IV - A ILHA DO TERROR

Carlos não sabia como haviam ido parar naquele lugar, mas sentia que não era uma boa hora para se estar naquela ilha tão misteriosa e isolada. Percebeu que não se encontrava só, seus melhores amigos Nico e Jason também estavam ali.

Ele tinha uma vaga lembrança de estarem reunidos em frente à TV, jogando videogame, derrotando monstros mitológicos e gigantes numa ilha misteriosa e agora, para seu desprazer, tinha o pressentimento de que essa era a mesma ilha de seu jogo. De algum modo eles haviam sido tragados pelo jogo e agora estavam na Ilha do Terror!

Carlos aproximou-se de seus amigos, que pareciam mortos, mas percebeu que estavam apenas desacordados.

Nico, o mais novo, logo começou a chorar e Jason estava paralisado de horror, pois, como mais velho, sabia que se encontravam em perigo e precisavam se esconder, e rápido!

Ao observar melhor, Carlos podia notar a densa floresta e já ouvia ruidosos barulhos. Sentiu os cabelos se arrepiarem e teve um presságio de que não sairiam vivos daquele lugar.

Assim que os três conseguiram se recompor, se é que fosse possível, tamanho o medo estampado em cada rosto, Jason foi o primeiro a falar:

- Pessoal precisamos dar o fora daqui! E tem que ser rápido!

- Estamos perdidos – choramingou Nico – nem sabemos onde estamos...

Dessa vez foi Carlos a se manifestar:

- Caras! Não sei como é possível, mas acho que estamos dentro da Ilha do Terror! Olhem em volta: a mata fechada, os ruídos assustadores, tudo se encaixa... Jason tem razão temos que sair daqui! Tem que haver um jeito... – concluiu pensativo.

Mas Carlos já sabia a resposta e a julgar pelo olhar de Jason percebeu que este também sabia: teriam que atravessar a ilha, enfrentar todos os desafios, até chegarem ao mais temível e monstruoso gigante que montava guarda no último nível, para assim vencerem o jogo e ganharem a volta para casa.

Os três começaram a andar em silêncio. Ao longe avistaram o que parecia ser uma trilha, mal feita, mas por onde deveriam iniciar sua perigosa e mortal jornada.

Jason resolveu segui à frente, tendo Nico e Carlos atrás, sempre atentos a qualquer ruído, por menor que fosse.

Não andaram 10 minutos e encontraram uma clareira. Tudo parecia tranquilo, a não ser pelos apavorantes ogros, com quase 3 metros de altura, que andavam, parecendo farejar algo.

Claro que não demorou a sentirem a presença dos meninos, pois apesar de pouco inteligentes, sentiam de longe o cheiro de carne fresca! Em questão de segundos se viraram e encararam três criaturas petrificadas de medo! O primeiro a se dar conta do que acontecia foi Carlos:

- Corram!!! - gritava e saiu em disparada, sem ao menos olhar para onde ia. Os amigos o seguiram, mas para sua infelicidade, os trogloditas estavam cada vez mais perto, fazendo tremer o chão, como se este houvesse um terremoto.

Carlos seguia na frente seguido por Jason, mas Nico, não estava mais com eles. Aterrorizados pararam para olhar, em tempo para ver, horrorizados, o momento em que Nico foi pego por um dos pés.

Sentiram-se impotentes e, muito infelizes, viram seu pobre amigo sendo disputado entre os temíveis monstros, que tentava de todas as maneiras conseguir um pedaço do garoto.

Carlos não queria ver, mas parecia hipnotizado, assim como Jason, e quase desmaiaram quando o amigo foi rasgado aos pedaços, como se fosse um biscoito da sorte.

Jason foi o primeiro a sair do transe e, chorando, puxou Carlos. Então, correram o máximo que podiam. Estavam exaustos, haviam perdido um grande amigo e sentiam-se desolados, desorientados e famintos.

