O Feiticeiro e o Dragão de Prata – Parte 3

Só depois que o jovem Morpheus explicou que não era realmente o grande mágico Morpheus que o rei procurava e sim filho dele, foi que Carlos realmente acreditou nele. Imediatamente o rei mandou hospedá-lo no castelo, e mais tarde, na durante o jantar, falou para Morpheus.

— Desculpe-me por não lhe oferecer um imenso banquete, mas o maldito dragão acabou com quase todo o estoque de comida do reino.

— Não se preocupe majestade, eu entendo perfeitamente o estado de seu reino, e se as coisas não estivessem realmente degradantes eu não teria vindo. — respondeu Morpheus.

Curioso, Arnold, que também estava à mesa com alguns outros cavaleiros, perguntou.

— Já que falou nisso, jovem Morpheus, onde estava, sendo que foi impossível encontra-lo?

Com um leve sorriso no rosto Morpheus respondeu.

— Só sou encontrado quando quero, mas respondendo a sua pergunta, estava vagando pelos reinos do oriente.

— E como ficou sabendo que estávamos à procura de seu pai?

— Até mesmo lá existem pessoas interesseiras. Mas quando ouvi boatos de que esse reino estava sendo atacado por um dragão prateado... fiquei curioso e vim averiguar.

Uma coisa que Morpheus não falou foi que esse foi só um dos motivos que o levaram até lá. A principal razão foi o fato de milhares de indivíduos estarem morrendo, porque mesmo não gostando de demostrar, ele odeia ver as pessoas sofrerem.

— Mas falando do dragão... — falou Willians, atraindo a atenção de todos — quando pretende enfrentá-lo?

— O mais breve possível. — respondeu Morpheus — Onde ele se encontra nesse momento?

— Dizem que ele está na parte leste do reino. Perto da aldeia de Matsmal, a uns trinta mil metros daqui.

— Então amanhã cedo irei encontra-lo e destruí-lo.

— E como, exatamente, pretende fazer isso? Se é que posso saber.

— O plano A é perfurar o coração da fera com minha espada. — ao falar isso, todos olharam para a espada que se encontrava amarrada nas costas de Morpheus. Depois Willians perguntou novamente.

— E se não der certo, qual é o plano B?

Morpheus pensou por um tempo e disse.

— Vou improvisar. — depois, voltando-se para o rei perguntou — Majestade, aquela estatua que estar na entrada do castelo é seu pai?

O rei ficou um pouco surpreso pela repentina mudança de assunto.

— Ah… não. É meu avô, o grande rei Carlos II. — respondeu o rei lembrando-se da estatua de cinco metros de comprimento que se encontrava na frente do castelo desde quando ele era pequeno. — foi feita em sua homenagem depois que ele conquistou o reino do sul.

Morpheus ficou pensativo por alguns minutos até que Zalish o interrompeu perguntando.

— Rapaz você tem uma bela espada, mas sabe usa-la? Digo… — agora ele falou zombeteiramente — como você tem a bruxaria a seu favor duvido que saiba lutar como um homem de verdade. — e ficou sorrindo descaradamente, mas todos os outros ficaram olhando para Morpheus, como se temessem que rapaz atacasse Zalish com algum feitiço.

‘Ele não falaria assim se não estivesse na presença do rei’ pensou Morpheus e retribuindo o sorriso disse.

— Se acha mesmo que não sei manejar uma espada, então porque não duela comigo, se o rei permitir é claro? Dou minha palavra de que não usarei magia.

O rei, curioso para ver as habilidades de esgrima do jovem mago, disse.

— Claro que permito que vocês duelem, mas sem mortes, por favor. — falou essa ultima parte olhando para Zalish, pois sabia que este, embora convencido, era um dos melhores guerreiros na arte da esgrima.

Imediatamente todos foram para o pátio e formaram um circulo em torno dos dois oponentes. Zalish pegou sua espada, era grande, cerca de um metro e vinte de comprimento por sete centímetros de espessura, mas sem muitos detalhes. Morpheus puxou a sua, não era tão grande quanto à de seu combatente, tinha um metro de comprimento por três centímetros de espessura, mas a principal diferença não se encontrava aí, e sim nos detalhes. Para começar no pomo da espada tinha um lindo rubi azul, muito raro e caro naquela região, o punho da espada era revestido de um coro preto e na lamina tinha uns símbolos greco-romanos. Uma verdadeira obra de arte.

Os dois ficaram em guarda para o combate e o rei deu o sinal para a luta começar. Zalish atacou rapidamente mirando na cabeça de Morpheus, mas este se defendeu com a mesma velocidade.

— Nada mal. — comentou Zalish zombando.

— Obrigado. — respondeu Morpheus no mesmo tom.

