A Academia - Capítulo 5

Felicya não ficava com tanto ódio há muito tempo. Sabia da maldade que residia nele, mas ver com os próprios olhos sempre a deixava furiosa.

Deixou a Catedral e a cidadezinha e se colocou a andar em direção a Academia, se ele estava ferido, eles saberiam o que o feriu, não era fácil ferir alguém como ele.

Visitaria seus antigos professores por conselhos, e seus antigos aliados e amigos, visitaria a Academia, atrás de resposta.

Não demorou muito a chegar até a entrada com as estátuas de pedra, a raiva fez com que seus passos engolissem o solo com ferocidade.

Passou o arco tomado por plantas, colocou dois dedos na testa e fez uma pequena reverência a estrela polar, entrou.

Estava lotado como sempre, alunos e professores por todos os lados, conversando, comendo e fazendo todo tipo de coisa. Foi até a entrada principal no Conglomerado, subiu as escadas brancas e atravessou a porta de vidro.

- Felicya! Quanto tempo! - Disse feliz o recepcionista Gregory.

- Gregory... Quanto tempo. Preciso entrar, preciso falar com Lisa.

Gregory arregalou os olhos:

- Sabe que ninguém a chama assim pelo nome... - Disse assustado. - E ela não está atendendo ninguém Felicya, há anos...

Felicya ficou calada:

- Master Laryk está? - Perguntou depois do silêncio.

- Sim... o número 7 da terceira porta de madeira, ele fica com os treineiros agora.

As barras de metal se afastaram e abriram passagem a moça, que atravessou, andou até a terceira porta de madeira, apertou o botão de número 7 e entrou na porta.

Essa porta dava vasão a um pequeno cubículo, que cabiam cerca de cinco pessoas apenas, Felicya entrou e a porta se fechou, e o cubículo começou a tremer e a se mover para a esquerda velozmente.

Felicya já havia entrado ali, antes de ser uma aluna da Academia, quando estava indo fazer os testes, as portas de madeira eram a forma dos visitantes entrarem na Academia, esses cubículos moveis detinham qualquer tipo de ameaça.

O cubículo se movimentou por sete pavilhões, e parou de frente com outra porta, Felicya abriu e se viu diante de uma vista nostálgica, a primeira sala de testes.

Era uma sala grande, com cadeiras enfileiradas de frente com uma porta de madeira, fechada.

Ela entrou no local e antes que anunciasse sua chegada, Master Laryk, uma figura esguia, magra e cadavérica adentrou o ambiente:

- Último vez que a vi pensei que seria a última de minha vida. - Disser Master Laryk. - Saiu para morar no campo, com aquele rapaz Logan e estava grávida.

Felicya permaneceu em silêncio, Master Laryk era extremamente sábio, era inteligente da parte de Felicya mais ouvir do que falar:

- Pressuponho que seja sobre Klyce que veio falar. - Olhou sério nos olhos de Felicya.

- O senhor sabe que ele não usa mais este nome. - Disse Felicya em voz baixa.

O homem esguio tinha uma barba que mostrava seus primeiros fios grisalhos:

- L'homme en Noir... Porém chamo meus antigos alunos todos pelo primeiro nome, e Klyce para mim sempre será Klyce.

Ficaram em silêncio um tempo, Felicya não ouvia este nome há tanto tempo... Klyce...

- Preciso para-lo Master... Preciso parar L'homme en Noir!

- Ainda que haja noite no coração, vale a pena sorrir para que haja estrelas na escuridão. - Master Laryk recitava essa frase a seus alunos.

- Me ajude Master...

Master Laryk suspirou:

- Você não é a única atrás dele Felicya. - Master Laryk falava andando pela sala cheia de cadeiras. - Seus antigos companheiros estão atrás de seus rastros, soube de um pequeno embate que tiveram há poucos dias, alguns morreram, Klyce porém saiu apenas ferido, conseguiu fugir, mas não por muito tempo.

Felicya ergueu as sobrancelhas, sabia que havia vindo ao lugar certo:

- Onde foi esse embate Master?

- Na base da montanha da calada, próximo ao reino de Cubuntus.

