O FRAGMENTO LUMINOSO DE UM OLHAR

Olharam-se no primeiro dia...

Embora tenha sido uma luz de curta duração.

Porém, suficiente e intensa para entender que o clarão resultante

do encontro das nuvens produzia um relâmpago aceso de paixão.

Não houve vocábulo, substantivo, verbo ou adjetivo.

Apenas entreolhavam-se no improviso sacrossanto das horas.

Ambos não sabiam os respectivos nomes do outro.

O antropônimo dado a uma criança ao nascer!

Talvez fosse, a chave primária de auspiciosas possibilidades...

Ela admirada, como quem assisti, por do sol em Ipanema.

Ele nulo, incapaz de recensear tamanha beleza?

Tremores rápidos e involuntários em consequência do encontro.

A maioria dos ônibus trafegavam pelo centro na manhã outonal.

Transmitido com brevidade ,como se tivesse um irresistível

caráter de urgência, o flash daquele olhar carregava

a força sumária de um profundo acontecimento.

Pássaros, asas em êxtases,

libravam simetricamente no céu testemunhal.

Nunca um encantamento, feito cena que não nos sai da memória

provocou tamanho impacto desmedido, simplesmente por causa

da fixação dos olhares , confluência de rios...

Que nem os barulhos das máquinas da indústria

puderam desorquestrar a inexplicável atração filarmônica

cravejada de deslumbramento e fascínio !

Diz a lenda, que os fragmentos luminosos que se desprenderam

dos olhos radiantes , audazes e irrequietos dos jovens apaixonados,

são os mesmos pedaços extraídos , que Deus utilizou

para compor a inefabilidade do alindamento

dos espetaculares , anéis de saturno.

CARLOS HENRIQUE MATTOS
Enviado por CARLOS HENRIQUE MATTOS em 14/04/2016
Reeditado em 14/04/2016
Código do texto: T5605251
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