A Torre de Estravoceda

O fim de tarde chegava com toda a intensidade, os pássaros sobrevoavam o céu ruivo de um crepúsculo que inspirava solidão e tom romântico como a nota emitida de um saxofone.

Todo aquele ambiente parecia uma sinfonia que a natureza assim realizava sua performance diante de meus olhos.

O mormaço típico de uma tarde de verão era sentido pela minha pele. Sem rumo pela tarde, chego próximo. A comunhão com as coisas da terra é algo que o homem nunca deve esquecer, pois esta sim é sua verdadeira religião – uma crença que não simplesmente está estruturada em blocos de papel e sim integrada. O sol como agente da vida, intrepidez e autopreservação e a noite como defesa e agente ‘inside’.

Entre mim e a lua estava a torre de Estravoceda que foi construída quando a cidade nem existia. Ela pertencia a um cara que dizia ter sido nobre, mas que pelo jeito era um ignorante quanto a sua própria vida. Isso pois jamais saíra da torre.

Estravoceda era seu sobrenome ao qual batiza o monumento, entretanto seu primeiro nome é um mistério. Diz-se que teria se tornado um desgostoso da sua própria vida, doado seu dinheiro para instituições filantrópicas – isto que já teria por costume ser um filantropo.

Depois disso jogou suas roupas finas e de grife para se vestir de trapos que cobriam até o seu rosto. Desde então jamais foi visto na sociedade. Alguns afirmavam que o Dr. Estravoceda durante a noite ficava no topo da torre para ter ampla vista da cidade e observar o movimento, já que seus olhos teriam luminosidade vermelha.

Em vários momentos da minha vida já pensei em ser um Estravoceda(homem e a torre) na questão de se afastar de tudo e todos. Mas observo que não possuo esta vocação.

A noite já desceu e necessito chegar ao meu lar. O vento veio forte e chegou a assobiar uma canção. A velha torre é testemunha junto com aquele que decidiu abandonar sua vida para viver para sempre escondido dentro de panos velhos.

Adeus torre de Estravoceda!

Roberto Panoff
Enviado por Roberto Panoff em 15/09/2015
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