O reino de Cubuntus, não era longe, por isso ele havia se refugiado ali na Catedral Averin, ele sabia que ninguém da Academia iria procurá-lo lá:

- É onde devo ir Master? Reino de Cubuntus?

- Com sorte seus antigos companheiros estarão lá, com sorte você irá encontrar os últimos rastros dele no caminho entre Cubuntus e Averin.

Felicya agradeceu o antigo professor Master Laryk:

- Te vejo a próxima vez? - Perguntou honesta.

- Não sei Felicya, penso em me retirar em breve, chega de lecionar.

Se cumprimentaram, e Felicya saiu, em busca do reino de Cubuntus, em busca dos rastros de L'homme en Noir, em busca de Klyce.

Capítulo 5 - Os testes.

As barras de metal abriram passagem para os dois, e andaram até a terceira porta de madeira, a porta que o homem das faixas apontava:

- Apertem o botão 7, haverá uma sala lá, aguardem por instruções.

Patri estava empolgado, nunca nenhum garoto do campo teve essa oportunidade, Mary sonhava com isso, e pelo que Beth havia dito, era o teste mais difícil de passar do mundo!

Andaram juntos até a terceira porta e apertaram o botão de número 7, a porta se abriu dando lugar a um cubículo, se entreolharam, deram de ombros e entraram no pequeno cubículo, a porta atrás deles se fecharam e o cubículo se movimentou sozinho.

Poucos segundos depois o cubículo parou de se movimentar e a porta se abriu.

Patri e Beth viram uma sala grande, com no mínimo cem cadeiras enfileiradas e muitas crianças sentadas, todos de frente a uma porta de madeira que estava fechada.

Sentaram um do lado do outro e perceberam papeis na mesinha que era presa as cadeiras, eram formulários que deveriam ser preenchidos.

Patri se concentrou em ler o formulário:

" PREENCHA O FORMULÁRIO E AGUARDE O INSTRUTOR QUE IRÁ RECOLHE-LO DENTRO DE UMA HORA.

NOME:

IDADE:

CIDADE DE ORIGEM:

QUESTÃO 1 - Os carboidratos, os lipídios e as proteínas constituem material estrutural e de reserva dos seres vivos. Qual desses componentes orgânicos é mais abundante no corpo de uma planta e de um animal? Justifique

a) Proteínas em plantas e animais.

b) Carboidratos em plantas e animais.

c) Lipídios em plantas e animais.

d) Carboidratos nas plantas e proteínas nos animais.

e) Proteínas nas plantas e lipídios nos animais. "

Patri leu a questão.

"Lipídios? Carboidratos? Não faço ideia do que seja nada disso".

Olhou para Beth que lia a questão com a mesma feição de desespero:

- E agora? Não iremos passar da primeira questão.

Patri re-leu a questão, e leu a prova inteira em cerca de meia hora, uma prova de 40 questões, uma mais complicada que a outra, metade dissertativa.

"Já é um milagre eu saber ler, graças a meu pai."

Olhou em volta e percebeu que todas as cem crianças estavam preenchendo as questões, menos ele e Beth.

Voltou sua atenção a prova, e a viu em branco, preencheu o nome, a idade e a cidade, e olhou em volta novamente, começou a bater o pé.

"Não vou conseguir, vou morrer na praia!"

Pegou o lápis e começou a riscar qualquer coisa, pois os outros garotos começaram a perceber que não estava escrevendo.

Olhou para Beth que começou a responder algumas.

"Merda, só eu que não sei nenhuma... E não adianta chutar, vai mostrar desonestidade."

O tempo foi passando e a angustia de Patri foi crescendo quando percebeu que a maioria estava largando o lápis em cima da prova, estavam todos terminando.

Começou a pensar no tempo que havia perdido apenas treinando com espada, treinando auto defesa, e habilidades em batalha, não sabia o que era uma bactéria, um fungo e muito menos o que era Força Centrípeta.

Aquelas crianças haviam crescido em uma realidade completamente diferente da dele.

Lembrou dos golpes que Louis e Mary ajudavam ele a fazer, ele tinha dificuldade em habilidades de batalha, e agora essa prova.

Olhou em volta novamente, mais de duas horas havia se passado e todos exceto Beth e ele haviam terminado, porém Beth estava pelo menos preenchendo as folhas, com um olhar um pouco mais confiante.

