A Academia - Capítulo 3

A moça caminhou até enxergar a estrela polar no topo do prédio.

"Enfim estou chegando no último local onde ele foi visto." Pensou.

Deixara o filho e Logan para trás, precisava fazer isso valer a pena, sabia que ele não deixaria ninguém em paz.

Ela tinha que colocar um fim nisso.

A última noite antes de chegar até a Academia foi tranquila, todas suas cinco tatuagens coçaram, lembrou do que disseram um ao outro quando se conheceram:

- Não quero que vá embora. - Ela havia dito isso a ele, antes dele partir, antes dele se tornar uma pessoa má, antes de tudo.

Ele encostou no ombro dela, ela sentiu um formigamento não natural percorrer todo seu corpo:

- Sempre que eu estiver por perto você vai saber. - Sorriu, ele se vestia de preto, roupas pretas que contrastavam com sua pele branca, um branco não natural.

Desde então, esse era o sinal dos dois, ela sentia esse formigamento na pele, principalmente nas tatuagens, principalmente na tatuagem que ele deixara nela, um lagarto na batata da perna.

Isso fora antes da guerra, antes de tudo.

Desde então ele era conhecido como L'homme en Noir, ou o Homem da noite e também o Homem do luar.

Essa era sua missão, encontrar e assassinar L'homme en Noir.

Dormiu, mesmo com os formigamentos sob a luz da estrela polar.

Capítulo 3 - A Academia.

Patri passou sua última noite antes de chegar na Academia sob ataques dos pesadelos.

Seus amigos queimando, a cidade inteira queimando, a chuva de raios... E as últimas palavras de seu pai, Logan:

- Você deve chegar até a estrela polar, até a Academia, era o que sua mãe queria para você.

Viu a figura da mãe, a mãe que nunca chegou a conhecer, uma mulher branca, os cabelos curtos e olhos grandes, sorria, sorria um sorriso que Patri nunca vira mais belo, até que os raios vieram e pouco a pouco destruíam a imagem da mãe, destruíam tudo.

Patri se viu em pé em uma sala toda branca, cadeiras brancas, janelas brancas, um branco fosco e iluminado, um branco celestial.

Acordou suando:

- Ei, você está bem? - Beth, a garota sorridente parecia preocupada realmente.

- Acho que sim... Pesadelos... - Respondeu.

- Também sonho com os raios... Eles destruíram tudo que nós conhecíamos. - Patri se assustou com o palpite certeiro.

Saulo, o garoto gigante preparava as coisas, estava amanhecendo:

- Vamos, estou ansioso, agora falta pouco.

Patri encarou a estrela que brilhava mesmo de dia, e partiram em caminhada.

Não demorou muito para os barulhos de murmúrio começarem, e os três conseguiram ver ao longe as fronteiras da Catedral Averin, pessoas ao redor de muros, com barracas de todo tipo, vendendo todo tipo de coisa:

- Tenho algumas moedas, podemos comer algo. - Disse Beth.

Era uma boa ideia, Patri só sorriu concordando, Saulo era o que parecia mais feliz em ver as fronteiras, era ali na Catedral que iria ficar, e tentar se tornar um Templário da Ordem de Deus.

Enfim chegaram nas fronteiras, que eram bem abertas, e adentraram a pequena cidade.

E realmente era, uma pequena cidade que cercava uma igreja imensa central:

- Nunca vi algo nessas proporções. - Disse Patri.

Os outros dois riram:

- Acredite, essa não é uma construção grande. - Disse Saulo.

A grande Igreja da Catedral Averin era sim uma igreja grande, cabiam ali 5 ou 6 igrejas normais, Beth compraram para eles uns pasteis de queijo, e juntos entraram na igreja.

Era imensa, mal se podia ver o teto, teto este repleto de imagens de anjos e demônios batalhando entre si, de um lado um cenário dourado e do outro um fogo tomado por trevas:

- Isso simboliza a grande batalha do bem contra o mal. - Disse Saulo, os olhos brilhavam. - Não me canso de ver essa igreja.

Janelas imensas tomavam toda a Igreja, janelas grandes, que faziam com que a luz do sol invadisse todo o local, no chão, a continuação do desenho do teto, e bancos de madeira imensos bem posicionados do lado direito e esquerdo, liberando um corredor no meio para a passagem:

- É aqui que os guerreiros da Ordem de Deus são treinados? - Perguntou Patri. - Nós éramos treinados na cidade onde nasci.

