A Academia - Capítulo 10

...

Felicya estava triste, não via Klyce há dias, desde que disse que seria aceito na torre da estrela.

Não conseguia prestar atenção nas aulas avançadas, era especialista na cor verde e púrpura, uma das únicas alunas que fazia especialização em duas cores, estava no terceiro ciclo, onde os alunos normalmente escolhiam uma cor pra se especializar, depois de passaram pelos dois primeiros ciclos, ela era diferente:

- Claramente algo te preocupa. - Disse o amigo Raffaiet, ele fazia a especialidade em púrpura, junto da amiga.

- Klyce...

Raffaiet fitou a amiga:

- Ele entrou numa briga há alguns dias, com alguns professores, e sumiu desde então, disse que iria a torre da estrela, encontrar o Magician.

Raffaiet ergueu as sobrancelhas:

- Magician? Não sabia que Klyce acreditava em bicho papão.

Felicya bufou:

- Ele desde criança lê sobre a cor Escarlate, ele é fascinado por isso.

- Isso explica as notas impecáveis... - Disse Raffaiet. - Ouvi dizer que a professora Lisa quando estudava também lia sobre isso, mas não passa de um mito, história pra criança.

- Também acho, mas tenho medo dele ser expulso da Academia por conta disso, e não sei onde ele pode estar.

A aula acabou logo, e Felicya voltou ao quarto e pegou o livro de Klyce, escreveu na contra-capa "Compreende-lo, sempre." decidiu que leria o livro para entender o que se passava na mente dele.

Bateram na porta, ela abriu, era Raffaiet, Learia sua melhor amiga e Alicia sua irmã:

- Vamos procurar Klyce com você. - Sorriram.

Felicya sentiu que não estava sozinha.

Juntos passaram por toda a Academia, o que levou uma hora caminhando, o lugar era imenso, perguntavam pelas características físicas de Klyce, pele branca, olhos castanhos e cabelos claros, curtos.

Perguntaram para os professores, que torcerem o nariz ao ouvir o nome de Klyce:

- O que está acontecendo, eles são cruéis quando se trata de Klyce. - Disse Felicya.

- Bom, só restou um lugar. - Disse Raffaiet.

- Vocês sabem que é proibido o acesso a torre da estrela, poderíamos derrubar toda a energia da Academia por acidente, ou até nos machucarmos! - Disse Alicia, a irmã de Felicya que sempre foi sensata.

Felicya também era e sempre respeitou as regras, mas ela precisava encontrá-lo, e ele disse que iria até lá, e também seria uma oportunidade de matar a curiosidade, ela nunca deixava passar uma oportunidade de matar a curiosidade.

Seguiram até o pátio central, onde os alunos, a maioria deles, passava o intervalo entre as aulas, subiram as escadas que levava a torre da estrela discretamente.

Era a maior escada, era estreita, porém centenas de degraus, subiram com calma, parando de vez em quando:

- Minhas pernas doem. - Reclamava Felicya.

Seguiram por alguns minutos, era uma escada realmente imensa, a torre da estrela era a mais alta, estava à 30 metros do chão, estava no décimo e último andar da Academia.

Podiam quase toda a Academia da escada, até o quinto andar, onde a visão era bloqueada, pois a escada se estreitava entre paredes.

O fim da escada dava vazão a um corredor, de cara dava para ver diversas salas vazias e abertas nesse corredor e um silêncio cadavérico:

- Medo... - Disse Learia. - Nunca vi um andar assim aqui, sempre tem muita gente em todo lugar.

Olharam em volta e seguiram pelo corredor, que se estendia no meio de salas vazias, umas sem cadeiras, outras com cadeiras amontoadas.

Quanto mais avançavam mais o lugar ia perdendo a iluminação natural das janelas das salas fechadas, ficando parcialmente claro.

