O Feiticeiro e o Dragão de Prata – Parte 5

Zalish, juntamente com os outros guardas, observava de longe o que acontecia na outra margem do lago. Aparentemente, Morpheus tinha dominado o dragão usando magia para restaurar o braço da estátua do grande rei Carlos II, fazendo com que ela agarrasse firmemente o pescoço da fera e, ainda com seus truques de mágica, conseguiu prender o rabo do monstro com uma imensa argola de pedra. “Esse garoto é fantástico” pensou o cavaleiro.

Mas quando a batalha parecia ganha, o inesperado aconteceu. O imenso animal conseguiu soltar a cauda e, com ela, atacou em cheio o gigante de pedra, transformando-o em pó. Quando o dragão se voltou para o mago, o fitou por um curto espaço de tempo, o que pareceu deixar o jovem Morpheus assustado, e depois o dragão atacou. Tudo o que Zalish conseguiu pensar foi: “Droga! Dessa ele não escapa.”

……

Morpheus viu aquelas presas gigantescas vindo em sua direção e soube na hora que seria seu fim caso ele fosse agarrado por aqueles dentes. Mas o nosso herói era mais preparado do que os outros imaginavam. Com um feitiço rápido de manipulação do elemento terra, ele fez o chão que estava sob seus pés se elevar na forma de um tronco de madeiro, ficando acima do golpe do dragão, a base do “tronco” foi atingido pelas mandíbulas poderosas.

Com sua incrível agilidade, e já completamente recuperado da surpresa, o jovem mago pulou ao lado do dragão e saiu correndo para o lago com o dragão em seu encalço.

— Não fuja bruxo maldito! — Morpheus escutou em sua mente. — Venha me enfrentar.

O feiticeiro ouviu o a fera puxando o ar pra dentro dos pulmões e logo em seguida veio uma cusparada de fogo em sua direção. Por sorte ele conseguiu mergulhar antes que as chamas o atingissem. O dragão sobrevoou o lago procurando o local onde o feiticeiro subiria para pegar o ar que necessitava para sobreviver.

Mas de repente vários tentáculos de água subiram e agarraram as patas do animal e puxaram-no para baixo. O dragão bateu as asas fortemente tentando se desvencilhar daquela armadilha, só que mais tentáculos surgiram e agarraram sua cauda e seu pescoço, tornando impossível a escapada do monstro. Alguns segundos depois a fera se choca nas aguas e é arrastado para as profundezas do lago.

……

Os cavaleiros não acreditaram quando viram o mago saindo do lago na margem próximo a eles. Animados, foram correndo tentar amparar o jovem, que estava exausto por causa da batalha, e apoiaram-no nos ombros e gritavam, felizes:

— Parabéns, você conseguiu! — Disse um.

— Você derrotou o dragão! — Comentou outro.

Zalish se aproximou meio sem jeito e disse envergonhado:

— Muito bem rapaz, eu lhe subestimei, você é um ótimo lutador.

Morpheus já estava entrando em estado de animação quando, de repente, ele escutou uma gargalhada assustadoramente familiar eu sua mente, que em seguida disse:

— Você teve mesmo a ingenuidade de acreditar que me mataria assim tão fácil?

Quando percebeu o que estava prestes a acontecer, o jovem feiticeiro só teve tempo de se jogar no chão arrastando com ele os cavaleiros que estavam do seu lado, antes que a fera saísse na mesma margem em que eles estavam e abocanhasse o exato local onde se encontravam antes. Mas, infelizmente, um dos nobres cavaleiros não teve a mesma sorte que os outros e foi estraçalhado pelos dentes potentes do dragão, tudo isso aconteceu tão rápido que ele nem teve tempo de saber o que o atingiu.

Morpheus ficou chocado ao ver o que sobrara do jovem rapaz, e este sentimento logo se transformou em fúria quando viu que o dragão estava fugindo e já se encontrava a alguns quilômetros de distancia. Ele olhou para Zalish e os outros e disse:

— Fiquem aqui! — A voz do feiticeiro foi tão seria que nenhum deles ousou questionar a ordem.