Duas horas e meia aproximadamente, os alunos agora pareciam inquietos, cochichos de desaprovação eram agora ouvidos de todos os cantos da sala.

Três horas, Patri olhou novamente para sua prova em branco, olhou em volta e agora os cochichos viraram conversas paralelas:

- Vim lá do reino de Cubuntus até aqui! É uma afronta a nós! - Disse uma criança que Patri julgara ser da mesma idade dele, porém sua pele era negra e os cabelos trançados.

- Eu vim de Hofen, muito mais longe, meu pai não vai gostar de saber dessa espera! - Disse um garoto loiro dos olhos vermelhos.

Quatro horas se passaram desde que Patri adentrara a sala.

Três garotos colocavam os ouvidos na porta de madeira:

- Não tem ninguém aqui! Iremos reclamar.

E se dirigiram até a porta de saída que dava no cubículo e desapareceram no cubículo móvel.

Seis horas haviam se passado, metade da sala havia ido embora reclamar, misteriosamente ninguém que fora reclamar havia retornado, crianças começaram a confabular:

- Eles devem ter entregado a prova na recepção e a essa altura já estão aprovados!

Mais cinco saíram e retornaram a recepção.

Patri começava a ficar impaciente, "O que deve estar acontecendo".

- Aaaaaaaah eu estou com fome! - Reclamava Beth.

- Vamos ficar Beth, só mais um pouco. - Disse Patri baixo para a amiga.

Olhou a prova novamente.

Oito horas se passaram, apenas 10 crianças na sala.

Uma delas se levantou e bateu na porta diversas vezes, mas não obteve resposta:

- Olá, meu nome é Calell. - Se apresentou uma criança forte, seus cabelos castanhos eram cumpridos e embaraçados, tinha um sorriso sincero. - É minha primeira vez aqui e vocês?

- Sou Beth! - Disse sorrindo. - E eu estou com fome.

Patri sorriu e se esparramou na cadeira.

Dez horas se passaram, sobraram agora Beth, Patri, Calell e mais duas garotas. Uma delas estava isolada no canto esquerdo da sala, sentada na primeira carteira, imóvel.

A outra era pequena demais para sua idade e se juntou a turma que se formara ali:

- Olá, sou Catherine. - Se apresentou.

Doze horas se passaram:

- Estou pensando seriamente em ir comer e ir ao banheiroooo. - Reclamava Beth.

- Não estou com fome. - Disse Calell.

- Eu vim preparada. - Disse Catherine, que claramente mentia, estava tão incomodada como todos ali.

Patri olhou para a garota isolada no canto esquerdo da sala, tinha cabelos cumpridos até a cintura, olhos claros e era branca como ele.

A maçaneta virou e a porta se abriu.

As cinco crianças olharam atentamente, e uma mulher que parecia ser muito jovem se colocou diante deles, tinha cabelos marrons escorridos e uma voz estridente:

- Olá! - Sorria de orelha a orelha. - Um, dois, três, quatro, cinco! Quero o nome de todos!

- Sou o Calell - Se apresentou.

- Beth!

- Catherine.

- Patri...

- Ferni. - A garota isolada se apresentou da onde estava. Corou imediatamente quando percebeu que todos olhavam para ela.

- Que fofooooooooos! - Gritou a mulher. - Sou Paula e vou guiar vocês até a próxima sala!

Catherine levantou a mão:

- Pode falar querida.

- E as nossas provas?

- Provas? - Paula riu de uma forma exagerada. - Todos passaram a primeira etapa, a prova era só uma distração.

Patri nunca se sentiu tão aliviado em toda sua vida:

- Deixem tudo em cima daquela mesa. - Disse Paula apontando pra uma mesa dentro dessa nova sala depois da porta de madeira. Todos obedeceram. - E me acompanhem.

Adentraram uma sala escura, Paula guiava eles por um caminho estreito dentre uns cristais pendurados no teto:

- Me acompanhem em uma fila indiana. - Patri não sabia o que era isso mas acompanhou todos que se colocaram um atrás do outro.

A sala ia ficando cada vez mais escura, até chegar num ponto onde era praticamente impossível enxergar mais que apenas o colega da frente.

