Matilha do Trovão - Brumas de Outono

Brumas de Outono

Prólogo

Em um pequeno acampamento no coração de uma floresta, um grupo de homens, mulheres e crianças festejam mais um passar de ciclo. Mais um passar de geração. Mais um passar da adolescência para a maioridade. Festejam em volta de um enorme buraco. Quatro adolescentes estão diante do buraco, com os corpos pintados celebrando o ritual de passagem. Dois garotos e duas garotas. Eles se entreolham, ansiosos.

- Está no tempo. – um homem barbudo se levantou, mostrando sua altura e robustez. – chegou o tempo para esses jovens mostrarem seus valores diante da tribo. Mostrarem sua força e habilidade.

Os quatro jovens empinaram seus corpos, tentando mostrar um pouco de altivez diante do chefe da tribo. Os sons dos tambores ressoaram mais uma vez, acelerando junto com o coração deles. O chefe da tribo, Curva do Vento, olhou atentamente para cada um deles.

- Que Gaia esteja com vocês. – e mostrou com a palma da mão voltada para cima o buraco.

Por uma ultima vez os quatro jovens se entreolharam, temerosos, e saltaram com habilidade para dentro do buraco.

Curva do Vento levantou a cabeça, farejando algo. Ao sentir um odor estranho, sua feição mudou para um pânico indescritível.

- Os Levians estão aqui! – ele gritou.

Junto com seu grito, lobisomens negros de olhos vermelhos invadiram o acampamento. Tão rápido como um trovão, eles destroçaram os corpos que encontrava pelo caminho. Uma fúria e ódio os consumiam, causando gritos e dor se espalhando pela floresta.

Curva do Vento saltou para trás, evitando as garras de um Levian. Os seus olhos ficaram castanhos vivos, e uma metamorfose grotesca aconteceu em seu corpo. Ossos se estralando, garras surgindo, uivos agudos e sombrios. Curva do Vento se transformara num lobisomem também. Ele pegou o braço do Levian que o atacara e o rodopia como um peão em torno de si mesmo, jogando-o contra um tronco de arvore. Rápido como um vento, Curva do Vento se jogou nas costas de um inimigo, abocanhando a sua espinha e arrancando-a para fora, junto com sangue e restos de órgãos. Sua força era descomunal. Alguns Levians recuaram ante a ferocidade dele.

Saindo de trás de uma arvore, um lobisomem surgiu. Seus pêlos eram todos negros, exceto um chumaço nas costas, que era branco. Sua aparência era a mais apavoradora de todos. Andava curvado, de seus longos dentes uma baba branca e gosmenta escorriam, suas garras eram afiadas e muito grandes. Seu nome era Tork.

- Curva do Vento... Até quando vai resistir a nós? – ele rosnou para Curva do Vento.

Esse se voltou para o novo oponente e se agachou como um lobo. Os pêlos da espinha se eriçaram.

- Nunca me entregarei ao Levian. Nunca permitirei que seus poderes místicos me atinjam.

- Não seja tolo. Ficamos mais fortes sobre o domínio dele. Junte-se a mim e podemos conquistar todas as outras tribos.

- Nunca! – Curva do Vento saltou com as garras a mostras, prontas para desferir um golpe mortal.

Tork saltou para o lado desferindo um golpe diagonal na barriga dele. O sangue se espalhou por toda a relva. Curva do Vento caiu ensangüentado sobre uma cabana feita de couro. O líder dos Levians se jogou contra ele, golpeando seguidas vezes na sua jugular. Momentos depois, a cabeça do chefe da tribo estava nas mãos de Tork. Este uivou para o céu escuro e escapou se embrenhando na floresta. Os outros Levians levantaram a cabeça, escutando ainda o eco do uivo do seu líder, e fugiram, deixando carcaças mortas de homens, mulheres e crianças. Os sobreviventes que restaram estavam gravemente feridos.

davifmayer
Enviado por davifmayer em 23/04/2007
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