado por todos os moradores da cidadela a ir à busca de água. Casado pai de um recém nascido, amava a esposa e o pequenino.

Tinha em seu quintal apenas uma galinha. Matou a ave e fez dela uma farofa. Levanto apenas à metade deixando a outra para sua companheira e partiu. No caminho encontrou dois ricos viajantes que também estavam a buscar a água.

Foram dias e noite de andanças, a guarnição dele acabou e nada de encontrar água. Um dos viajores que tinha ainda muito alimento lhe fala:

- Ora homem, eu vejo que tem fome. Dou-lhe um bocado de alimento se me deixar furar um de teus olhos. Relutante ele cede devido à fome. Mais noites de frio, mais dias de calor, passam e novamente a comida oferecida pelo viajor acaba.

E o outro não menos maquiavélico, do que o outro lhe faz o mesmo:

- Mato-lhe a fome, contudo seu outro olho é meu. O que acha?

Ante a fome ele se rendeu. Foi cegado pelos companheiros de viagem e abandonado a própria sorte. Vagando pelo deserto do sertão.

Cansado da viagem. O andarilho encosta-se a uma grande gameleira. E adormece. E tem a impressão de sonhar com alguém; nessa hora minha mãezinha falava meu nome para me impressionar!

- Valdison! Por que choras?

- Choro, por não encontrar água. Além do mais sucumbi à fome e me encontro cego. Faminto e com sede.

- E estas águas que caem dos seus olhos?

- São águas salgadas, que sacia só a sede da minha solidão!

- Então tenho uma proposta a lhe fazer.

- Mas como se não tenho mais o que oferecer?

- Um homem de coração bom tem sempre algo a oferecer.

- Qual é a proposta?

- Eu lhe devolvo a visão. Te ensino o caminho das águas. No entanto terás que passar por três provas na sua vida. Antes de voltar para sua cidade e levar água aos seus conterrâneos.

- Aceito.

- Primeiro. Pegue seu canivete; faça dois furos na gameleira e o liquido que sair dela esfregue nos olhos.

Assim ele fez e voltou a enxergar, contudo não viu ninguém a sua volta. Apenas ouviu outra vez a voz!

- Agora você segue em direção aqueles montes, que por detrás deles encontrará...

- Água? – agora era eu que na minha inocência infantil interrompia mamãe na sua narrativa.

- Não meu querido, a sua primeira das três provas!

- E a segunda quando virá?

- Logo após a primeira!

- E a última?

- Quando completar a segunda com êxito.

- Agora vá, e não se esqueça. Você será testado!...

Ele foi a caminho do sol, feliz por novamente ver as cores do mundo. Subiu morros e desceu serras. Encontrou um vilarejo. Poucas casas. Felizes moradores. Porém o prefeito da cidade estava com um grande problema. E ele se integrou dos fatos. Havia uma mina na cidade de diamantes. E os mineiros ficaram soterrados. E ficaram somente os velhos, as crianças e as mulheres. Não tinha um homem forte se quer para escavar e encontrar os mineiros.

Ele então se prontificou. Em ajudar pediu apenas um prato de comida, pois estava faminto. Saciado a fome ele empunhou uma picareta e ele cavou incessantemente por mais de sete dias e sete noites sem parar. Até que conseguiu alcançar os mineiros e os tira-los de dentro da velha mina. Para a surpresa de todos. Cada um dos cem mineiros sai de lá com quilos e mais quilos de diamantes. E cada um deles deu ao salvador uma pepita. Seu primeiro testa o do auxilio ao próximo foi concluído.

Voltou para sua terra, riquíssimo e com explosivos. Foi recebido com festa na sua região. Subiu até as barragens rochosas que impediam as nascentes das águas, armou as bombas e explodiu a Lages, soltando as águas.

O segundo teste como disse a voz, veio logo em seguida, o da partilha, e ele passou com louvor, dividiu as pepitas de diamantes em partes iguais com todos os habitantes de sua vila.

O terceiro teste também chegou. Um de seus companheiros de viagem. Não satisfeito com o pedaço de jóia. Quis mais e falou para ele:

- Vou matar um frango. Fazer dele uma farofa. Juntos eu e você faremos a mesma viagem e tu também farás comigo o que fizemos com você.

- Não posso...

- Pode sim e partimos amanha de manhãzinha.

Assim foi feito. O ambicioso copiou todos os seus passos. Atos e atitudes. Contra a vontade de Valdison é claro. Nessa hora da historia tava quase entregue a Morfeu! No entanto atento para ouvir o final.

Deixado por Valdison na mesma gameleira e com um canivete na mão. O ambicioso, cego, faminto, e sedento esperava a voz. E elas vieram, junto com as vozes ele sentiu as picadas nas pernas. Com medo e desesperado ele gritou:

- O que é isso?

- Quer nos ver?

- Sim é claro!

- Fure a gameleira e passe, o liquido que sair dela nos olhos e nos verá.

Ele fez e quando viu a sua volta uma porção de cramunhãonzinhos espetando as pernas morreu de susto...

E eu dormia sonhando com aquela historia, sendo o herói...

Continua...

valdison compositor
Enviado por valdison compositor em 19/02/2010
Código do texto: T2094761