Numa Folha Qualquer...

No alto de uma Paineira que ficava num parque, morava uma folha muito sonhadora.

Ela sonhava em ser uma folha de papel branquinha e limpinha para morar dentro do caderno d'um poeta qualquer!

Suas amigas viviam tirando sarro da sua cara, dizendo:

- E aí folha, já conseguiu ser folha? E ainda acrescentavam:

-Quem nasce pra ser folha, nunca será folha!

Davam risadas da pobre folha, mas ela não ligava

para as piadas das outras folhas!

Queria mesmo era ser folha de papel para ficar no meio do caderno, bem quentinha.

Queria que alguém escrevesse nela, poderia ser qualquer coisa, um bilhete, uma carta, um poema, endereço,

telefone ou até mesmo uma receita de bolo, para ela não importava,

desde que fosse escrita e guardada no meio do caderno,

ou dada para alguém lê-la e guardá-la!

Em uma bela noite, ela teve um sonho ruim...

Sonhou que morava em um caderno

d'um poeta que vivia sem inspiração!

Em seu pesadelo, o poeta abriu o caderno, colocou a caneta na primeira linha da folha ao lado dela e começou a escrever.

Escreveu três linhas, leu, mas não gostou dos versos, rabiscou tudo!

Desceu uma linha e se pôs a escrever e, novamente não gostou e, num ato de fúria, arrancou a folha e a amassou.

Não contente, ainda a picotou e a jogou no lixo!

A folha que sonhava ser folha de papel, entrou em pânico e exclamou consigo mesma:

- Nossa, ele vai escrever em mim, não vai gostar e vai me amassar, picar e depois me jogar fora!

De repente o poeta pega sua caneta e vai de encontro à folha que tremia e suava...

Ela, a folha, olha para o alto, vê o bico da caneta se aproximando, viu que o olhar do poeta era de fúria...

Ele queria porque queria fazer versos e, quando ele foi escrever, ela acordou aos gritos, despertando todos na copa da árvore!

Uma das folhas dali esbravejou:

- Que isso, você está ficando louca?Outra responde:

- Que nada! No mínimo ela deve ter sonhado que era uma folha,

só que uma folha de papel higiênico!

Todas cairam na risada!

A pobre folha ficou traumatizada com esse seu pesadelo, ficou pensando nos prós e nos contras de ser uma folha de papel,

mas no momento, havia em seu pensamento, muito mais contras que prós!

Então ela se lembrou que existia a reciclagem e novamente, exclamou consigo mesma:

- Nada estaria perdido se eu me tornasse uma folha de papel!

O tempo foi passando, o outono chegou arrancando flores e folhas das árvores e, suas amigas caiam já se despedindo dela.

Mas um dia um vento forte, acompanhado de uma frente fria que vinha do sul, a mesmo que já tinha passado pelo norte,

arrancou-a do topo daquela árvore que já estava toda nua.

Ela então saiu flutuando feito algodão de paineira e

foi cair em um pequeno lago que tinha nas redondezas do parque.

Ficou por lá dias e dias, sendo conduzida pelo vento que a levou para as margens!

Ela já tinha se conformado com a ideia de não ser uma folha de papel, quando de repente uma menina

se aproximou, cantarolando e pulando feliz!

A menina olha para a folha às margens do pequeno lago, a recolhe e diz:

- Nossa, que folha linda! Vou levá-la e usá-la como marcadora de páginas do meu diário!

Então a pequena menina, secou a folha em sua camiseta e a levou.

Chegando em sua casa, lavou-a com carinho e

a colocou no sol para secar!

A folha ficou novinha em folha e foi parar no meio do diário da menina!

Lá ela fez muitas amizades com as outras folhas, com as letras e com frases e poemas.

Toda noite elas faziam um recital, pois a menina copiava ali poemas de poetas famosos.

Cada folha recitava seu poema!

A folha vivia indo de página em página, já que fazia o papel de marcadora das mesmas.

Conheceu todo o diário! E assim, viveu por muito tempo sendo uma feliz folha, marcadora de páginas!

Fim

Nunca desista do seu sonho, seja ele qual for!

Pergentino Júnior
Enviado por Pergentino Júnior em 09/07/2011
Reeditado em 09/07/2011
Código do texto: T3084855
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