Matilha do Trovao - Brumas de Outono - 1° Parte

1° Parte

Os quatro jovens haviam caído numa vala. A terra era escura e escorregadia. Raízes saiam das paredes disformes, assim como animais peçonhentos e minhocas. À frente, um túnel espaçoso se alongava mais adiante se perdendo na escuridão. Eles olharam para cima, escutando os gritos de dor, pavor e correria.

- O que está acontecendo lá em cima? – perguntou Presa Dourada, um garoto alto e de ombros largos.

- Nossa aldeia está sendo atacada! Temos que fazer alguma coisa. – gritou Nuvem Negra, uma garota de cabelos longos e castanhos, físico atlético e altivo.

- Não há nada que possamos fazer. É muito fundo esse buraco e somos apenas adolescentes querendo ser adultos. Não temos habilidade alguma. Só podemos rezar para Gaia que eles sobrevivam ao ataque. – murmurou fria e calma Pele de Prata, uma garota de porte médio, olhos azuis e cabelos longos e prateados.

- Nada disso. Podemos subir e ajudar. – gritou Fúria de Gaia, um garoto grande e de feições selvagens, se transformando em lupino e exibindo suas enormes garras. Arremeteu-se num salto, fincou as garras na parede enlameada. Ele caiu com um grande bloco de terra sobre si, fazendo um estrondoso barulho.

- É impossível. Devemos continuar com nossa jornada. – falou Pele de Prata com simplicidade. – ou eles estão mortos ou estão vivos. Vamos continuar. Curva do Vento gostaria que completássemos o ritual.

- Você precisa ser tão fria assim, Pele de Prata? – perguntou Nuvem Negra, com ódio nos olhos.

- Não, mas não temos alternativas. Não podemos ficar aqui choramingando enquanto temos uma missão pela frente. Estou tão preocupada quanto vocês, mas no momento não há nada que possamos fazer.

Os outros três se entreolharam, consternados com a situação. Todos fitaram o túnel que se estendia envolto na escuridão.

- Ela tem razão. Não há nada que podemos fazer. Vamos continuar. Quando sairmos daqui veremos o que aconteceu com a nossa tribo. Por isso, temos que sair o mais rápido daqui. – disse Presa Dourada, olhando para o túnel.

Os quatro fizeram que sim com a cabeça e, quando começaram a correr, escutaram algo caindo numa poça d’água logo atrás. Eles se viraram, prontos para atacar. Uma mão aberta procurou ajuda, saindo da lama.

- É uma criança! – gritou Nuvem Negra, correndo em auxilio.

Ela se aproximou da criança toda enlameada. Estava bem, caíra em terra fofa e na água. Em pânico, a criança abraçava a garota que a socorria.

- O que houve lá em cima, Brilho de Gaia?

A criança tentou fixar seus olhos na garota que a auxiliava. Aos prantos, ela balbuciou:

- Fomos atacados pelos Levians. Eles atacaram rápido. Meus pais, o povo da tribo, Curva de Vento...

- Todos estão...?

Brilho de Gaia olhou tristemente para ela e fez que sim com a cabeça.

Um grande pesar desabou sobre eles.