Até que viram, um homem meditando em um círculo iluminado no meio da sala:

- Ele irá chama-los pelo nome, se perceberem que vão passar mal avise-o para terminar a conversa antes que desmaiem, ele está cercado de um gás que apenas alguns conseguem resistir. - Disse Paula parando a mais ou menos vinte metros do homem, que falou.

- Ferni.

E a moça se colocou a andar na direção do homem, que fez um gesto para a garota sentar.

Era impossível ouvir mais do que murmúrios, mas todos conseguiam ver a garota que conversava com o homem misterioso enquanto fazia caretas indecifráveis.

O homem era moreno, tinha barbas e cabelos brancos e vestia um turbante:

- Os homens de Cubuntus vestem turbantes, ouvi dizer que lá é um deserto. - Disse Catherine para o grupo.

Patri nunca havia visto um homem de Cubuntus, ele tinha umas manchas vermelhas de tinta no rosto, que formavam desenhos que Patri também nunca havia visto.

De repente a garota cambaleou e caiu desmaiada:

- Ixi, vou tira-lá de lá, continuem quando o homem chamar.

Paula foi até Ferni, segurou a garota nos braços e levou-a até algum lugar que as crianças não conseguiram enxergar devido a escuridão:

- Catherine. - O homem de turbante chamou.

A garota se dirigiu até o o circulo iluminado onde o homem permanecia sentado de pernas cruzadas, se aproximou e caiu desmaiada:

- Eita! - Gritou Beth surpresa.

Paula veio até Catherine e a retirou dali:

- Beth.

Beth também não aguentou, caiu muitos passos antes da Catherine:

- Estou começando a me preocupar. - Disse Calell.

Paula retirou Beth com uma expressão de uma criança que vê a outra levando bronca:

- Patri.

O coração de Patri acelerou repentinamente:

- Boa sorte. - Disse Calell.

- Obrigado, pra você também. - Respondeu.

Patri se aproximava lentamente do homem de turbante, enquanto isso olhou para Paula que observava o garoto se aproximar com curiosidade.

Patri ainda olhando para Paula, puxou todo o ar que tinha nos pulmões e prendeu a respiração.

Paula abriu um sorriso malicioso.

Quando Patri se aproximou, foi quase impossível não soltar o ar completamente com a surpresa, a sala que antes era escura se iluminou quando o garoto se aproximou do homem de turbante, e uma floresta densa e repleta de raízes e animais selvagens se mostrou diante do garoto.

O homem de turbante se mostrou sentado em uma cobra imensa, que encarava Patri com violência, um lobo ao lado do homem de turbante grunhia, a floresta era verde demais, parecia um pântano, Patri conseguiu ver gazes rodeando os dois.

O homem fez menção para Patri sentar, e sentou-se:

- O que o traz aqui? - Perguntou o homem sem mudar de expressão, os olhos fechados e sereno.

Era muito difícil se concentrar nele, com todos aqueles animais e plantas cercando eles:

- Er... Minha mãe! - Disse o garoto. - Minha mãe me mandou aqui.

E o garoto tirou o colar do bolso e estendeu para o homem, que abriu um dos olhos e fitou o colar de pedra pálida.

O lobo uivou:

- Isso não me interessa. O que veio aprender na Academia. O que realmente deseja?

Patri lembrou dos raios, os raios que destruíram tudo que ele conhecia, os raios que mataram Mary, Louis, Cardioti e seu pai.

Não conseguiu mais segurar a respiração, inalou um gás que cheirava... Cheirava como sua mãe, ele não lembrava qual era o cheiro de sua mãe, mas sabia que definitivamente era este o cheiro.

O homem fez um barulho com a boca, como se dissesse "Interessante..."

E Patri começou a sentir uma tontura incontrolável, tentou segurar o máximo que conseguia:

- Eu quero aprender o máximo que eu puder! Eu quero... Eu quero... - Começou a sentir que ia apagar. - Quero vencer os raios!

Antes de apagar completamente Patri conseguiu ver o homem abrir os dois olhos.

Apagou.

Sentiu estar sendo carregado, sabia que era Paula, e entre os borrões de realidade e sono conseguiu ouvir o homem dizer a Paula:

- Este garoto passou pelo inferno... Inferno este que poucos passaram.

