CHATURANGA

Dois Irmãos. Dois Reis. Uma Guerra

Capítulo I - Dois Irmãos

Vou-lhes contar uma história. Ela é antiga, de tempos tão remotos, em que tudo era diferente. Os homens se forjavam pela coragem, pela ética e pela lealdade de seus atos. Viviam todos sob o comando de um único Rei em uma época distante, há alguns milhares de anos. Os campos não tinham fronteiras nem muralhas, havia liberdade. Esta é a história de Chaturanga. É assim que se chamava aquelas terras, um continente único, e abençoado pelas dádivas dos deuses.

A primavera exalava o perfume dos jasmins pelos corredores do Castelo. O Rei Arthurius XI despachava no Sala Real com o povo Caissense. Era um Castelo imponente, e levara sete séculos para ser oficialmente concluído pelo trisavô de Arthurius XI. Seus pilares erguiam-se por sobre o Rio Douglas. Um Rio largo de águas fortes e escuras. Ele dividia as terras de Charutanga em sul e norte. O Castelo tinha por objetivo centralizar o governo, a fim que fosse acessível a todos os povos que ali viviam. Cinco enormes torres, com a cúpula em ouro e prata se impunham no vale às margens do Douglas.

Os Caissenses saíram com a garantia do Rei que não faltariam sementes de trigo para o plantio. Feliz com a solução dos problemas, o Rei recostou-se em seu trono, talhado em puro carvalho, e com detalhes em ouro, sinal da riqueza e da nobreza daquelas terras. O sol quase ao centro da torre alta indicava que aproximava-se quase a metade do dia. Um sorriso se abriu na face de Arthurius XI quando a sala foi irradia com a beleza de Beatriz, sua amada Rainha. Naquele dia o rosto de sua amada se mostrava ainda mais belo, sua face terna ostentava felicidade. O coração do Rei batia forte, desejando uma abraço, um carinho, um beijo. Entre os dois não haviam cerimônias, como outrora com seus antepassados. Eles não tinham vergonham de demonstrar o enorme sentimento que pulsava em seus corações,e movia suas almas. A rainha se aproximou, e beijou o rosto de seu Rei com enorme carinho.

- Tenho-lhe uma nova, meu querido – Disse a Rainha fixando seus olhos azuis, que cintilavam naquele momento, frente ao seu esposo. – Não faça-me curioso minha esposa. Diga-me logo, que notícias tens para mim – Retrucou o Rei corroendo de curiosidade. Ela pausou sua voz, e num tom tão doce quanto o mel iniciou suas palavras. – Estive pela manhã com os conselheiros de saúde. Há alguns dias passei a ter certa desconfiança, senti algumas mudanças, em meu corpo, em minha alma. Pensei por algum tempo nas ações que tomaria, até que minhas desconfianças aumentavam a cada dia. Então pela manhã consultei com o Senhor Edgard. Relatei-lhe meus sintomas dos últimos dias, e ele não teve dúvidas quanto ao meu diagnóstico – A Rainha foi interrompida pelo Rei, que mostrava certa aflição em sua face, em virtude do suspense colocado nas palavras de sua esposa, que antes que o Rei pudesse falar-lhe novamente retomou a palavra para si. – Não te preocupes meu amor. Não é nada de mal, o Conselheiro Edgard falou-me que estou a esperar um filho teu – A aflição no rosto do homem se desfez no mesmo instante, dando lugar a um sorriso que lhe tomava todo o rosto, por conta da alegria que arrobava-lhe o corpo. Ele tomou sua esposa aos braços, e beijou-a com todo o amor de sua alma. Nem mesmos a seriedade dos Guardas-Reais se manteve passiva a ternura da cena, podendo ser percebido em seus rostos um discreto sorriso...

...CONTINUA

Douglas Eralldo
Enviado por Douglas Eralldo em 27/06/2007
Reeditado em 27/06/2007
Código do texto: T542728
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