Mirabela - O amargo sabor do destino - Continuação -

Duas horas passadas. Mirabela corria, corria desesperadamente por caminhos que nem estava reconhecendo naquele momento.

Não recordava se já passara alí alguma vez, afinal foram quatro anos quase que isolada do mundo, e quando saía de casa era quase sempre na companhia de alguém.

Conseguira se safar dos criminosos, mas até quando? pensava ela! D.Vaggio não iría deixar isso barato. Iria atrás dela até no fim do mundo, e ela sabia muito bem disso.

Mas isso não importava no momento. O que ela na realidade queria era comunicar a todos´ aqueles a quem amava, o motivo do seu súbito desaparecimento e que fôra forçada a ficar por tanto tempo afastada de todos.

Mesmo que depois voltasse para aquele 'antro de perdição ' [ que era o convívio com D.Vaggio ] afinal, era esta mesma a intenção; comunicar o fato a todos e depois voltar ao convívio de D.Vaggio, porque afinal de contas a vida de sua querida avó corria risco.

O que Mirabela na realidade intencionava era enganar D.Vaggio, pois, ela deixaria a disposição de seus amigos e familiares, o que decidiriam contra ele. O que certamente o entregariam a policia.

E mesmo que não fizessem isso, por falta de provas, pelo menos não a julgariam.

De uma maneira triste e injusta, no fundo ela sentia-se um pouco satisfeita. Mesmo sabendo que compartilhara de uma ação criminosa, do que pode-se chamar de um crime perfeito, ironicamente sentia que era esperta, que mesmo sua habilidade tenha sido usada para o mal, sabia que não era a tola que a mãe sempre a julgara que fôsse.

Pela primeira vez na vida ela fizera algo em que se saiu bem, visto que tudo o quanto tinha feito em toda a sua vida até hoje, só haviam saído coisas erradas.

Já nem sabia por quanto tempo estava correndo. Até que avista um ônibus segue destino à cidade de Anistia. Ela sorrir satisfeita enquanto acena para este.

Uma hora mais tarde ela estava lá, bem em frente a casa da mãe e da avó. Elas haviam saído para a igreja. Ela discretamente bateu na porta por várias vezes, mas foi inútil. Saiu correndo desesperada em direção a casa de Santiago e no caminho á alguns metros dalí, vê a avó que vinha em sua cadeira sendo empurrada pela moça na qual D.Vaggio lhe dissera que era tratada por ela como uma neta.

A senhora Albertina vinha ao lado sorrindo muito. A moça ora acariciava os cabelos da senhora Lázara, ora a beijava.

Mirabela então fica escondida e tenta ouvir a conversa. A avó dizia:

- Sabe Ana! você é uma flor de menina.

- A senhora também é um amor vovó. Vocês duas são maravilhosas, são a mãe e a avó que nunca tive.

Mirabela observa que a senhora Albertina esbanjava elogíos, dizendo-a inteligente e esperta, o que nunca lhe dissera. Com ela eram apenas humilhações e ofensas.

Por um instante ela chora, lágrimas de mágoa e ódio. Não queria sentir aquele sentimento tão vil pela mãe, mas sentia. Já a avó, ela até compreendia, ou tentava compreender, precisava de alguém para ajudá-la, já que a senhora Albertina nem sempre estaria a disposição para sair com a mãe por aí.

O que ela não conseguia entender, era por quê em tão pouco tempo fôra esquecida. Mas, será que quatro anos era realmente pouco tempo para se esquecer a quem se ama?

Será que o verdadeiro amor tem um limite certo de tempo para cair no esquecimento?

greice
Enviado por greice em 31/10/2010
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