Zalish atacou novamente, Morpheus pulou para esquerda e contra-atacou, mas Zalish se esquivou, só que não tão rápido, ganhando um pequeno corte no braço. Zalish começou a ficar serio, pensando que a coisa não seria tão fácil quanto imaginava e quando viu o garoto abrir um sorriso pra ele, ficou irado. Cometeu o erro de atacar sem se concentrar, erro que Morpheus não perdoou, dando um golpe forte que fez a espada de Zalish voar longe. E este, com raiva pela humilhação que passou, pegou uma faca que sempre carrega na cintura e arremessou com toda a sua força no rosto do rapaz.

— Não. — gritou o cavaleiro Willians. Mas, com sua agilidade, Morpheus pegou a faca pela lamina e só não se machucou porque suas luvas, herdadas do pai, eram feitas de couro de dragão, o mais resistente e flexível que há.

— Como ousa Zalish? — berrou o rei — como se atreve a jogar sujo?

Zalish se ajoelhou e pediu desculpas ao rei pela sua desonra.

— Não é a mim que você deve pedir desculpas. — falou o rei — É a Morpheus, e se ele te perdoar, estará tudo bem.

Zalish olhou enraivecido para Morpheus, ‘como se já não fosse bastante humilhante perder para uma criança, ainda tenho que implorar por desculpas’ pensou.

— Não precisa. — todos se surpreenderam quando Morpheus disse isso — Foi o calor da batalha que fez Zalish agir assim.

Isso gerou um olhar desconfiado de Zalish para Morpheus. Então o rei disse.

— Pois bem. Já que quer assim. Agora vamos descansar, precisaremos de energia para amanhã. — com isso todos se retiraram para seus aposentos.

No dia seguinte, às cinco da manhã, Morpheus já estava pronto para sair. Encontrou o rei e os cavaleiros esperando por ele na entrada do castelo, ao lado da estatua do rei Carlos II.

— Olá jovem mago. — falou o rei — trouxe meus melhores cavaleiros para acompanha-lo nessa empreitada.

— Eu agradeço alteza, mas vou ter que dispensar a ajuda deles. — todos os guardas ficaram confusos com essa decisão.

— Então você pretende enfrentar o dragão sozinho?

— Não majestade, sozinho não. Se me permitir eu gostaria de levar seu avô comigo.

O rei ficou completamente atônito. Zalish gritou.

— Blasfêmia. Como ousa insultar o nome do grande rei que descansa em paz.

Morpheus, sem prestar atenção nos protestos de Zalish, foi até a estatua retirou as luvas de couro de dragão e fez um pequeno corte na mão esquerda, e com o dedo indicador da mão direita pegou o sangue que escoria e fez três símbolos nela.

α ∞ Ω

As letras gregas, alfa e ômega, e entre elas o símbolo do infinito. Esses três caracteres juntos simbolizam o poder infinito dos deuses. Depois de escrever os símbolos, Morpheus colocou as luvas de volta, encostou as duas mãos na estatua e sussurrou alguma coisa em grego antigo. Logo, uma luz esverdeada começou a brilhar em suas mãos, depois essa luz se espalhou por todo seu corpo e, por fim, pelo corpo da estatua. A luz era tão intensa que todos tiveram que fechar os olhos, quando abriram não encontraram mais Morpheus e, fora isso, nada havia mudado. Passaram um tempo olhando para um lado e para o outro tentando achar o mago desaparecido até que ouviram um chamado.

— Aqui encima. — todos olharam para cima e encontraram Morpheus sentado no ombro da estatua gigante. Zalish disse.

— Foi um belo truque, mas totalmente inútil e sem…

— Podemos ir agora. — interrompeu Morpheus.

— Primeiro disse que não precisava da gente agora quer nos dar ordens. — disparou Zalish

O jovem feiticeiro olhou para ele lá de cima e disse.

— Eu não estava falando com vocês.

Ao fim da frase um pequeno tremor percorreu a terra. E quando os cavaleiros perceberam o pé direito da estatua havia se desprendido da pedra que estava e se ergueu. Quando o pé desceu causou outro tremor, só que dessa vez maior. E logo depois o outro pé se elevou, flutuou para frente alguns metros e também desceu causando um grande impacto. Os gestos foram se repetindo e a estatua já estava a uns vinte metros a frente do rei e dos cavaleiros.

Willians foi para perto do rei e boquiaberto gaguejou.

— Se… se… senhor a estatua de seu a… avô está…

— Andando — continuou o rei, que também estava muito pasmo — é… eu vi.

Continua…

Warverson
Enviado por Warverson em 12/02/2011
Reeditado em 15/09/2013
Código do texto: T2786867
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