Welcome to Las Vegas

Da primeira vez que eu estivera em Las Vegas, fui pelo deserto Mojave, em um carro confortável e com um guia tão atencioso que se tornou amigo.

Lembro-me da primeira visão que tive da cidade, de uma parte alta da estrada e de como ela me pareceu tão pequena.

Dessa vez, porém, ia de avião. Ele decolou fazendo uma curva sobre o mar. Deixar Los Angeles era muito difícil para mim e os olhos marejavam. Eu realmente queria ficar... Foi-me custoso deixar lá Neverland e todos os outros lugares que tinham a ver com meu amado Peter Pan e mesmo ele, a descansar no Forest Lawn Memorial, em Glendale.

Bobagem pura esta nostalgia. Ele estaria comigo onde quer que eu fosse, eu sabia disso. Pois quando se ama muito, com um amor assim tão grande e inexplicável, a pessoa amada funde sua alma à nossa e não há o que separe.

As montanhas com picos nevados anunciavam que Las Vegas estava bem pertinho.

Se eu não tinha mais como companhia o simpático Wilson nem a bela paisagem da estrada, agora no entanto, podia ver do alto um cenário totalmente diferente e perceber o quanto a cidade é grande. É, na verdade, a 58ª maior cidade dos E.U.A.

Foram apenas 45 minutos de vôo e lá estava eu, de volta, e agora ficaria junto de minhas três amigas.

Deu pra ver os belos telhados das casas, de tons uniformes, as quadras bem alinhadas, tudo muito bem organizado, me dando um outro plano da cidade que eu não tivera antes.

Passados alguns incidentes no aeroporto, pois viajei sozinha e eu sou meio desorientada mesmo, acabei por me encontrar com as amigas, dessa vez já no hotel, onde fomos muito bem recepcionadas.

A boa impressão do hotel, as instalações confortáveis, a vista da janela que dava de frente com o aeroporto foram primordiais para que eu pensasse que Las Vegas valeria a pena. Agora, era só tomar um banho, comer alguma coisa e sair pra conhecer a Disneylândia dos Adultos e entender porque Michael gostava tanto dessa cidade.

Fazia muito frio. Nos agasalhamos bem. Mesmo assim o vento era cortante.

Fomos ao Mandalay Bay para retirarmos os ingressos para o espetáculo Immortal Tour, do Cirque du Soleil e também para a Fan Fest, os eventos que nos trouxeram até Vegas. Fomos por um corredor imenso que liga o hotel onde estávamos hospedadas ao Mandalay. No caminho, passamos pelo shopping (cada hotel tem o seu, todos muito luxuosos, cheios de variedades e com preços convidativos). De repente, os corações dispararam fortemente!!!! Numa ótica vimos várias pinturas em telas com nada mais nada menos que o nosso amado Michael. Não deu outra... entramos, fomos muito bem atendidas e ainda tivemos permissão para fotografar todas as telas, além de ganharmos o prospecto promocional do artista plástico Joshuah William Johnson.

Nada mal para um início de conversa com a cidade.

O Mandalay Bay Hotel é lindíssimo. Andamos muito, pois cada hotel tem cerca de 1 km² , segundo me informara o Wilson, mas acho que ele estava enganado. A área deles deve ser bem maior e o que parece tão próximo na verdade não o é. Finalmente, encontramos as bilheterias da Immortal World Tour e, tudo resolvido, decidimos ir para o outro lado da Strip, a principal avenida da cidade, também conhecida como Las Vegas Boulevard.

Pensamos em usar o monorail como transporte, bem como as passarelas que ligam um hotel ao outro, mas depois descobrimos que a cidade foi concebida pra que as pessoas se percam mesmo e permaneçam o maior tempo dentro dos hoteis, consumindo e, principalmente apostando. Como resultado, andamos muito a pé e com isso, fotografamos muita coisa.

Apesar do frio, um mundo de encantamento se apresentava. Era já ao cair da tarde e a cidade se vestia de luzes e víamos com deslumbramento casas de espetáculos animadíssimas, hotéis luxuosos e megalomaníacos, lojas de grifes ultra-mega chiques e cenas impossíveis em qualquer outro lugar, como a Torre Eiffel ao lado da Estátua da Liberdade, bem ali pertinho do canal de Veneza. Todos os famosos cartões postais do mundo juntos na avenida Strip. E a perfeição com que as réplicas foram feitas era de cair o queixo. O Arco do Triunfo, no Paris Hotel ou a Pirâmide no Luxor? Qual dos dois monumentos era mais belo? Difícil responder, tudo era maravilhosamente desenhado como num conto de fadas.

E, para completar a nossa noite de encantamento, fomos conhecer as famosas fontes do Hotel Bellagio. Lá chegando, o espetáculo tinha acabado naquele instante. Que pena... Então, pensando que o próximo só seria dali a quinze minutos, resolvemos seguir em frente para ‘espantar o frio’. Mal começamos andar e as luzes se acenderam novamente, ouvimos um som inconfundível de baixo, um ritmo forte e compassado e as águas bailarinas começaram a dançar "Billie Jean"!!! Era simplesmente inacreditável. Turistas de várias nacionalidades paravam ou passavam dançando, cantando, sorrindo. Muitas crianças apareceram não sei de onde (numa cidade que nem é própria para elas) e um pequeno ajuntamento se formou, de todas as gentes misturadas, como se estivesse ali uma amostra de seus fãs. As águas e as luzes da fonte davam seu show à parte, como se estivessem no palco, tudo bem no estilo MJ, com grandiosidade e perfeccionismo. E cantamos, dançamos, rimos, filmamos e fotografamos. Os olhos emocionados não acreditavam no que viam. Olhávamos uma para a outra agradecidas pelo sonho que estávamos vivendo.

Para nós, era um grande presente de boas-vindas que a cidade nos dava.

E lá no céu, majestosa, brilhava a lua. Seu caminhante certamente estava lá, passos leves, flutuantes, a fazer seu “moonwalk”...