A Academia - Capítulo 15
...
Após a festa dos formandos, Felicya arrumava suas coisas:
- Nem acredito que estou indo embora. - Disse para Alicia e Learia.
- Bom, nós ficaremos aqui, que você volte quando puder. - Sorriram para Felicya.
Ao terminar tudo, colocou uma mala nas costas e segurando outra com a mão esquerda, acenou para as amigas.
Andou sozinho até a saída, dando uma olhadela para a torre da estrela.
Não via Klyce há três anos.
Todos vieram se despedir da garota no pátio principal:
- Então se tornou uma especialista nas cores Verde e Vermelho? - Perguntou Raffaiet acompanhado-a.
- Sim... - Respondeu envergonhada, sabia que isso era um grande feito.
- Ouvi dizer que há um século que algo assim não acontece. - Raffaiet sorriu.
- E você vai se tornar professor daqui mesmo? - Perguntou sincera.
- Sim, mas preciso passar em uns testes antes, por enquanto vou fazer parte do grupo Omega, você voltará né? - Perguntou, Felicya também fazia parte do grupo Omega.
O grupo Omega era divido em times, esses times cuidavam dos assuntos dos 12 reinos, eram responsáveis por manter a ordem e a paz:
- Quem sabe... Vou visitar minha família, você sabe, parte deles mora em Atelavida...
Raffaiet fitou a amiga, sabia do que se tratava:
- Boa sorte. - Disse o amigo deixando Felicya sozinha.
Ela saiu da Academia saiu naquele campo familiar, se colocou a andar:
- Não acredito que ia embora sem se despedir. - Uma voz familiar falou atrás da garota.
Seu coração acelerou e os olhos encheram de lágrimas:
- Seu idiota. - Disse a garota mesmo sem precisar olhar.
Sentiu um abraço apertado:
- Senti sua falta. - Disse Klyce.
Eles se olharam e deram um beijo demorado e intenso:
- Onde você esteve esse tempo todo?
Ele coçou a cabeça:
- Onde disse que estaria.
A garota arregalou os olhos:
- Não posso falar muito sobre isso, não ainda. - Disse Klyce.
Ele estava diferente, parecia mais confiante em si:
- Esse tempo todo você estava na torre da estrela? Custava falar comigo? - Disse a garota ficando brava.
- Não me culpe... Era um dos requisitos de lá. - Disse fazendo uma careta pra ela.
Ficaram em silêncio por um momento:
- Preciso voltar... - Disse Klyce. - Não deveria ter saído, mas não podia deixar de dizer adeus.
Felicya se segurou para não chorar:
- Preciso visitar minha família... Te verei novamente? - Perguntou Felicya.
Ela percebeu algo diferente no olhar dele, como uma tristeza:
- Nos veremos sim. - Disse mudando de expressão, como se fizesse para a garota não perceber.
- Você não está bem né? - Perguntou sincera.
- Não é nada demais, fica tranquila. - Disse beijando-a novamente.
Os dois se separaram ali, Felicya rumo a Atelavida e Klyce de volta para a torre da estrela.
..
Capítulo 15 - Passado e determinação.
Patri estava novamente há uma semana sozinho.
A essa altura havia lido dois livros daquela sala.
Mas nenhuma dica do que tinha que fazer naquela bola de vidro, Magician pareceu decepcionada com os resultados:
- Olá. - A anãzinha Cecilia apareceu de repente na porta. - Lendo o que?
Ela se aproximou do garoto, agora com uma roupa de abelha ao invés do chapéu de coelho:
- To bem confuso na verdade com tudo que ta acontecendo. - Respondeu Patri.
Ela riu:
- Normal... Na verdade Lisa está te tratando muito bem!
Patri consentiu sarcástico:
- Com certeza, me deixando sozinho dias e dias sem entender o que está acontecendo.
Ela suspirou:
- Nem sei se deveria te falar isso. Lisa não aceita ninguém há mais de 15 anos! - Disse Cecilia séria. - Ouvi ela prometer aos ventos que nunca mais teria nenhum aluno, e bom... Aqui está você.
Patri ficou realmente surpreso com a afirmação:
- Mas o que houve? - Perguntou.
Cecilia balançou a cabeça negativamente de forma violenta:
- Não, não e não. Da minha boca não sai mais nada. - Disse. - Só vim para lhe dizer que ela vai te esperar amanha cedo na mesma sala de antes.
E virou as costas para o garoto.
No outro dia levantou cedo e se arrumou, rapidamente chegando na sala da vitrola, estava ansioso.
A sala estava um pouco mais organizada e não havia ninguém para recepciona-lo, decidiu então fuçar um pouco antes de alguém aparecer.
Foi correndo ver as espadas, tinha uma certa paixão por elas, tão lindas e brilhantes, e aquelas estavam particularmente brilhantes.
De todos os tamanhos, espadas médias e rápidas, curtas e fatais, espadas longas e pesadas, que apenas um guerreiro muito bem treinado empunharia:
- Gostou das espadas? - Uma voz suave disse.