Para piorar, mesmo na mata, percebiam que o sol estava se pondo e logo seria noite, o que tornaria tudo mais difícil.

Tristes demais, só agora sentiam o quanto estavam famintos e com frio, mas deviam continuar. Seguiam calados, mas ambos divagavam se conseguiriam sair da ilha e se tudo voltaria ao normal. Mas nenhum expressou a esperança que tinham, apenas andavam a esmo. Foi neste momento que viram uma entrada. Era uma caverna, não parecia segura, mas estavam tão exaustos que resolveram entrar.

Lá dentro estava quente e, quando começaram a relaxar, notaram uma luz avermelhada, vinha do fundo da gruta. Sabiam que não deveriam se aproximar, mas o calor que emanava daquele local era tão convidativo... Foram se aproximando mais, como se uma força superior os puxassem rumo à enorme fornalha em brasas.

Ambos pareciam sonâmbulos e não percebiam que iam direto para a morte. Jason foi o primeiro a se deitar naquela “cama” quentinha e aconchegante. Mas Carlos despertou, de repente, ao som de uma risada estridente e aterrorizante.

Antes que pudesse se dar conta, viu-se diante de outros dois gigantes, mas estes eram diferentes. Eram imensos, horrorosos, e tinham apenas um olho. Então Carlos percebeu que estava no segundo nível do jogo, onde ciclopes devoradores de gente eram os inimigos.

Ao se dar conta do perigo, voltou-se para o amigo e ficou estático. Não havia percebido o que estava acontecendo ao seu redor e o que viu o fez ficar mais amedrontado e infeliz. Seu amigo encontrava-se “mortinho da silva”, como um grande pedaço de carne assada sobre uma “churrasqueira”.

Enquanto um dos ciclopes tentava agarrá-lo, Carlos via seu amigo sendo degustado.

Mesmo triste pela perda de outro amigo, Carlos correu o mais rápido que pôde, sem olhar para trás, e só parou quando estava longe o suficiente daquela gruta mortal.

Incapaz de dar mais um passo sequer, Carlos se deixou vencer pelo cansaço e adormeceu sob um grande carvalho.

Ao acordar já era dia. Sem saber ao certo e seguindo apenas seu extinto de sobrevivência, embrenhou-se novamente na mata até reencontrar a trilha por onde antes seguia. Agora ninguém o ajudaria, assim como não ajudou a seus amigos.

E antes que percebesse, se encontrava num lugar totalmente diferente. Estava numa praia de areias claras e água cristalina. Um lindo lugar, exceto pelo fato de estar diante do mais horrível e medonho de todos os monstros já visto. O protetor do portal, um gigante de quase 5 metros, quatro braços e uma bocarra, de onde podia sentir-se um odor de podridão!

Ele parecia feito de rocha dura e escondia o que parecia ser a porta para voltar à sua realidade.

Antes que pudesse pensar melhor, Carlos foi agarrado por dois imensos braços e começou a ser levantado... Parecendo câmera lenta... E ele ainda ouvia a própria voz:

- Nãooooooooooo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Entretanto, isso não fez diferença alguma para o imenso monstro que simplesmente jogou-o para o alto e esperou com a bocarra aberta para engoli-lo!

Quando estava prestes a ser devorado, Carlos acorda assustado e desorientado... É madrugada, seus amigos estão dormindo tranquilamente seu ao lado... Tudo não passara de um terrível pesadelo.

Então, ouve um barulho, um chiado, e percebe que a TV ficou ligada.

A tela estava escura e em letras brilhantes apenas se lia GAME OVER!

Gislaine A. B. T. Lima

17/03/2013

revisado em 23/03/2013 - por Fernanda E. Morais

revisado em 25/03/2013 - por Gislaine A. B. T. Lima

Gislaine Lima
Enviado por Gislaine Lima em 17/03/2013
Reeditado em 09/06/2013
Código do texto: T4193619
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