- Aqui somos selecionados apenas, nenhum soldado mora aqui, seria um conflito com o pessoal da Academia, eles não gostam uns dos outros. - Explicou Beth.

Patri não entendeu por que não se gostavam, seu pai Logan havia sido um Cavaleiro da Ordem de Deus, e sua mãe estudou na Academia, mas não contou isso aos novos colegas.

Terminaram de comer os pasteis quando um padre veio ao encontro deles:

- Bom dia garotos. - Beth olhou feio para o padre. - O que desejam na casa do nosso Dieu du soleil?

- B-Bo-Bom Di-dia Se-senhor. - Disse Saulo fazendo uma reverência. - Quero me alistar para os Templários da Ordem de Deus!

O padre levantou as sobrancelhas:

- Fico feliz em ouvir isso filho. - Sorriu. - Ali atrás da igreja o padre Chaermenes irá lhe dizer tudo que precisa fazer.

E voltou para Patri e Beth:

- E vocês?

- Estamos só de passagem. - Disse a menina rapidamente sorrindo.

O Padre fez um gesto sagrado e saiu de perto dos garotos:

- Pois bem, é aqui que nos separamos. - Disse Saulo. - Não vou esquecer de vocês, mesmo nos conhecendo a pouco tempo.

Patri e Beth sorriram:

- Espero que consiga conquistar seus objetivos Saulo. - Disse Beth, ambos cresceram na mesma cidade.

Saulo parecia confuso:

- Achei que ficaria aqui também Beth...

Beth ficou séria:

- Eu... Eu quero ir a Academia também... - Ficou corada.

Patri fingiu não ter ouvido:

- Bom, boa sorte para vocês também. - Disse Saulo. - E abraçou Beth, e sem seguida de uma forma brutal abraçou Patri também, que fez uma careta.

Saulo foi em direção ao padre Chaermene, e logo sumiu da vista dos dois:

- Bom, vamos? Temos um dia de caminhada ainda até a Academia.

Saíram da imensa igreja, e logo estavam fora da Catedral Averin.

Patri viu novamente a estrela no céu, um pouco mais visível, em cima de algo que parecia feito de vidro, seguiram.

Andaram a manhã e a tarde inteira, a garota não parava de tagarelar sobre algo que ela havia sonhado e como isso era engraçado, Patri ria e concordava com a cabeça de vez em quando, logo ele não conseguiu mais prestar atenção no que a garota dizia.

Começou a pensar em Mary, nos olhos meio esverdeados dela, e como ele queria que ela estivesse ali com ele, conhecendo pessoas novas, lugares novos, ela sempre dizia o quão curioso era o mundo:

"Sabia que existem pessoas na nossa idade que aprendem coisas complexas e incríveis?"

Conseguia ouvir a voz dela... E agora tudo havia ido embora.

Mas por ela, pelo pai, e pela mãe que não havia conhecido, Cardiotti e Louis, por todos de Nero Cidadela, ele iria entrar na Academia, e se pudesse, se vingaria daqueles raios malditos!

- Eu juro que vi o Saulo urrando dentro da sala de aula e isso foi engraçado demais. - Patri voltou a ouvir a garota e já não sabia se o que falava era sonho ou tinha acontecido, decidiu só rir.

- Olha! - Gritou de repente com aquela vozinha estridente. - Chegamos!

Patri olhou para o horizonte, o sol se colocava atrás do que a primeira vista parecia uma montanha imensa, mas não era...

- A-Aquilo é a Academia? - Patri estava boquiaberto.

Uma construção feita de pedra branca tomava todo o horizonte, de Leste a Oeste, muros brancos e vários prédios ligados um no outro, campos verdes que interligavam esses prédios, e os prédios altos e imensos com várias janelas, onde era possível ver várias pessoas, mesmo de longe. E no topo de tudo isso, no prédio central, o mais alto, uma estrutura cristalina, que jorrava como liquido porém era sólida como vidro sustentava uma estrela azul, que brilhava e derramava seu esplendor por todos os prédios brancos que não tinham fim e se perdiam em todas as extremidades que o garoto olhava:

- Enfim. - Disse Patri. - Vamos!

Pedro Kakaz
Enviado por Pedro Kakaz em 21/01/2016
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