Um Conto que eu Conto
" A Sereia e o Marinheiro"


Nas águas turbulentas de um mar distante,
navegava um marinheiro solitário, triste, ferido,
com uma vida que lhe escapava das mãos.
De repente, escutou o canto de uma sereia despreocupada, feliz, seu encantamento o encantou, e fizeram um mar de amor.
Ela curou suas dores, afogou suas mágoas,
lhe deu esperanças nas águas claras daquele mar,
lhe deu amor, e se amaram.
Fizeram dos dias um universo de felicidade,
de mãos dadas, com a promessa de um futuro só deles,
enquanto o sol brilhava, se deitaram ao sol.
Na calmaria das marés de uma ilha secreta,
ela cantava seu canto, ele contava seus contos,
a solidão já não existia.
Ele tinha a ela, e os versos que juntos faziam,
ela tinha seu amor, e as rimas que a ele fazia.
Ele a chamava de "sereia", seria a sereia dele para sempre.
Porém, um dia a tempestade veio com força, trazendo centenas de sereias, que juntas cantaram, e o carregaram para longe.
Ele volátil, perdeu o leme e o norte, ela perdeu seu amor.
Os dias se fizeram noite, as noites não terminavam.
Nunca mais viu os olhos daquele marinheiro,
nem as mão que as suas soltaram,
tampouco viu, as rimas que um dia tanto rimaram.
Vagou pelas areias à espera que voltasse,
ele jamais se importou, jamais voltou.
Cantou o lamento mais triste, que foi ouvido por todos os mares, feriu, se feriu, gritou, até silenciar.
O tempo passou, o mar serenou,
até que o seu canto foi ouvido por outro marinheiro,
que não acreditava em sereias.
Ele a pegou ao colo, curou suas feridas,
afagou sua alma, sem nada pedir em troca.
Trazia perfume no olhar, amor no coração,
trouxe paz a quem tanto chorou.
A sereia voltou a sorrir, a cantar,
no mar que escolheu para viver,
e, mais uma vez o amor se fez.

A sereia fui eu,
aquele marinheiro, só mais um fingidor.
Agora, sereia serei nos braços do meu salvador!