Futuro

Haviam muitos dias, porém eles passaram rápido demais, agora o tempo vive a nutrir as ilusões de uma vida que consome tudo, e não digere nada.

Existiram outros dias que se fechava os olhos à noite, e via o tal sol sorrir pela manhã. Afinal aquele ser chamado humano sempre dizia que a luz matinal fazia bem pra pele. Depois vieram as horas para usar filtro solar. Lembra? “Use filtro solar, nunca deixe de usar filtro solar”.Agora, o bloqueador de raios UV, pode ser seu melhor amigo.

Bons tempos aqueles, que alguém tinha a capacidade de olhar nos olhos, hoje a amizade virou uma forma de nostalgia.

No passado ouvi ou li a seguinte frase: “Um dia eu acreditei em palavras” ,parece até um epitáfio, mas nesse instante nem as verdadeiras palavras existem.

Caro amigo, o futuro não tem sido muito belo, nossas poesias aqui não surtem mais efeito, todos estão mais frios e duros que um iceberg, e grande parte das calotas já desapareceram, aquela cidadezinha no litoral que sempre íamos já não existe mais, sempre me lembro daquela areia branca, daquela árvore onde você tocava violão.

Por aqui não se sabe mais o que fazer da vida, então todos trabalham vinte horas por dia, dormir virou coisa de seres fracassados, existe um grande acumulo de riqueza, mas não se vive para usufruí-la.

Confesso, que esta viajem tem acabado com todas as minhas esperanças, que deito e choro, não creio que o homem se tornou um pedaço de “algo”.

Agora só um abraço bastaria para esquecer esta loucura. Existe uma cultura que não tolera as relações pessoais, mas sim a individualidade na forma mais egoísta do individual. No passado, individualidade era apenas sinal de respeito com o próximo.

Meus inimigos querem me consumir, meus ombros doem, até questiono minha fragilidade, e minha falta de ódio, mas juro que nos meus “sonhos” piso no pescoço de cada uma dessas pessoas e arranco o coração delas, só consigo lembrar de todos que destruíram minha paz.

Perder minhas horas com quem não vale a pena? Afinal, nem sei se existe alguma coisa que valha a pena.

Penso que naqueles anos tudo já era tão superficial, mas no começo não se enxerga o principio do fim. Agora não há saída, é tudo triste, cinza escuro, gelado, amargo, uma tempestade constante de sentimentos sombrios.

Vi muita gente surtar, ir presa, existe uma ordem, um padrão, e quem foge deles deve "sair de circulação”. Sinceramente não converso com pessoas na rua.

Meu único dialogo tem sido contigo, minhas cartas são postadas em horas aleatórias, sou uma estrangeira,cuidado nunca é demais.

Esse é meu jogo favorito, criar cenários nazistas num século que se compra tecnologia a preço de banana.

Eu não acreditava nas pessoas, descobri a falsidade cedo demais, chorei demais, odiei nas horas erradas demais, até vivi demais de formas erradas. Mas com certeza faria tudo novamente, pra ter a chance de fazer melhor.

O tempo continua imponente, não para nunca, senhor velho enxuto, não dorme, não come, não viaja, nada, nada, nada. Seu maior prazer é sair a 300 km/h e não nos deixar fazer nada.

O homem se libertou, se alienou, se perdeu, se escondeu e desistiu ,agora está sempre conectado, a espera de um “deus” ou algum cataclismo que os acorde de uma vez por todas, mas que lhes dê também um sono com sonhos, com músicas, com pessoas felizes, afinal com vida.

Jaqueline Pereira
Enviado por Jaqueline Pereira em 02/01/2007
Reeditado em 10/04/2012
Código do texto: T334499
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