A história de YO. Parte 4.

Chegando à beira do rio que corria lento e quase inaudível, o nobre olhava um rio raso em sua maior parte, mas em seu canal corria uma corrente mortalmente perigosa. Olhando para o cego disse-lhe: Vá ao rio e banhe-se. Ele argumentou: Não sei nadar meu amigo, estou sujo há tanto tempo por medo de morrer afogado e ninguém ousou me limpar, todos têm um profundo nojo de mim, toda esta gente. Ele retrucou: Vá sem medo, banhe-se e o guiarei daqui, acredita em mim? O cego respondeu: Acredito, mas tenho medo de morrer. Então, levantou o homem disse vou deixá-lo, porque não confia em mim, acho que estou perdendo meu tempo (ele dizia isto, para fazê-lo entrar na água). Ele sentiu-se desconfortável de tal maneira, que disse: Tudo bem, se me forças a isto, vou seguir suas palavras. Deixou seu manto cinza na areia e caminhou vagarosamente na água corrente, quando entrou, turvou a água por dado momento porque estava tão imundo como não se pode descrever com palavras. E ali foi com água até a cintura. Logo sentiu o frescor de tomar um banho em correnteza, relaxou de tal maneira, que sorria e gargalhava de felicidade como qualquer criança na beira de um rio. Aprendeu a mergulhar porque mediu os passos e a profundidade de onde estava até a margem. Empolgou-se tanto que mergulhando foi até o outro lado, sem ter noção do perigo, porque atravessara o canal várias vezes, até que cansou de banhar-se e voltou à margem. Voltou alvo e limpo, rindo com o vento, tateando encontrou o manto na areia, isto aconteceu pelas três horas da tarde. O nobre aproximou dele e disse: Viu como o medo demasiado impede a felicidade? Sabia que para um cego você nada bem? Neste momento o cego riu. Você sabia que foi à outra margem, quando acreditou? O cego riu e disse: Meu Deus! Eu fiz isso?! Que perigo, porque você deixou?! O nobre respondeu: Você estava feliz, como uma criança. Um dia eu fui como você, até que acreditei.

E saíram dali, agora era somente cego, estava limpo e coberto pela manta cinza. O nobre olhava para frente, quando o cego disse: Senhor meu nome é YO, o seu qual é? Respondeu: Meu nome é Ben Êmet, digo a ti homem, se creres verá o HAYA (O que foi), HOVE (Aquele que é) e YHIE (Aquele que há de vir), verás o Álef e o Táv e entenderás que a vida veio a você quando crestes. O cego apesar de não entender tudo, guardava consigo aquelas palavras.

E caminhando em paz, foram à cidade...

Continua...

José Lins Ferreira
Enviado por José Lins Ferreira em 13/11/2013
Código do texto: T4569147
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