Madruska
Madruska
A aldeia ficava no meio de montanhas já velhas bem arredondadas.
O mar cercava tudo, era muito lindo de se ver principalmente a noite.
Digo a noite porque as estrelas apareciam e a lua iluminava o céu, o espetáculo era deslumbrante.
Acostumei-me a ver um céu tão lindo que penso que não existe outro igual.
As casas das aldeias eram distantes umas das outras.Não havia asfalto nenhum tudo era como a natureza havia colocado, e colocava ainda.
As maiorias das pessoas trabalhavam por conta própria, eram pequenos comerciante com quase tudo feito no próprio local.
O que mais eu gostava era do sorvete de nata e dos bolinhos da Madruska.
Já adulto agora resolvi pesquisar sobre a aldeia antes de tomar o meu rumo para outra cidade.
Era o meu sonho conhecer outros lugares, mas sempre me pego pensando será que existe um lugar tão lindo como este?
Não sei responder.
Comecei minha pesquisa sobre a Madruska.
Quem era? Como veio parar ali.
Tudo isto me intrigava desde pequeno quando comia os seus famosos bolinhos cheios de açúcar e canela.
Aproveitei que meu pai estava na parte de fora da casa, e sai para conversar com ele.
Queria saber sobre Madruska.
Bem o que sei é que ela veio bebe ainda para esta aldeia.
Dizem, não sei se é verdade que a encontraram numa cestinha no penhasco azul.
Foi criada por uma família e já com quase quinze anos ficou sozinha, eles faleceram.
Como não tinham filhos ela ficou com a casa e com tudo que era deles.
Não era muito, alguns animais e o que havia dentro da casa também.
Sempre ajudou muito na lida e eles a amavam muito como filha verdadeira.
Mas nunca souberam de onde ela veio?
Dizem que veio do mar.
Como? Do mar!
É, assim contam.Que ela teria sobrevivido a um naufrágio.
Pai, como se explica o fato de ela saber tanto de medicina?
Bem, o pai era como um farmacêutico da cidade, tinha muitos conhecimentos de ervas e era assim que cuidava de quem o procurasse.
Deve ter aprendido com ele.
Sempre cuidou de pessoas enfermas, levando apoio e os bolinhos que fazia tão bem.
Na verdade Madruska é um mistério até hoje.
Como uma menina conseguiu evoluir tanto em conhecimentos de medicina sem nunca ter saído da aldeia?
De um pai farmacêutico!
Fiquei muito cismado com a estória e resolvei continuar minha pesquisa.
Fui diretamente à casa de Madruska para sentir de perto seus conhecimentos.
Fui muito bem recebido pela idosa senhora já nos seus oitenta e cinco anos creio eu.
Não me perguntou nada e logo foi me servindo um chá muito bom por sinal.
Olhei ao redor e vi tudo muito bem organizado , muitos livros empilhados com páginas marcadas como se ela estivesse ainda em pesquisa.
Gosta de ler perguntei já meio sem graça.
Sim muito.Aprendi a ler muito cedo com meus pais.
Pensei , ela os amava muito.
Sim os amava muito mesmo.
Levei até um susto! Madruska lera meus pensamentos?
Ah, bobagem minha, pura coincidência.
-Não é coincidência não sei de sua curiosidade.
Quase cai da cadeira ao ouvi-la.
O que seu pai contou-lhe é verdade, cheguei do mar.
Vim com meus pais verdadeiros, e o navio muito carregado naufragou.
Meus pais se foram assim como o resto das pessoas, somente eu cheguei até aqui.
Vim de muito longe, de uma cidade bem no meio da Polônia.
Se consegui chegar é porque tinha uma missão a cumprir.
Fui criada aqui, aprendi muito sobre ervas que curam.
Todos estes livros eu os fui encontrando na beira do penhasco azul, o mar os trazia para mim.
Assim fui aprendendo e ajudando todos aqueles que precisam de ajuda.
Fiquei emocionado com sua narrativa!
Mas e seu nome, Madruska quem o deu?
Estava bordado em uma das peças de minha roupa.
Meus pais quando viram , conservaram pois assim quem sabe um dia alguém procuraria pela Madruska!
Fiquei ali sentado e pareceu-me que se passaram muitos anos...
Quando voltei a mim, ela estava sentada em sua cadeira perto da janela e repetia palavras que eu não entendia.
Era outro idioma?
Quando percebeu que eu a ouvia, voltou-se e me disse:
Não vá, fique aqui mesmo.
Escreva a historia da aldeia, sei que terá muitas surpresas.
Madruska é uma delas!
Agradeci a atenção e sai dali me sentindo mais leve.
É realmente não existia céu mais lindo do aquele e nem mistérios como Madruska!
Marlene B. Cerviglieri
16-03-06