Capítulo 2 - Metamorfose.

Aos que se entregam ao inferno, tudo é consumido. A vontade, os sonhos, a alma e por fim o corpo. O nada triunfa. Por tanto passado nas chamas da própria culpa, ela já não possuia mais aparência humana. Foi adquirindo escamas, seu corpo foi se alongando como de uma serpente, seus olhos tristes e sem vida. Frio, de infinita tristeza, cuja única força vinha em desejar o fracasso. Não conseguia se lembrar que um dia havia amado, tinha esquecido tudo o que um dia fora. Sua forma forte e robusta hoje, apenas refletia a vontade dos outros, a vontade do inferno.

Seu lar agora era repleto de chamas onde o calor do inferno consumia a qualquer criatura. Abatia com labaredas enormes de fogo suas vítimas e se alimentava de seus sonhos. A tristeza era soberana. Única. Já não sabia mais o porque estava ali, e quem era. Apenas resumiu-se a matar e se a alimentar. O que sobrava da alma desses pobres coitados era jogado no vento, para o esquecimento.

Seu tamanho e força porém agora eram tão enormes e ameaçadores, que se tornou uma das criaturas mais poderosas de todas as vidas. Seu semblante era sempre sombrio, totalmente desprovido de qualquer tipo de sentimento humano. Todos temiam. E ninguém mais passava por aquelas colinas. Fazia suas vítimas viajantes e corajosos imprudentes.

Era conhecido agora apenas por dragão. O dragão do inferno. Que era tão vermelho quanto o próprio inferno. Que ateava fogo em qualquer esperança. Que foi feito de tristeza e ódio.

Belit
Enviado por Belit em 25/05/2007
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