No fim do corredor um portão, dourado, meio desgastado de ferro bloqueava a passagem para o restante do corredor, que se estendia atrás do portão como podiam ver através dele:

- Bom Klyce não está aqui obviamente, não tem nada aqui. - Disse Learia. - E atrás do portão ta o tal gerador que mantém toda a energia da Academia, não tem mais nada.

Raffaiet se aproximou do portão e tentou abri-lo sem sucesso:

- Trancado.

Todos começaram a voltar, o coração da Felicya acelerou e a garota entrando em um leve desespero gritou colocando as mãos na grade:

- Klyceeeeeeeeeeee! - Os outros olharam para trás num pulo.

Um silêncio momentâneo se fez, até que todas as portas atrás deles bateram ao mesmo tempo com um vento forte que veio de trás da grade, deixando o lugar muito mais escuro:

- Ei! Vamos voltar, agora! - Disse Raffaiet puxando Felicya. - Ele não está aqui, e sinceramente... Começo a temer seja lá o que esteja aqui.

- Sim! Não é atoa que é proibido! - Gritou Learia, começaram a recuar.

Felicya gritou:

- Eu não vou te deixar!

O vento começou a ficar mais forte, empurrando a força todos para longe da grade, um barulho vinha do vento, um zunido que ia crescendo, o vento forte começou a literalmente joga-los para longe.

Levantaram e correram para a escada no começo do corredor de onde vieram:

- Felicya! - Gritou a irmã Alicia, e Felicya correu com o grupo para fora dali.

"Vou ler o livro, e voltarei aqui." Pensou a garota, e saíram do décimo andar.

...

Capítulo 10 - A ascensão da Academia e o início da Terceira Era.

Naquela noite todos foram acordados por uma explosão, o céu estava amarelado, e era possível ver mesmo entre as nuvens densas da noite, faíscas flamejantes.

O barulho era imenso, como se o céu desse uma fisgada poderosa na terra:

- De novo. - Disse Leran, colega de quarto de Patri quando os garotos acordaram. - Não é a primeira vez que um raio cai aqui perto, uns dias atrás disseram que três cidades próximas daqui foram destruídas...

Patri ficou em silêncio, sabia que o colega presunçoso falava da sua cidade, de Beth e do amigo gigante de Beth, Saulo.

Então os raios continuavam, Patri não fazia ideia de que esse terror não tinha cessado:

- Faz tempo que isso acontece? - Perguntou Patri.

- Sim, nem sempre é tão perto daqui, as vezes o barulho é longe...

O barulho... Leran falava sobre o estrondoso barulho do raio atingindo milhares de pessoas em alguma cidade:

- É o castigo divino. - Disse Leran. - Deus está destruindo essas cidades.

Patri ficou quieto, seria isso obra divina?

Logan havia lhe contado sobre Deus, que existe um castelo onde um altar é exaltado, nesse solo sagrado é onde Deus reside, o exército voluntariamente cerca o lugar, o exército que Logan fazia parte.

Logan disse ter conhecido Felicya aos arredores do castelo, e se apaixonaram ali:

- Vamos dormir, não vão cancelar as aulas só por que um raio caiu por ai. - Disse Leran arrogante.

Foi uma noite longa, os sonhos de Patri com os raios era mais intenso a cada dia, as pessoas ao redor dele explodiam uma a uma, Beth, os professores, Mary, Louis, o arrogante do Leran, Callel e até Ferni...

Acordou desesperado, ofegante, sentiu as duas mãos dormentes:

- Ei vamos, temos a mesma aula agora cedo.

Se arrumou rápido, a dormência nas mãos estava incomodando:

- Acho que dormi em cima das mãos. - Disse Patri enquanto caminhavam para a aula da cor púrpura. - Estão dormentes.

Leran deu de ombros.

Na sala o homem das faixas estava esperando os alunos se posicionaram em suas cadeiras, sentado em cima da mesa do professor encarava aluno por aluno, sério:

- Hoje falaremos do começo e do término da Segunda Era.

Todos estavam em silêncio, amavam as aulas do homem das faixas, ou Raffaiet, como havia dito a Patri.