Ele se virou bruscamente, Lisa perguntou imponente:
- Só... Só estava olhando. - Disse o garoto se endireitando.
- Não tem problema. Notou algo peculiar nelas? - Perguntou franzindo a testa.
Patri olhou novamente as espadas:
- São as mais limpas e mais brilhantes espadas que eu já vi...
Ela disfarçou um sorriso:
- Você não é de todo mal afinal. - Ela apontou para a bola de vidro no pilar vermelho e dourado. - No topo deste pilar está a estrela polar.
Patri arregalou os olhos:
- Obviamente no telhado, em torno de um material de cristal. - E prosseguiu. - Este material é responsável não só por conter a estrela, como por pegar a energia da mesma e compartilhar com toda a Academia.
Apontou para as luzes artificiais:
- A estrela polar alimenta toda a Academia? - Perguntou Patri.
- Alimentaria muito mais. - Respondeu a moça.
Patri olhou o pilar com atenção:
- Esta bola é feita do mesmo material. - Disse Lisa se aproximando da bola de vidro.
Ela estendeu a mão para o chão e fechou rapidamente, e toda a sala se apagou novamente, como da primeira vez.
Ela então estendeu uma das mãos e colocou em cima da bola de vidro, dentro da bola uma rosa branca apareceu, brilhando intensamente, e então toda a sala tornou a ter energia:
- Esse é seu primeiro teste. Acender as luzes e as maquinas dessa sala sem o auxilio da estrela, apenas com sua energia. - Disse a moça.
A sala se apagou novamente:
- Quando enxergar a verdade sobre a estrela, conseguirá transmitir sua energia como ela faz. - Dizendo isso se retirou do comodo, deixando Patri sozinho na sala.
...
"O que é isso", pensou o rapaz diante do colossal espelho partido, alguns pedaços faltavam, grande parte do espelho na verdade.
Estava sozinho naquela sala escura, as mãos começaram a suar, sentiu um calafrio na espinha que fez seu corpo estremecer.
Uma lágrima desceu do olho esquerdo, um turbilhão de pensamentos e emoções.
Aqueles reflexos... Aquilo não podia ser verdade.
A media que o garoto olhava os reflexos, suas próprias memórias viam a tona, o quanto havia sofrido na infância, tudo pra aquilo...
As unhas começaram a sangras, da sua testa brotou uma ferida que sangrou todo o seu rosto, ele estava morrendo:
- Klyce! - Ouviu uma voz desesperada na suas costas.
Lisa invadiu a sala, arrancando-o de frente do espelho quebrado, vozes berravam por de trás daqueles reflexos, e Klyce desmaiou.
Na manhã seguinte acordou ainda atordoado, as pontas dos dedos doíam assim como a ferida na cabeça:
- Eu disse para não entrar naquele lugar. - Klyce ouviu a voz de Lisa, que estava sentada no pé da cama.
Klyce apertava os dedos contra a palma da mão:
- O que eu vi lá... É verdade? - Perguntou Klyce furioso, mas se contendo.
Lisa não disse nada:
- Você não faz ideia tudo que eu passei, eu nunca entendi por que me maltratavam tanto... Mas tive fé nos Doze Reis, tive fé no Reino... E por mais que o sofrimento viesse eu me apoiava nisso.
Lisa abaixou a cabeça.
Klyce deu uma porrada na parede e se levantou:
- Eu vou embora daqui.
Lisa permanecia em silêncio, lágrimas brotavam do seu rosto:
- Eu preciso descobrir toda a verdade.
- Não vou te impedir.
...
Dez horas haviam se passado, Patri estava rodando aquele pilar, olhando pra cima impaciente.
Estendeu pela milésima vez suas mãos sobre a bola de cristal e mentalizou que energizava-a, mas novamente como das milésimas vezes anteriores, nada aconteceu.
Chacoalhou as mãos, bateu palmas, deu pulinhos.
Correu em volta da sala até se cansar, desistiu por duas horas e tornou a tentar.
Desistiu novamente, olhou as espadas e tentou ligar as maquinas, sem sucesso, a sala toda estava apagada.
O dia passou voando, a noite deixou a sala completamente escura, o garoto descansou um pouco e retomou no meio da madrugada.
"Enxergar a verdade sobre a estrela" repetia isso para si mesmo, centenas de vezes.
Desistiu e for dormir.
No outro dia bem cedo Cecilia acordou ele com um café da manhã:
- Como está?
- Acho que bem... É muito difícil... - Respondeu Patri comendo.
Cecilia riu sincera:
- Sim... Enfim, novo aluno da Magician.
- Você conheceu os alunos anteriores? - Perguntou o garoto, curioso.
Ela olhou nos olhos de Patri:
- Conheci. - A moça suspirou. - Todos eles.
Patri balançou a cabeça enquanto mastigava:
- Vou indo, boa sorte! - Disse.
Patri engoliu rápido:
- Cecilia! - A anã olhou. - Quanto tempo o último aluno levou pra acender a bola?
Cecilia fez um três com os dedos:
- O que!? - Gritou Patri. - Três dias?
Cecilia riu alto:
- Não bobo... Três meses!