A CONSCIÊNCIA DO AMOR

Há fatos que encaminham a gente a chegar em lugar, onde fenômenos acontecem e a mente trabalha. D. Letícia, senhora distinta e muito bondosa, que amava a natureza e toda criação divina. Vivia desejando ser poderosa no dinheiro, só porque queria ajudar pessoas necessitadas, que pelos seus destinos as oportunidades lhe faltaram: chegaram ao desequilíbrio; ficando quase sem condição de sobrevivência, e sobraram-lhes doenças; depressões, desnutrição, alcoolismo e se agravaram pelo desamparo, indo refugiar-se nos becos, embaixo dos viadutos e na rua, morrem por falta de apoio, que uma situação lamentável. Mesmo assim, fazia. Ajudava a todos em preces, fazendo pedidos com sua fé, para que esses tivessem pelo menos um pedaço de pão doado para comer. Ela morava numa grande cidade chamada Nova Esperança, onde tudo era igual ao que acontece nas grandes cidades. Era lutadora no seu dia-a-dia, para ajudar em casa, costurava, fazia bolos, doces e todos os demais serviços de uma casa; não lhe sobrava tempo para jogar conversa fora. Em sua casa, era ela, seu marido Juca e mais três filhos, uma menina Ana Rosa, que trabalhava em Academia, e os dois filhos Raimundo e Luiz. Raimundo trabalhava na Delegacia, era investigador, e Luiz era motorista de ônibus coletivo, era casado com Rose e tinha um casal de filhos: Marina e Mateus. Seu Juca, homem sofrido, sem muito sucesso na sorte, dizia ele. Tinha que se ajeitar num carrinho de doces que D. Letícia faia. Ele tinha ponto lá perto da Delegacia. Como fazia parte das tarefas de casa, D. Letícia, todas as quintas-feiras, com chuva ou sol, ia fazer sua feira, longa caminhada rotineira que ficava a dois quilômetros de casa. Neste dia amanheceu um dia de sol muito quente, e ela combinou com seu marido para ir depois encontrá-la para trazer o carrinho que vinha sempre muito pesado. Quando já havia andado a metade do caminho, deparou com uma nota de um real, abaixou-se para apanhá-la, e viu que havia uma sacola plástica, e dentro dela havia pacotes enrolados em papel pardo, e um deles estava entreaberto, e deu para ver que havia mais dinheiro. Deu-lhe uma sensação de medo! E sentiu-se meio zonza, a respiração forte e batimentos acelerados no coração fizeram-na sentir fora do ar. Viu um homem caído no chão, morto, todo ensangüentado! Parecia ter uns cinqüenta anos, imaginou que fora morto por algum ladrão que o assassinara para roubar-lhe o dinheiro, e porque será que não o levou? Rápidos pensamentos atordoavam-lhe a mente, também ao mesmo tempo outras imagens passavam por sua mente, sentiu-se em um lugar que parecia uma casa de amparos para pessoas de rua, hora apareciam mendigos muito sofridos e hora este já estavam limpos. Uma mulher olhava-a muito insistentemente, tudo se passava muito rápido, como também policiais que passavam por ali. Atordoada e de mãos trêmulas, pegou a sacola e pediu ajuda aos policiais que desapareceram, pôde perceber que tanto o homem morto, os policiais, a mulher, foram cenas lançadas em sua mente, não havia ninguém ali. Só a sacola de dinheiro! Ainda meio tonta, botou aquela sacola no seu carrinho de feira e saiu andando, bem depressa, com mil pensamentos a lhe atormentar, logo entendeu o que havia de fazer com aquele dinheiro que ainda nem sequer imaginava a quantia. Chegando à feira, esperou seu marido chegar, pois não queria desviar seu pensamento da sacola; ele chegando, preferiu calar-se, não contar ao Juca ainda porque não queria chamar a atenção, achou que até o seu marido entender, as pessoas poderiam perceber sua conversa. Juca ficou curioso por ver aquela sacola e estranhou porque ela ainda não tinha comprado nada. D. Letícia se desculpou, dizendo que não passara muito bem, e juntos fizeram as compras; Juca ficou com o carrinho e recebera pedido de atenção sobre aquela sacola, olhava-a, sem entender porque tanto cuidado! E tinha pressa em retornar o mais depressa possível, e assim facilitou as compras na primeira barraca da feira comprou tudo o que precisava. Ao retornar. D. Letícia foi lhe contando tudo detalhadamente pelo caminho e até mostrou-lhe o lugar onde tudo aconteceu. Juca achou a sua história muito misteriosa, e teve também as palpitações no coração igual á ela. E logo que chegaram em casa, D. Letícia tomou as providências que lhe cabiam: ir á Delegacia e contar ao delegado sobre o dinheiro achado. Depois de ouvir D. Letícia, o delegado disse: ‘Estranho! Ninguém ainda prestou queixa sobre nenhum dinheiro perdido!’ E se prontificou a ver quanto tinha, era muito dinheiro! Dinheiro que dava para fazer muita coisa! E disse à D. Letícia: ‘Caso não encontre o dono, ele será por direito seu, é só aguardar alguns dias para ser anunciado e comprovada sua procedência.’ Voltando para casa, D. Letícia estava com sua consciência tranqüila, já pensando o que iria fazer, caso viesse mesmo a ser dela o dinheiro, pois durante sua vida foi o que tanto quis ter, e este viera por vir pelo seu destino. Passaram-se os dias da investigação do dinheiro e o delegado mandou chamar a D. Letícia, e disse-lhe: ‘Foi achado nas investigações ocorrência de um caso de perseguição de um latrocínio sobre grave ameaça na qual a vítima era um senhor de cinqüenta e um anos de idade, num restaurante, com morte instantânea, que se chamava Teófilo. Com a fuga do homicida, a perseguição acabou em óbito do assaltante, justamente naquele dia, e a perseguição se passou por aquele lugar do achado dinheiro. Foi-nos mostrado o documento achado da vítima.’ E D. Letícia pôde confirmar com sua vidência o mesmo homem. Também o delegado fez saber de seus bens encontrados; uma velha casa de esquina muito mal cuidada, morava sozinho e ninguém sabia de seus parentes, os vizinhos disseram que sua mãe sumiu de casa há cinco anos e ele havia procurado, mas nunca mais a encontrou, e que se chamava Ana e diz não ter mais parentes. Passaram-se alguns dias e D. Letícia já então com o dinheiro na mão, saiu a procurar um lugar onde pudesse concluir sua promessa; procurou, procurou e preferiu uma grande área de terra, que era do herdeiro de um antigo fazendeiro daquela região. Lá já havia uma velha casa que ela aproveitou pra ser sua nova residência, pois queria estar bem próxima do seu lugar ideal. Mandou reformar a casa junto à grande obra, com muitos salões, quartos, banheiros, tudo que fosse necessário para uma grande e confortável acomodação, também jardins e pomares foram implantados. Pronta a obra mais linda que se podia imaginar! Saíram todos para s compras das mobílias e de tudo que ali precisava e se preparou para a festa de inauguração da casa que recebera o nome de ‘Mundo Novo’. Ordenou D. Letícia a Raimundo um pedido de dois policiais para acompanhá-los e ao Luiz o pedido do ônibus. Enquanto Ana Rosa convidou algumas colegas de serviço, e foram às ruas á procura desses desamparados, vasculharam todos os becos e viadutos da grande cidade. E assim, com muita conversa, paciência e carinho, iam convencendo os sofredores a entrar no ônibus, muitos deles fugiam porque não queriam ir, estavam bêbados, mas mesmo assim, com muito jeito elas levaram quase todos que encontraram. Muito embora D. Letícia não quisesse chamar a atenção, isso era inevitável. Muita gente ficou sabendo daquela maravilhosa obra, e sua intenção. Na cidade, ela chamou muita atenção e não se pôde evitar a chegada de jornalistas e muitos curiosos políticos que pó lá esperavam a hora da inauguração. Resolveu então D. Letícia dar-lhes atenção fazendo um rápido discurso sobre seu desejo de coração, de sua fé humana e o fez na intenção de ser um exemplo a se preocupar com o seu próximo e que deveriam outros fazer o mesmo, para que esses tantos dinheiros políticos tomados de ladrões políticos, viessem a ser envolvidos nestas construções sociais e a humanidade assim teria o que todos precisam para sobreviver, que é preciso a compreensão dessa desigualdade social e coragem para modificá-la e fazer um mundo melhor. E assim, terminado seu discurso convidou o público para uma próxima visita ao local, e pedindo licença entrou com seus filhos e os humildes habitantes daquela casa. Lá dentro já havia equipes especializadas para medicá-los, também quem cuidasse de sua higiene. A convite de D. Letícia que voluntariamente aceitaram e queriam ajudar com muito amor. Todos os preparativos foram concluídos e logo lhes serviram um belo jantar em uma longa mesa posta, enfeitada com flores e muito amor, em um dos salões já preparado para refeições. Logo depois, todos já tinham melhor aparência, vestidos e calçados, e seus cabelos penteados deixaram todos mais alegres e felizes, e foram levados aos seus leitos, muito bem organizados, que os fez dormir um gostoso sono de nova vida. No dia seguinte foi levantado um cadastramento com o nome de todos, muitos deles não sabiam seus nomes, nem sua data de nascimento, outros estavam com eles muito bem amarrados em sacos plásticos, até que terminaram todos os documentos e no meio de duzentos e cinqüenta abandonados, havia uma senhora muito arredia, de olhar sofrido que não sabia seu nome nem idade, nem falar nada de si, nem de onde viera. Foi calculado que ela teria uns setenta e cinco anos de idade e por ali foi apelidada de Donana, pois a cada um que não sabia o seu nome, tinha que ser arranjado nome para melhor organizá-los; e assim todos os dias a casa de amparo ‘Mundo Novo’ estava em atividade, com muita dedicação e D. Letícia a realizar o seu grande sonho. Era assim todos os dias, novas medicações eram feitas e Donana foi recuperando a mente. Até que um dia lembrou de seu filho e o chamou pelo nome: ‘Teófilo, Teófilo meu filho, onde é que ele está?’ D. Letícia já desconfiou que era do senhor do dinheiro que ela falava e deu-lhe mais atenção. Fazia-lhe perguntas sobre o que já sabia e os dias se passaram, descobriu que Donana era mesmo D. Ana e tinha na verdade setenta e oito anos de idade. Foi-lhe contada toda a verdade e ela compreendeu o final de sua sentença de vida terrestre, confirmou que não havia mais parentes e disse-se feliz em poder também servir á humanidade de maneira uniforme. Apesar de ter passado por grande sofrimento com seu filho que fora alcoólatra e isso a levou ao desespero e a doença da depressão que a desequilibrou e fez deixar seu lar e se perdeu na rua. Neste tempo todo, não se deu conta do que estava lhe acontecendo, mas com os tratamentos ela se recuperou completamente e como era muito religiosa, sua fé a fortificou, quis ela ajudar nas reuniões de orações como dirigente. No grande salão da casa, todos os dias á nove horas era feita esta corrente de orações, onde muitas outras pessoas já também recuperadas exerciam nesse poder e ajudavam as outras pessoas que ali chagavam no dia-a-dia. Ana Rosa que era professora de Educação Física, tinha também sua participação no lar. Para ajudar os internos a se exercitarem, transformou uma das salas em academia e juntamente com sua amiga Sheila, muito dedicada e fisioterapeuta, completava-lhe a assistência. Pois o lar também acolhia crianças de rua; e foram criados escola e cursos para educação e trabalho, que ali mesmo ficavam inseridos e davam retorno ao próprio lar. Era como se fosse realmente um Mundo Novo em progresso, onde o amor predominava e o bem progredia. Em “Mundo Novo”, cada dia as coisas iam acontecendo de maneira bem formal, as crianças que lá passaram a habitar, eram selecionadas por idade e cursos que proporcionavam uma organização em suas fases culturais e idades, pois assim eles se entendiam melhor. Nos finais de semana havia atividades em cinema, danceteria, piscina, jogos etc. tudo que proporcionava grande qualidade de entretenimento e lazer. O lar passou a fabricar doces, pães, muitas guloseimas em sua mini fábrica, que além de suprir suas necessidades, eram também vendido para outros comércios trazendo assim renda per capitã de crescimento extraordinário dos seus lucros, que lhe dava retorno aos gastos. E era o seu Juca o encarregado deste setor, dessa forma foi preciso passar o seu ponto de carrinho da Delegacia para outro, que se chamava Dino. Nas negociações, Dino e Juca conversaram muito e Dino disse ao Juca que ia lhe contar uma história de destino do primo. O herdeiro do fazendeiro das terras que virou “Mundo Novo” era seu primo que se chamava Amaro. Contou Dino que Amaro era um grande viciado em jogos de azar e que vendera s terras para sustentar o seu vício, perdera tudo no jogo, ficando assim sem teto e sem nada, já com idade avançada e era também alcoólatra e fumante, estava ele desnutrido e doente e seus parentes não quiseram acolhê-lo, pois não aceitavam seu destino financeiro, sendo assim, saiu ele pelas ruas, pois já estava de favor na sua casa, e que tiveram uma grande discussão por sua falta de juízo. Um dia anoiteceu e não amanheceu, já havia procurado em todos os lugares, mas foi em vão. Juca prometeu ajudá-lo nas buscas através de seu filho que era investigador. E no outro dia fez seu filho Raimundo saber, para então tomar as providências. Procurou então o investigador com ajuda de mais policiais e nada! Já se passavam alguns dias, Juca, em um de seus dias de cansaço caiu na cama e dormiu, dormiu um sono tão pesado que nem parecia estar mais neste mundo. Sonhou que andava pelas ruas até que chegou na velha casa de Teófilo, que já era de posse da Prefeitura da cidade, por conta de pagamento de impostos de muitos e muitos anos. E Juca, em sonho chegou até lá, a porta se abriu e lá estava o velho Amaro, muito mal, doente, quase morto. Assustou em seu tenso sono e esperou o dia amanhecer, convidou o seu filho e foram chamar Dino para ir verificar na velha casa. Andaram em sua volta que estava muito cheia de mato, parecia não ter ninguém, bateram na porta, escutaram e nada, nem um gemido. Raimundo disse: ‘Aqui não há índice de que pudesse alguém ter entrado ai.’ Mas Juca insistiu, achou melhor arrombar a porta, que por sinal era bem fechada, percebeu que havia uma janela entreaberta, resolveram perguntar os vizinhos, ninguém viu nada e Juca pediu-lhe uma ferramenta. Começou o arrombamento e a porta se abriu, não parecia ter ninguém, como a casa era grande, era um sobrado e em cima tinha um terceiro andar que era um quartinho que fazia seu estilo castelinho. Teias de aranha não lhe davam esperanças do sonho, subiram a escada que levava até o quarto e tão grande foi a surpresa dos três, lá estava o Amaro justamente como foi o seu sonho, doente, muito mal, muito fraco quase morto. Pegaram-no, tiraram dali às pressas com muita dificuldade, pois nem estava mais consciente. Amaro foi levado a um hospital bem equipado de Nova Esperança e foi muito bem medicado na UTI a pedido de D. Letícia e Juca. Passaram os dias e amaro que estava quase morto recuperou-se, foi levado para o lar onde foi ser mais um habitante por destino, envolvido na história de “Mundo Novo”. E assim os anos foram se passando, D. Letícia muito feliz e consciente de sua grande missão costumava todos os dias sentar-se no jardim para fazer seu momento interno e religioso. Queria estar só para melhor se concentrar em suas orações e ler um pouco. Todos os dias exatamente às quinze horas estava ela sentada na sua cadeira de ferro preferida, pintada de branco, que junto com mais duas formava uma gostosa sala de estar, coberta com telha de fibra transparente e belos vasos de plantas a decorar, faziam o lugar muito aconchegante.Por perto não passava ninguém, pois era um lugar isolado, preparado para o silêncio. Ficava ela ali sozinha, até que Lola, uma assistente que os todos os dias levar-lhe um chazinho às cinco horas e juntas voltavam aos seus aposentos. Para sua grande surpresa, neste dia estava ela recostada na cadeira que era protegida por uma almofada. De olhos fechados e seu livro no chão, pensou: ‘Está dormindo’. Chamou D. Letícia e nada, botou a bandeja na outra cadeira e já preocupada pegou nas suas mãos e procurou sua pulsação, não encontrando. Seu semblante era suave, de quem dormia um gostoso sono, mas D. Letícia já não estava mais ali, só o seu corpo esperava por alguém. Lola ficou desesperada, quase sem saber o que fazer avistou o jardineiro, que naquela hora também regava as plantas do jardim. Era o seu Zé, velho e surdo, que não a escutou, ela balbuciou: ‘Meu Deus! O que fazer?’ Deixou de novo D. Letícia sozinha e correu até lá, para sacudir o seu Zé e pedir-lhe ajuda e o seu Zé veio com outro jardineiro que estava mais afastado, foram correndo chamar Ana Rosa e seu Juca, que chamou mais alguém, levaram D. Letícia ás providência do médico, e o mesmo constatou morte cardíaca, morrera aos 80 anos, sem nenhum sofrimento. Providências foram tomadas para o seu velório na sala apropriada, e no outro dia de manhã foi sepultada com um acompanhamento de grande multidão e um coral de pássaros, que já careciam e sentiam saudade de sua partida, mas o seu canto simbolizava a paz de espírito no coração de cada um que conheceu. De volta do grande cemitério da cidade, todos com muita saudade e exemplificados com a atitude que D. Letícia deixou em sua vida terrestre. Ana Rosa se posicionou côo frente do lugar de sua mãe. Era ela agora com seu pai e seus familiares para dar continuidade aos desejos da bondosa mãe. Resolveu registrar seu casamento de um noivado de doze anos com um dos seus colegas de profissão que foi realizado numa cerimônia muito simples. Seu esposo, Francisco, passou a ocupar os cargos mais importantes para poupá-la de grande responsabilidade, eram felizes nos seus desempenhos e não tinham filhos, pois já tinham muitos para os dois cuidarem, formavam um belo casal que combinava em tudo. Seu sobrinho Mateus conheceu Maria que era filha de Lola, a assistente de sua avó, ela foi uma das mães que veio da rua e tinha três filhos, Maria era a caçula que viera apenas com três meses e tinha sido sua alma no curso de inglês. Casaram-se, também tiveram uma filha, bela menina! Muito parecida com sua avó, deram-lhe também o nome de Letícia, ela encabulava todo mundo com sua aparência e gostos tão definidos de sua bisavó, que para muitos, revivia novamente em Mundo Novo, para continuar sua missão mais exemplificada da Consciência do Amor.

ALMA DA LUA
Enviado por ALMA DA LUA em 26/08/2005
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