- Como todos sabem (obviamente Patri se sentiu fora dessa colocação do professor.) A Primeira Era foi uma Era repleta de História e diversos povos que hoje estão instaurados e bem firmados aqui em Nova.

E seguiu.

"Atelavida era um reino pequeno na Primeira Era, e foi de lá que surgiram as forças que derrubaram todos os diversos Impérios já instaurados naquele momento, o mundo era dividido em 12 grandes impérios, Império do Bode, Império Mastodon, Império Dualidade, Império do Caranguejo, Império Rei, Império da Onda, Império da Lei, Império da Flecha, Império Centauro, Império da Cauda, Império Duas Ondas e Impérios Separados."

A turma toda anotava frenética as informações do professor, Patri apenas prestava atenção, ele seguiu.

"Os 12 impérios viviam em harmonia mesmo entre pequenas guerras que eram travadas, no momento que Atelavida declarou guerra aos 12 Impérios, vencendo-os um por um, deu-se início a grande Segunda Era, ou a Era Atelavida. Atelavida crescia exponencialmente ao fim da Primeira Era, com o conhecimento roubado de todos os Impérios, montou um exército imenso e imbatível, o exército dos Templários, que usavam o estandarte da Lua, e dessa forma destruíram as forças inimigas, criando uma lei, apenas Atelavida teria as proporções de um império, os demais impérios foram reduzidos a reinos, esses reis respondiam a um único Imperador, o Imperador de Atelavida.

O Imperador de Atelavida dizia ser guiado por Deus, e que este Deus estava próximo, e Atelavida reinou soberana durante mil anos."

A classe estava inteira prestando atenção, Patri não via isso em nenhuma outra aula, era inédito, e terminou.

"O começo da Terceira Era tem nome. A Academia, os melhores guerreiros, os maiores sábios, grandes heróis de todos os 12 reinos caídos se juntaram no centro de Nova e fundaram juntos um lugar para se gerar o conhecimento, a Segunda Era foi uma era de trevas, onde Atelavida arrancou todo o conhecimento dos povos ao redor, detendo para si, há 500 anos, quando a Academia foi fundada por essas pessoas, e os 12 Reinos ganharam mais força, hoje Nova não é mais divida em 12 como na Primeira Era, muito menos temos um grande soberano como na Segunda Era, hoje Nova é dividido em duas extremidades, dois pólos, ao Leste está o grande Império Unificado, onde residem os 12 reinos, onde está a Academia, no centro de nova, Cubuntus, um reino de antes da Primeira Era, e ao extremo Oeste, Atelavida."

Patri ouviu falar de Atelavida sua infância inteira, seu pai serviu o exército de Atelavida, ele não sabia de nada disso até este momento, um dos alunos levantou a mão e disse:

- Atelavida mudou seu estandarte da Lua, hoje carregam um estandarte de Sol né professor? - Disse Leran, mais afirmando do que perguntando.

- Exatamente, a mudança do estandarte não é velha, dizem agora que o Imperador não é mais um mensageiro de Deus, Atelavida afirma que Deus está no comando do Império deles, por isso o estandarte de sol, acenderam e oram para o Deus do Sol, que reside no Solo Sagrado, uma terra depois ainda de Atelavida. - Respondeu o professor. - Do lado de cá nós temos a Academia e os 12 reinos, lutando diariamente para manter a democracia, do lado de lá, temos Atelavida e o Deus do Sol.

Patri lembrou dos raios, Leran disse que era castigo de Deus, seria um castigo por terem divido a terra, um castigo por tê-los tirado da soberania de toda Nova?

Saiu da aula pensativo, teria Deus a fúria dos céus a seu favor, será que a destruição com os raios tinha relação a isso, queria Deus iniciar uma Quarta Era, a Era em que retomariam a soberania do mundo?

Isso tudo fazia Patri estremecer, isso tudo era informação demais para sua cabeça, era pequeno demais diante disso.

Pedro Kakaz
Enviado por Pedro Kakaz em 16/02/2016
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