SÉRIE SELENA A FEITICEIRA (1ª TEMPORADA) CAPÍTULO 3

—CAPÍTULO TRÊS—

De como me livrei de um anão de gesso e a minha lista do que consegui levitar durante a semana.

Fico a admirar o pôster do One The Direction. Como os amava!Ai, ai, ai, ai...

Câmbiooo. Terra chamando Selena. Vamos ao que realmente interessa? Tá. O treinamento.

O que levitarei agora?Há. Já sei! O anão de jardim que mamãe tanto ama. A janela do meu quarto dava para o jardim. Podia ver muito bem, aquele homenzinho de gorro vermelho e de bochechas rosadas a sorrir pra mim, empunhando sua pequenina picareta. De fato, aquele anão era muito realista. Parecia estar vivo. Odiava-o desde pequena, quando ia brincar lá, perto dá estufa onde mamãe cultivava suas orquídeas e azaléias. Parecia que sempre me encarava.

Uhu!Agora poderia se livrar dele. Não seria fácil retirar aquele anão feito de gesso, debaixo daquele grande cipestre. Na verdade não queria trazê-lo pra cá pro meu quarto. Queria era que ele se esbandalhasse no chão. Desfazendo-se em mil pedaços.

Seria um verdadeiro deleite, vê-lo ali, no chão totalmente irreconhecível, sem o seu sorrisinho medonho. Mais pra que isso acontecesse era preciso realizar o mesmo feitiço que utilizara com o vaso Ming. Bom, seria fácil. Uma brisa morna batia em meu rosto fazendo com que meus cabelos esvoaçassem. O sol descambava no horizonte, tingindo o céu com um alaranjado forte, marcante.

Olho o relógio em cima da penteadeira. Marcava 16:30.Não havia ninguém, àquela hora em casa.Mamãe havia ido a clube do chá das mulheres altruístas da sociedade paulistana. Papai estava no trabalho e só chegaria muito tarde lá, pela meia-noite. E Isaac estava na casa num daqueles de seus amigos.

Era o momento perfeito para um assassinato de um anão maldito. Hehehe.

Vamos lá. Let’s go.O primeiro passo seria eu pensar no objeto desejado.Visualizá-lo em minha mente. O segundo passo seria imaginá-lo levitando. O último e não tão menos, importante era deixá-lo cair no momento em que estivesse próximo a janela. Ah, este seria facílimo!

Fecho os olhos. Abstraia- mo. Não podia perceber a presença do mundo exterior. Tinha de sentir apenas a minha parte íntima. O meu mundo interior. Em poucos segundos, não via nada, não sentia nada, não escutava nada... Estava sozinha no vazio... Quando o talismã que segurava, começa a aquecer. Iniciava-se o mesmo processo dantes.

Era uma energia pura que encetava a penetrar meu corpo. Era muito prazeroso senti-la correr por minhas veias. Entupindo artérias e nervos. Podia a sentir, sendo jorrada pelo meu sangue, num fluxo rápido e arrebatador. Meu sangue a bombeava numa sede voraz.

Vamos, Selena, não se esqueça da imagem! Sim, não podia-me esquecer de visualizá-lo. Aquele anão de picareta na mão. Há!Rimou. Isso, agora o estava vendo. Agora bastava imaginar. Levitava. Subia centímetro por centímetro.

Abro os olhos para ver onde estava. Vinha na metade do caminho. Precisava subir só mais um pouco pra depois despencar. Fecho os olhos. Mais um pouco, mais um pouco... Abro-os novamente. Faltavam uns trinta centímetros. Bastava.

Paro de visualizar sua imagem. Dou um tchauzinho com a mão direita e deixo-o cair. CRÁÁÁSSS!!Espatifa-se. Uhu, ponto pra mim! Missão cumprida!!

Antes de fechar a janela, observo a lua cheia que iluminava os cacos do ‘ex-anão’ de jardim.Hehehe.

***

LISTA DE COISAS QUE CONSEGUI LEVITAR NO DECORRER DA SEMANA, LOGO APÓS A VISITA DE D. DULCE, NO DOMINGO:

SEGUNDA- FEIRA: Na segunda, levitei o meu gato, Nestor. Tinha pelugem laranja com algumas listras marrons. Nestor pertencia à mesma espécie daqueles felinos preguiçosos e acomodados. Um boa vida estilo Garfield. Vivia jogado pelos cantos da casa, espalhando suas bolas de pelos. Comia e dormia. E foi num destes momentos de sua sesta que decidi praticar levitação.

