A CHUVA
No fim da tarde, após o encerramento do trabalho
era comum os colegas se reuniram em bares para comungar
seus pontos de vista, as convicções ou o estado de espírito.
Justamente naquele dia em que no crepúsculo vespertino,
havia condensações de vapores de águas da atmosfera
em pequenas gotas que se precipitam sobre o solo.
Mas os amigos despreocupadamente trocavam idéias,
entorpecidos no coleguismo descomedido,
enquanto gotículas quase imperceptíveis,
umedecia a pano das horas.
Os instantes corriam com um corcel negro,
e a reunião festiva dos entusiasmos verbais,
paulatinamente cedia ao desalinho da teia invisível da pluralidade amistosa.
Os homens desintegravam-se para o itinerário do recesso familiar,
onde suas amadas mulheres os aguardavam
com a boca fresca de hortelã saudades.
Completamente só, desnudo de fonemas, na taciturnidade do momento,
O rapaz observava o tempo cinéreo e a percussão rítmica da chuva...
Sem peça de ferro forjado para reter os navios,
ou ganchos articulados de novidades que se agarrassem ao solo
para deter os amigos embarcavam no mar das suas destinações...
A chuva com sua fluidez transbordante mutilava
o asfalto correndo, se expandindo, revolucionária
e sem fronteira com seu aguaçal impetuoso e abundante
em movimentos incessantes como se regesse uma orquestra,
elevações longas de bueiros partituras sonatas de torrentes profundas
e altas ondulação em resquícios de melodias...
E o rapaz na ribalta do bar, com o rosto iluminado pelo refletor
permanecia na dianteira do palco com sua ária,
solista integrante e principal ,
da ópera dramática,
náufrago mais uma vez
de um fim de semana em solidão !