Estranhamente Linda I

Kitty não era do tipo popular, ela era aquela menina excluída, que não se encaixava em grupo algum. Escondia-se em roupas estranhas (como ela) e seus cabelos não tinham cor e textura definidas. Suas pernas não eram nem grossas nem finas (as vestes largas não permitiam notar).

Naquela manhã de quinta-feira Margaret e suas amigas resolveram chamá-la para uma festa. "Elas querem tirar com a minha cara, eu sei, é isso que querem!" Kitty Estava correta.

- Ei Kitty-Kitty! Bom dia.

- Oi Marg! (não quero conversar!)

Marg olhou para as amigas, com cara de deboche, e assim fez.

- Suas roupas estão lindas hoje Kitty! – Olhou para as calças surradas e a camiseta branca até os quadris.

- Hum... (eu sei que não é verdade, sua vaca!)

- Amanhã eu vou dar uma festa, flor...

- Não, obrigada! – Kitty havia deixado Marg corada.

Kitty era observada. O nome dele era Yu – simplesmente Yu – sem mais ou menos. Yu era o garoto mais popular da escola. Kitty notou que era observada. Travou. Baixou o olhar – fazendo uma cara mais estranha do que a que já tinha – e continuou o caminho até sua primeira aula: Biologia.

Antes que pudesse seguir seu caminho alguém lhe jogou um pouco de refrigerante – bem, ela já estava acostumada. Vou me atrasar para a primeira aula, que merda! Kitty foi ao banheiro lavar-se.

Ao entrar na sala de aula estremeceu. Todos os lugares já estavam ocupados e o único vago era o lado de Yu, o que era realmente estranho. Sentou-se, corando sem deixar-se perceber.

Ao longe, muito ao longe, escutava-se a voz do professor gordinho falando: “AA é letal, Aa é amarelo!” Kitty estava totalmente fora, mal escutava. “aa é o que?”

- Preto! – Respondeu Kitty, de prontidão, enquanto abstraia.

- Nossa, eu jurava que você tava viajando!

- Na verdade eu tava. – Riu, sem virar o rosto para quem falava, esquecendo-se que falava com Yu.

- Seguinte, pessoas, juntem-se em duplas, quero um trabalho agora! – Falava em plenos pulmões Samuel – o professor.

- Ei, queres fazer comigo?

- Aham, tudo... – Virou-se e viu que falava com Yu – Melhor não... Né?!

- Agora me diz que você não ia dizer sim?

- Não, eu não ia dizer sim. (merda, eu ia dizer sim)

- Bom, sobramos. A menos que você queira fazer sozinha... Mas o Samuel não iria gostar.

Kitty não queria. Queria? Queria!

- Esse é Auguti. – Dizia Yu, teimosamente.

- Não, não é.

- Aposto como é!

- Não é! Você é teimoso demais. É Chinchila.

- Não, é Cc³.

- C¹c³. Você errou, é Chinchila! Admita que errou.

- Urgh, odeio coelhos mesmo. – Disse Yu, entre risos.

Kitty riu junto, estava sentindo-se bem ao lado daquele garoto até então desconhecido. Não pense nisso Kitty, não pense! Dizia para si mesma. Continuaram sentados juntos e conversando, embora já tivessem terminado o trabalho – em 7 minutos.

- Kitty, porque você não quer ir à festa da Marg?

- Ah, pelo que todos sabem: elas não gostam de mim, elas querem apenas brincar comigo. – Disse Kitty, entre um sorriso tenso.

Yu olhou para os lados, aproximou-se e disse em voz baixa:

- Eu não gosto delas. Dela principalmente.

Kitty espantou-se. Yu pode ver.

- É, eu sei... Era só brincadeira.

- Uma brincadeira longa... – Olhou-o de cenho cerrado.

- Dois meses e um único beijo. Você acha muito?

Bom, Kitty não acreditou. Despediu-se e deixou o número pensando que ele havia pedido para não ligar por engano.

Durante a ida para casa pensou em diversas coisas, em como estava diferente, pensou que esconder-se naquelas roupas era realmente correto. O arrependimento às vezes pulsava, mas naquele momento o arrependimento dissipava-se. Parou em uma sorveteria e comprou um pote de sorvete de chocolate.

O dia passou rapidamente, Kitty já colocava o pijama de ursinhos. Sentiu algo vibrar e estremeceu. Daquela vez o formigamento não era efeito da insônia. Eram duas horas da madrugada e seu celular vibrava compulsivamente.

(...)

#Texto adaptado para publicação.#

Aura Ksna
Enviado por Aura Ksna em 30/04/2011
Reeditado em 30/04/2011
Código do texto: T2941060
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.