Estava dormindo em cima da poltrona preferida de papai, lá na biblioteca. E eu sorrateiramente adentrei no recinto sem que notasse e fiz que levitasse. O engraçado é que ele não percebera nada. Continuou a dormir.

Tive muito dó e o devolvi onde estava.

TERÇA- FEIRA: Bom, terça à tarde fiquei na biblioteca. E executei levitação duma maneira muito engraçada. Baseava-se no seguinte: tinha que retirar os livros das estantes e recolocá-los de volta em seus respectivos lugares. Contudo, os livros que eu retirava ficavam nas últimas prateleiras, quais alcançavam o teto.

No começo errava os lugares diversas vezes, mas com o passar do tempo já os guardava perfeitamente.

QUARTA- FEIRA: Quarta, fora um dia crítico, pois as ideias para pratica da levitação começaram a me faltar... Retirar e recolocar os livros em seus devidos lugares já não me satisfazia mais. Tornara-se uma tarefa fatigante e entediante. Queria algo novo, algo que realmente me desafiasse. O que faria se as ideias continuassem a fugir desta forma...?

Como havia dito quarta, fora um dia muito crítico. Não fui criativa o bastante para levitar nada.

QUINTA-FEIRA: Uhu! Na quinta, consegui espantar o estranho bloqueio de criatividade que havia se apossado de mim. Fora um dia realmente muito produtivo.

Na cozinha levitei alguns: talheres, copos, pratos, bandejas, panelas... Mais sem que ninguém visse, claro.

SEXTA- FEIRA: Já dominava bem a arte de levitar. Conseguia mover, pra lá e pra cá, objetos de porte médio sem nenhuma dificuldade. Os objetos de que me refiro, são os não muito pesados, como: mesa de centro, criado mudo, aparador, espelhos, cadeiras, mesas dentre outros mais.

Fiz tudo sem que ninguém notasse!Acho que tive um pouco de sorte, pois assim que ouvia os passos de alguém se aproximando, deixava os objetos flutuando lá no teto ou os deixava cair!

SÁBADO: No sábado, logo de manhã fomos à praia. O dia estava maravilhoso para mergulho!Coloquei o meu melhor biquíni, dei uma tostada no sol e depois mergulhei. E lógico fiquei com um garoto que ali, estava dando mole. Ele era muito lindo vocês precisavam ver!E beijava muito bem. Ai, ai, ai...

E o mais importante é que eu consegui levitar algumas coisas. Obviamente, quando estava sozinha.

Levitei: estrelas-do-mar, galhos secos, cocos... Porém o que marcou esse dia foi o resgate ao leão-marinho. O pobre animal de bigodes gigantescos grasnava desesperadamente. O sol escaldava. Isaac estava comigo (como sempre,quando queriam ficar sozinhos, papai e mamãe pediam pra eu ficar com Isaac.) e foi ele que apontou:

-- Lena que animal é aquele?—me pergunta.

-- Vá procurar alguém Sac! É uma foca. —digo e ele sai correndo.

Aproximo-me dela. Passo a mão sobre ele. Tinha uma pele lisa e escorregadia. Será que conseguiria removê-lo? Nunca havia tentado com um animal daquele tamanho. Concentrei-me. E utilizei todas as minhas energias. Meus olhos estavam fixos na pele brilhosa do animal marinho.

Consigo levitá-lo uns dois metros do chão. Ainda bem que não estávamos muito longe da água. Ando um pouco e...

TCHIIIBUUUUMMM !!!!

E a foca volta á seu habitat. Meu irmãozinho voltava com um salva-vidas.

-- Cadê a foca Lena?—me pergunta.

O salva-vidas olhava de Isaac pra mim, de mim pra Isaac. E repondo:

-- Quê foca? –pergunto pondo a mão na testa dele. — Melhor nós irmos, o sol deve está fritando os seus miolos...

Isaac ficou com a cara amarrada durante todo o percurso de volta pra casa. Hehehe. Ninguém podia saber de nada!

DOMINGO: No domingo fora um verdadeiro mix de tudo o que levitei durante toda essa semana. Exceto o resgate a foca. Acordei quando todos ainda dormiam e comecei a levitar as coisas. Fiquei treinando até meio-dia.

Havia, enfim, dominado a arte da levitação. Passei o resto do dia muito ansiosa. Queria que d.Dulce chegasse o quanto antes... Queria saber se passaria ou não pro segundo estágio...

CONTINUA...

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Raffael Petter
Enviado por Raffael Petter em 09/11/2012
Código do texto: T3976948
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