Mirabela- O amargo sabor do destino - Continuação -

CAPITULO VII

E finalmente quatro anos se passaram. Apesar de várias tentativas de fuga de Mirabela,todas haviam sido em vão. Muitas coisas mudaram, foi tudo muito rápido, principalmente para Mirabela que teve que aprender muitas coisas.

Continuava estudando, revendo outras coisas para não cair no esquecimento.

Estava muito mudada, tanto fisica como psicologicamente. D.Vaggio conseguira transformá-la. Já não mais havia resquício algum da meiga e doce menina que um dia fôra.

Vivia irritada, transformara-se numa pessoa de 'pavio curto', por qualquer coisa era capaz de até sair no tapa, o que já fizera por varias vezes com algumas pessoas que a irritavam.

Suas saidas da mansão, quase sempre eram escoltadas por seguranças camuflados entre mulheres e até crianças.

A senhora Lázara e a senhora Albertina prosseguiam em frente com suas vidinhas medíocres, há tempos que não traziam aquele largo sorriso, também não destacavam nenhuma lágrima. A vida lhes ensinara a serem neutras, a suportar porém, a nunca a aceitar.

Fabricia por sua vez, continuava na mesma; lamentando todas as vezes em que tinha que tomar conta do bar de seus pais. Estava namorando um charlatão que se dizia rico, quando na verdade estava desempregado.

Já Santiago, ah! Santiago. Este casara-se com a jovem Lindamar. Tanto lhe atormentaram seus pais, que por pura pressão, acabou casando-se com a moça branquela. Ele também acreditava que esta fôsse talvez a melhor forma de esquecer a sua doce Mirabela, já que a considerava morta[ assim como todos daquela pequena cidade de Anistia].

Santiago procurava de alguma maneira ocultar um sentimento amargo, um sentimento de dor que só ele sabia existir dentro de sí.

Procurava disfarçar, as vezes sorrindo, as vezes cantando. Porém tudo soava falso, e ele por varias vezes sentira a estranha sensação de não está sendo sincero consigo mesmo, mas era assim que tinha que ser, se ainda quisesse continuar vivendo. Mas áquela altura, será que realmente viver valería a pena?!

E foi pensando desta forma que ele casou-se com Lindamar. Queria dar algum sentido a sua vida e mesmo que não fôsse para ser feliz, que fôsse para se sentir útil para alguém ou talvez fazer alguem feliz, já que Lindamar o amava e ele sabia muito bem disso.

Santiago, no fundo acreditava que a vida teria que continuar como um rio que segue o seu curso sem ter mais como retroceder. Foram dias, horas, meses e até anos, a espera de alguém que nunca vinha.

Foram lágrimas derramadas inutilmente, esperas infinitas. Noites em claro, dias de desesperos e tardes de esperanças. Por fim, suas forças foram fraquejando de uma forma tão insólita, que ele passou a acreditar que, casar-se com Lindamar seria a solução que estava lhe faltando.

Talvez com o passar do tempo pudesse amá-la. Quem sabe não nasceria um sentimento de amor por Lindamar em seu coração. Afinal, ela era uma moça boa e generosa, talvez conseguisse fazê-lo esquecer Mirabela.

Mas não! parece que todo aquele falso sentimento que tentava passar para enganar a sí mesmo, não estava surtindo muito efeito, pois, a tristeza aumentava a cada dia mais. Por muitas vezes se surpreendera com o rosto enssopado de lágrimas. Já não mais sorria.

A única forma de desfarçar tamanha tristeza era distrair-se com o trabalho, porém eram distrações com coisas burocráticas, que na realidade mais o aborreciam do que o distraiam.

E finalmente chegara o dia de D.Vaggio colocar o seu plano em ação. Ele queria que sua quadrilha fôsse chefiada por alguém que, além de bela seria uma mulher. Quem melhor que Mirabela poderia assumir aquele 'cargo'?!

O seu 'produto' finalmente estava pronto. E como ele mesmo costumava dizer : " O diamante já estava lapidado ", pronto para ser usado em exposições.

Seu investimento foi suntuoso, porém seu lucro deveria ser imenso. Aquela bela jóia que um dia foi uma doce ameixa estava pronta para entrar em ação e lhe dar os louros rendimentos. E ele chama Mirabela, colocará finalmente o seu plano em ação.