Eterna Discussão

Uma grande preocupação nos dias atuais era como o ser - humano iria sobreviver nestes tempos de egoísmo e consumismo e na cozinha da capela abobadada dois amigos discutiam tal tema.

Romualdo tinha uma voz dissonante, porejava muito devido a sua forma física não ser a ideal, muito boquirroto usava de mendacidade para impor seu ponto de vista.

Do outro lado estava Romildo mais centrado no que dizia e vaticinava sobre tudo que o rodeava, não gostava das palavras anátemas que seu amigo dizia, mas ainda assim procurava argumentar para lhe trazer a luz da sabedoria.

Naquele ínterim o governante daquela província, num momento de loucura neriana, resolveu praticar o esbulho de todas as igrejas, independentemente da fé, não havia outro motivo que não enricar a custa de algo que o povo já não acreditava mais e assim estrepitaram os sisudos soldados.

Ainda no calor da discussão os amigos nem perceberam a chegada da legião que abruptamente os derrubaram no chão, Romildo por ter porte físico esguio, soçobrou-se rapidamente e de relance viu seu pobre amigo gordo ser arrastado para fora do tinelo, deixando um rastro de sangue no piso.

Romildo correu sem rumo pelo bosque que ladeava a igreja rústica, ao fundo ouvia-se o som dos cães que rosnavam em busca de sua presa.

Tropeçou numa raiz atravessada na trilha e teve suas mãos e rosto arranhados que escorriam filetes de sangue vivo que atiçou mais ainda a ira dos cães.

Levantou-se e mancando, orou a Deus, mas este preferiu permanecer em silencio e por fim os cães o alcance lhe rasgando a carne, seus gritos de agonia ecoavam por toda a gélida floresta e não resistindo aos ferimentos teve o mesmo destino do seu amigo.

O desalmado governante tomou toda a riqueza das igrejas, provando que Deus não se interessava por assuntos humanos, porém muitos anos depois o rei já velho, caçava por aquelas mesmas terras, onde ficava a antiga igreja.

E quando preparava para abater um cervo, cães do inferno surgiram por dentro da mata e trucidaram o rei comendo toda a sua carne, após este evento se materializou duas áureas, eram os monges Romildo e Romualdo.

Eles continuavam a discutir se humanidade conseguiria sair daquela situação consumista e egocentrista.

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