PANDORA...

No tempo em que os deuses não existiam, o Céu e a Terra - que acabaram sendo nossos primeiros pais – se uniram. Da união entre os dois, nasceram os gigantes Titans...
Durante séculos e séculos, eles reinaram sobre o Universo. Os deuses eram seus filhos. Um dia, se revoltaram. Destronaram os gigantes. Zeus se converteu no rei do Universo. Sua mulher, a deusa Hera, tornou-se a rainha do Céu...
O Homem ainda não existia na face da Terra e como nenhum animal de nosso planeta, parecia digno bastante para reinar sobre os outros, os deuses decidiram criar um novo ser com esta finalidade. Esta delicada missão foi confiada para um dos Titans, Prometeu. Ele desceu do Olimpo, pegou argila, misturou com água, depois amassou o barro e o moldou à imagem e à semelhança dos deuses. Assim criou o Homem...
Zeus o desenhou em pé, reto sobre suas pernas. Desejava que ele olhasse para cima, para o alto, e não para baixo, como faziam todos os outros seres. Depois, começou a pensar quais dons daria a esta nova criatura. Queria que fosse superior a todos os outros animais que existiam...
Epimeteo, irmão de Prometeu, já havia distribuído os melhores dons entre os animais: a Força, a Audácia, a Astúcia, a Velocidade. Para uns havia dado asas. Para outros, garras. Também já havia distribuído as escamas, os chifres e outros meios de defesa...
Prometeu, pensativo, lembrou-se do fogo. Seria um dom maravilhoso para o Homem. Com a ajuda do fogo, ele poderia fabricar armas, vencer as feras, forjar utensílios. Dominar todas as artes. Com as chamas, esquentaria sua casa. Não teria mais medo da chuva, da neve, nem do vento...
Prometeu voltou ao céu. Roubou uma tocha de fogo do sagrado Carro Solar. De volta para a Terra, deu o fogo de presente para os humanos. Foi embora alegre e satisfeito...
Zeus, no Paraíso, sentado no alto do Olimpo, rodeado pelos outros deuses, saboreando o néctar e a ambrosia, ficou muito zangado com esse fato. Estava com ciúmes do novo poder dos homens. Falou: “Esta criatura que pode olhar o céu, é muito superior aos outros animais. É quase um deus. Isso é perigoso. Preciso colocar um freio neste poder mal empregado!“...
E Zeus criou a mulher. Bela como uma deusa...
Babando, todos os outros deuses, para que ficasse mais sedutora, a regalaram com vários dons. Batizaram-na com o nome de Pandora – “Dom de Tudo”. Zeus deu de presente aquela nova e maravilhosa criatura para os Titans...
Prometeu, que era um cara muito desconfiado, advertiu os gigantes: “Tenham cuidado. Desconfio dos presentes de Zeus. Ele me odeia porque entreguei o Fogo Sagrado para os Homens!”...
Epimeteo, apaixonado por Pandora, a roubou e levou para sua casa. Lá, ele guardava em uma caixa muitos dons, todos eles ruins, que não tinha conseguido repartir entre os animais no momento da criação. Avisou para a mulher: “Não abra esta caixa. Não importa o motivo!”...
No entanto, Pandora tinha recebido dos deuses um dom maior que qualquer outro: a Curiosidade. Assim que ela ficou sozinha, correu para a caixa dizendo: “Não acredito que seja pecado dar só uma olhadinha. Vou ver o que tem aqui dentro!”. Abriu a caixa...
Do interior dela, saiu uma legião de demônios e pragas. Toda espécie de males e vícios. A Perversidade, a Inveja, a Vingança, a Soberba, o Ciúme, etc. Fugiram. Se espalharam por todo o Universo. Pandora tentou fechar a tampa. Tarde demais. A caixa estava quase vazia. Só restara a Esperança que, ainda bem, nunca mais abandonou a Humanidade. Agora, não havia mais perigo dos homens se converterem em rivais dos deuses. Tinham inimigos muito mais perigosos do que as feras. Zeus, no entanto, ainda não estava satisfeito. Precisava castigar Prometeu. Sentenciou: “Você, que roubou o Fogo Sagrado, será castigado como merece. Passará o resto de sua vida acorrentado na rocha mais alta do Cáucaso. Lugar que jamais outro homem há de pisar. Viverá eternamente preso. Implorando. Sendo queimado pelo Sol. Todos os dias um abutre irá devorar suas entranhas. Elas voltarão a crescer mas serão devoradas novamente!”...
Prometeu, não implorou piedade. Nem se arrependeu do que havia feito. Nunca aceitou ficar de joelhos diante de Zeus...
Apesar das correntes, do Sol causticante, do abutre sempre a devorar suas entranhas, jamais deu um gemido, deixou cair uma lágrima ou demonstrou sua dor...
                                                                                                                                       (Adaptação)
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