A CHUVA

No fim da tarde, após o encerramento do trabalho

era comum os colegas se reuniram em bares para comungar

seus pontos de vista, as convicções ou o estado de espírito.

Justamente naquele dia em que no crepúsculo vespertino,

havia condensações de vapores de águas da atmosfera

em pequenas gotas que se precipitam sobre o solo.

Mas os amigos despreocupadamente trocavam idéias,

entorpecidos no coleguismo descomedido,

enquanto gotículas quase imperceptíveis,

umedecia a pano das horas.

Os instantes corriam com um corcel negro,

e a reunião festiva dos entusiasmos verbais,

paulatinamente cedia ao desalinho da teia invisível da pluralidade amistosa.

Os homens desintegravam-se para o itinerário do recesso familiar,

onde suas amadas mulheres os aguardavam

com a boca fresca de hortelã saudades.

Completamente só, desnudo de fonemas, na taciturnidade do momento,

O rapaz observava o tempo cinéreo e a percussão rítmica da chuva...

Sem peça de ferro forjado para reter os navios,

ou ganchos articulados de novidades que se agarrassem ao solo

para deter os amigos embarcavam no mar das suas destinações...

A chuva com sua fluidez transbordante mutilava

o asfalto correndo, se expandindo, revolucionária

e sem fronteira com seu aguaçal impetuoso e abundante

em movimentos incessantes como se regesse uma orquestra,

elevações longas de bueiros partituras sonatas de torrentes profundas

e altas ondulação em resquícios de melodias...

E o rapaz na ribalta do bar, com o rosto iluminado pelo refletor

permanecia na dianteira do palco com sua ária,

solista integrante e principal ,

da ópera dramática,

náufrago mais uma vez

de um fim de semana em solidão !

CARLOS HENRIQUE MATTOS
Enviado por CARLOS HENRIQUE MATTOS em 01/04/2016
Reeditado em 12/04/2016
Código do texto: T5591973
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