Apagou novamente.

Abriu os olhos e não sabia dizer quanto tempo havia passado.

Levantou e se viu sozinho, em uma sala redonda com dois arcos de lados opostos, olhou em volta e percebeu estar em uma redoma de vidro em meio aquela floresta.

De um dos arcos Patri conseguiu ver, um par de olhos feroz, o lobo que uivou com a presença do colar, estava adentrando a redoma, babava e grunhia enquanto olhava o garoto.

Todos os cabelos de Patri arrepiaram, o coração palpitou e se viu sozinho contra aquela fera, tentou fugir e percebeu que estava amarrado a uma corrente, o pé esquerdo estava amarrado no chão.

Olhou desesperado para qualquer coisa que parecesse uma chave próximo dali, e viu no outro arco, oposto ao arco em que o lobo havia entrado, um penhasco.

Conseguiu correr rapidamente até este outro arco, a corrente era cumprida o suficiente, correu a ponto de conseguir ver o penhasco, que não dava em lugar nenhum, apenas nuvens.

"É muito alto."

Olhou para o lobo novamente que estava cada vez mais próximo.

"Estou preso, merda!"

Olhou novamente o abismo.

"Talvez com a força da queda a corrente se parta... Não! No que estou pensando, é suicídio!"

O lobo avançou contra o garoto, que tomou uma mordida no braço que usou para se defender, chutou o lobo com toda sua força com a perna solta.

"Não tenho escolha."

Olhou o penhasco, fechou os olhos e pulou, enquanto caia esperava o tranco que a corrente daria, mas o tranco não veio, em contra partida conseguiu ver a corrente solta na outra ponta.

Caiu por alguns segundos, e atingiu uma superfície dura e gelada, bateu as costas e sentiu alguns ossos se partindo, havia atingido uma superfície liquida.

Afundou, sentia uma dor imensa no braço e nas costelas, abriu os olhos e pôde ver uma margem, nadou até ela e saiu na beira de um lago, ainda no meio de uma floresta.

"Que loucura de teste é esse, eu poderia ter morrido!"

Ainda recobrando a consciência da queda, pensou em tudo que poderia acontecer se ele passasse nesse teste.

Olhou eu volta, o braço doía muito. Viu umas plantas em volta que sabia que iria ajudar, plantas medicinais, todos os garotos aspirantes a soldado do reino como ele fora na pequena Cidadela sabia identificar ervas medicinais, pelo menos algumas delas.

Moeu as ervas umas nas outras, criando uma pasta, usou um pouco da água gelada e fez uma pomada, passou na mordida do lobo e enfaixou o braço com folhas e cipós.

"Novo em folha", riu do próprio trocadilho.

Estava com fome, aquelas 12 horas de espera não havia sido em vão, deixaram eles com sede, com fomo e exaustos mentalmente, para depois joga-los em um teste de sobrevivência, Patri ficou irritado quando entendeu isso.

Andou na selva durante alguns minutos, juntando todo tipo de planta, cogumelo e pedaços de fruta que encontrava, entendia que de pouco a pouco enxeria o estômago o suficiente para sair dali... Mas sair para onde? Não havia entendido o objetivo deste teste.

"Dizem que um a cada dez mil passam por este teste", lembrou das palavras de Beth, será que não passavam por não terem entendido o teste...

Patri percebeu que andar só iria fazer com que gastasse a energia que não tinha.

Sentou e fez uma fogueira, preparou uma pequena lança, para caso de outro lobo aparecer e se colocou a pensar enquanto cozinhava um ensopado de folhas e cogumelos.

"Eles sabem que nenhum de nós seria capaz de sobreviver... Somos crianças... O que eles querem de nós aqui?"

Patri viu que logo iria anoitecer.

"É isso!"

O garoto se sentiu um gênio, havia dedicado apenas sua vida inteira a isso.

Esperou paciente e atento enquanto escurecia, e escureceu.

Olhou feliz ao perceber que ela estava ali, sempre esteve, a estrela guia, a estrela polar!

Pedro Kakaz
Enviado por Pedro Kakaz em 22/01/2016
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