História de Pescador

HISTÓRIA DE PESCADOR:

‎sábado, ‎28‎ de ‎janeiro‎ de ‎2012, ‏‎16:30:32 | noreply@blogger.com (miro)

MAR GROSSO:

O vento batia forte nos molhes leste, o leão marinho e suas crias se espreguiçavam sobre as pedras alheio ao movimento dos pesqueiros a poucas milhas de distancia. Ali naquele lugar inóspito e quase deserto a calmaria era rara. Era um tempo de pesca farta tanto no alto mar como na orla daquela praia imensa que se estendia por vários quilômetros, era uma visão surpreendente, pois o bater do sol nas dunas brancas constratava-se com o verde do mar dando matizes dourados aquele verdadeiro mar de areia a perder-se no horizonte.

Minhas tardes de pescaria muitas vezes adentravam a noite, pois ali naquela quietude onde me sentia integrado a natureza meus pensamentos viajavam incessantemente por toda aquela vastidão, minhas fantasias criavam vida, pois o vento o mar a areia a bater no corpo desnudo, o sol causticante e aquele cheiro inconfundível de vida marinha a minha volta faziam com que eu me extasiasse e me sentisse pleno, parte daquilo tudo que sentia mais não podia explicar em palavras. Não sou religioso, mas naqueles momentos acreditava que um poder maior tinha criado todas aquelas belezas e ali manifestava sua pujança e no silencio barulhento da natureza ele falava comigo.

Sempre que podia voltava para o meu retiro natural, meu isolamento revigorava minhas energias. Mas naquele dia tudo iria ficar diferente.

Ao longe avistei aquele vulto que aos poucos crescia vindo em minha direção, a principio pensei em miragem como as que aparecem nos desertos, mas em alguns minutos vi que era a silhueta de uma mulher, magra, alta, com um rosto angelical que notei ao se aproximar, um sorriso a mostrar uma boca perolada, olhos negros, profundos como a profundeza do mar à frente; tive um arrepio não sei se de prazer ou de medo com tão misteriosa aparição.

Sem dizer uma palavra sentou-se ao meu lado e agarrou minha mão, por alguns minutos que para mim pareceu uma eternidade ela examinou as linhas do meu destino e olhando nos meus olhos com uma ternura que jamais houvera sentido falou.

És um homem de pouca fé, mas o coração compensa tua descrença, já vivestes longos anos e se não fizestes grandiosos feitos tens credito como pessoa tolerante e amiga dos amigos, nunca faltas a quem a Tí recorre nas horas difíceis. Sem poder responder, pois a minha voz não saia diante de tão surreal situação, limitei-me a observar e me deixar levar por aquele momento inesperado e surpreendente.

Após dizer estas poucas palavras ela levantou-se e seguiu pela orla da praia até perder-se de vista.

Eu ainda atônito peguei meus apetrechos de pesca e comecei a voltar para casa ensimesmado com aquela aparição. Só ao chegar a casa é que notei que aquela figura de mulher tinha os mesmos traços da figura de Iemanjá que já houvera visto em um quadro na casa de um pescador amigo meu.

valmirolino
Enviado por valmirolino em 11/02/2013
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