Matilha do Trovão 2° Parte

2° Parte

A matilha caminhava com mais determinação e sede de vingança em seus corações. Cada um tentava fixar-se na missão atual, mas não paravam de pensar na tribo destruída, na morte de Curva do Vento e seus familiares. Tudo isso por causa dos Levians e de sua maldição.

Haveria troco.

O túnel se alargava. O chão ficava mais duro e áspero. Fúria de Gaia farejou alguma coisa e fez com que eles parassem.

- O que houve? – murmurou Nuvem Negra, sem olhar para ele.

- Sinto um cheiro de algum animal grande mais a frente. A corrente de ar tornou-se mais forte aqui, percebem?

Todos fizeram que sim, pois de um momento para outro ficara frio.

- Vamos com mais cautela daqui por diante. – sussurrou Presa Dourada.

Eles continuaram a seguir pelo túnel, agachados e temerosos a qualquer ataque surpresa. Logo, eles observaram uma pequena luz a frente. Então, um longo campo se estendia.

O teto era abobadado com muitas estalactites pendendo do teto. No chão, um rio de águas negras corria violentamente sobre rochas espalhadas dividindo a correnteza. Após o rio, uma trilha de rocha levava a um outro túnel. Eles não acreditaram como pode ter um lugar tão imenso embaixo de seus pés.

- É muito grande! – Gritou Nuvem Negra por causa do barulho das correntezas.

- Teremos que atravessar saltando de rocha em rocha para aquele túnel! – Gritou de volta Presa Dourada apontando para uma caverna do outro lado do rio.

- E o que vamos fazer com Brilho de Gaia, alguém terá de ir com ela. – disse Pele de Prata.

- Eu irei com ela nas minhas costas. – falou Presa Dourada olhando carinhosa e decididamente para a garota encolhida de medo.

- Não esqueçam do que eu farejei. Aqui, ele está mais forte. – gritou Fúria de Gaia se adiantando e pulou formidavelmente para uma rocha, dobrando os joelhos na queda.

Ele foi seguido por Pele de Prata e Nuvem Negra. Presa Dourada se agachou diante de Brilho de Gaia e, sorrindo, disse:

- Não tema, Brilho de Gaia, você vai às minhas costas. Segure no meu pescoço o mais forte que puder e feche os olhos durante a travessia, certo?

Ela fez que sim com a cabeça. Ele a pôs nas costas, com ela segurando firmemente seu pescoço e pulou para uma rocha.

Os outros três já estavam atravessando todo o rio, pulando de rocha em rocha, quando Fúria de Gaia escutou um rosnado. Olhou para os lados e não encontrara ninguém, mas quando mirou para cima, encontrara três criaturas rastejando no teto, entre as estalactites, como aranhas. As criaturas se chamavam Aracnóides, pois eram bípedes e andavam como aranhas. Seus corpos eram roxos cobertos por veias vermelhas e pulsantes. Onde deveria ter os olhos, tinham antenas pequenas um pouco mais grossas que cabelos para se locomoverem na escuridão. Suas mãos e pés eram garras que se fixavam no teto.

Fúria de Gaia voltou-se para Presa Dourada e, com as mãos em concha, gritou para ele:

- Cuidado! Aracnóides em cima de você!

Presa Dourada olhara para cima e vira um deles cortando uma estalactite. Saltou para uma rocha a tempo. Uma estalactite caíra na rocha onde estava, estraçalhando-a e causando um terrível barulho. Ele escorregou em cima da rocha e caiu na água, ainda se segurando nas fissuras da pedra. Nuvem Negra saltou voltando para ajudar e ainda no ar se transformara em lupino. Um aracnóide descerá habilmente numa rocha, com suas laminas afiadas para cortar os braços de Presa Dourada. Fúria de Gaia saltou sobre ele, também transformado em lupino e mordendo com fúria o ombro do monstro. Pele de Prata pegou uma pedra e arremessou contra um aracnóide que ainda estava no teto. Foi certeiro na cabeça. Sem sentidos, ele caiu na água sendo levado pela correnteza.

Faltando uma rocha para Nuvem Negra chegar até Presa Dourada, um aracnóide se interpõe no caminho. Ela rosnou como só um lobo poderia rosnar e avançou com as garras a mostras, não temendo de forma alguma o inimigo. O rasgou ao meio, fazendo suas tripas voarem pelo ar e se espalharem na água escura. Fúria de Gaia estava dentro d’água, jogando o aracnóide contra a rocha. Os ossos do aracnóide pareciam todos destruídos por dentro pelos seguidos golpes de Fúria de Gaia. Este voltou a subir na rocha e deixou o aracnóide ser levado pela correnteza. Pele de Prata se aproximou e o ajudou a levantar-se. Nuvem Negra chegou a Presa Dourada e pegou a garotinha, ajudando-o com a outra mão a subir.

- Estamos vivos! – ele sorriu.

- Não diga isso tão cedo. – gritou Pele de Prata, apontando para o teto.

No teto, como um enxame de aranhas, vários aracnóides se moviam rapidamente entre as estalactites em direção a matilha, rosnando ferozes e famintas.

- Vamos embora! – berrou Fúria de Gaia fazendo movimentos com a mão para que eles se apressassem.

Presa Dourada e Nuvem Negra saltaram as rochas restantes com muita rapidez e habilidade. Chegaram até o túnel, olharam pela ultima vez para trás e viram o quanto estavam próximos da morte.

Desesperados, continuaram a correr pelo túnel até a saída, que estava por trás de heras que desciam por fora da caverna e a encobriam.

A matilha, em fim, chegará ao outro lado da floresta. Ofegantes e temerosos, escutando ainda os rosnados dos aracnóides lá dentro.

Olhando para o horizonte por cima das copas das arvores onde uma bruma a envolvia, viram o sol nascer em todo o seu esplendor. Agora, eram adultos.

davifmayer
Enviado por davifmayer em 30/04/2007
Código do texto: T469182