Morpheus começou a recitar uma cantiga em grego, pedindo a ajuda de Éolo, o deus supremo dos ventos. A ventania ficou tão forte ao redor do mago que ele começou a levitar, a sua velocidade foi aumentando a cada segundo e ele começou a perseguir o dragão.

Depois de alguns minutos ele já estava no encalço do monstro que, percebendo a aproximação do mago, virou-se abruptamente e lançou uma baforada de chamas. Ao ver o fogo vindo em sua direção, Morpheus parou no ar, mas fez os ventos continuarem e se confrontarem com o fogo, neutralizando o ataque.

Assim que as chamas se extinguiram, o dragão veio com toda a velocidade para cima do mago, a fim de estraçalha-lo com as afiadíssimas presas. Mas não teve êxito, pois seu alvo viu a investida a tempo e mergulhou, acelerado, para baixo e o monstro, insatisfeito, foi logo atrás.

Nesse momento eles estavam sobrevoando os rochedos e, ao perceber isso, Morpheus teve uma ideia. Ele voou mais rápido em direção as maiores rochas enquanto gritava para o dragão:

— Você é muito lerdo para uma fera voadora!

Com isso o monstro ficou mais furioso e voou ainda mais depressa, assim como o feiticeiro previu. Quando eles já estavam voando baixo, ao lado dos rochedos, Morpheus começou a mudar subitamente de direção com o objetivo de confundir o dragão, o que parece ter dado certo, pois a fera perdeu-o de vista por certo tempo:

— Apareça bruxo maldito! — esbravejou o dragão, parado no ar — Não se esconda seu medroso! — Ele estava tentando acha-lo pelo faro, mas de repente escutou:

— Estou aqui.

Quando o monstro se virou viu Morpheus encostado num rochedo com um paredão nas suas costas. “Imbecil, agora eu te pego!” Pensou o dragão enquanto voava rápido comum raio em direção ao mago, pronto para abocanha-lo. Quando suas presas atravessaram o jovem feiticeiro, foi que a fera percebeu a verdadeira intenção de seu alvo.

Assim que conseguiu abocanha-lo, o corpo do jovem se desfez em fumaça. O dragão, que estava em alta velocidade, se chocou com as rochas que estavam logo à frente. Logo a montanha veio abaixo, enterrando o corpo gigantesco do dragão. Pouco depois o verdadeiro Morpheus apareceu, ficou olhando para o estrago que causara por algum tempo e depois gritou:

— Apareça monstro, eu sei que está vivo! É preciso mais do que rochas para lhe matar!

Como se obedecendo a ordem do mago, o dragão se revelou, só que muito mais perto do que Morpheus desejava. Sem nenhuma cerimônia o monstro soltou mais uma baforada de chamas incandescentes. Mas Morpheus, com a mesma agilidade, sacou a espada e a arremessou com toda a sua força, ao mesmo tempo em que invocava um muro de rochas para lhe proteger, sem saber se daria tempo para escapar.

A espada atravessou o fogo intacta e cravou-se no céu-da-boca do dragão, que foi pego de surpresa com este golpe. Não acreditava que tinha sido derrotado, logo ele, um dos dragões mais fortes que já existira, um dos únicos dragões de prata que habitam o nosso mundo, fora vencido por um jovem mago que acabara de sair da adolescência.

Morpheus já havia se levantado e caminhado em direção ao dragão, viu este usar suas últimas forças para tirar a espada da boca e depois cair pesadamente no chão. Pensando que já tinha acabo o sofrimento da fera, o mago se aproximou para pegar sua espada, mas foi surpreendido quando o dragão virou a cabeça e o encarou, dizendo as suas últimas palavras, com a voz rouca, mas tenebrosa:

— Se acha que isso acaba assim, seu fedelho, saiba que está muito enganado. Essa foi só uma batalha… a guerra ainda está por vir. Você e sua espécie queimarão… e serão completamente extintos…

A última coisa que o grande Dragão de Prata viu foi o rosto de pavor do feiticeiro.

Fim

Baixe o conto completo em: —> http://migre.me/apieA

Warverson
Enviado por Warverson em 10/08/2012
Reeditado em 23/08/2012
Código do texto: T3823154
Classificação de conteúdo: seguro
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