Canções de Guerra - Capítulo 1

Olá, caros! Publico aqui um conto medieval escrito há algum tempo por mim e alguns amigos para um trabalho escolar e cada um dos 10 capítulos será publicado periodicamente aqui com o nome do escritor do capítulo em questão. Boa leitura!

- Capítulo 1 -

Era tarde de uma noite escura de 1263 e Henrique Cattley continuava a observar tristemente as estrelas que brotavam ao seu redor. Estava sentado em seu salão de pedra esculpido em rochas lisas e côncavas que faziam eco com as árvores a sua volta, reproduzindo sons confortáveis que esteve acostumado a ouvir durante toda sua vida. Mas na ocasião, o sentimento era diferente: Era sentimento de amargura e tristeza profunda ocasionada pelo falecimento de sua querida esposa dias antes. Foi a primeira vez que estivera tão sozinho. Num impulso nervoso e de ansiedade, subiu a mais alta torre de seu castelo, e não conseguindo achar motivos para tal, continuou a ouvir os piados das corujas que estavam escondidas na penumbra formada sob a luz da lua.

Estava amanhecendo quando ele voltou para seu cômodo com estranhos barulhos de carroça ocasionados pela chegada da viagem de seu criado. Cansado da viagem mas ainda centrado, passara a mensagem enviada por Lorde Emmanuel, defensor soberano nas fronteiras ao norte e amigo de longa data da família. A mensagem foi recitada em forma de poema de uma forma tão agradável que Henrique esqueceu todos os seus pensamentos na noite que acabara de passar.

Oh nobre Henrique

Que mora por dentre a serra

De toda segurança da terra abdicará

E acompanhar-me-á até a guerra.

A situação está difícil

Um tanto inesperada

Venha e marche comigo

E honrará a sua amada!

Henrique voltou a sentar e ambos ficaram em silêncio por vários minutos. Quando ele estava prestes a levantar, seu criado interrompeu o silêncio em tom de tristeza por ter de passar esta notícia ao senhor, mas ainda empenhado em convencer Henrique a marchar ao lado de seu soberano Emmanuel para as fronteiras e mais uma vez encontrar-se frente a frente com os povos bárbaros e seus exércitos devastadores. A escolha, pela urgência da mensagem, já não cabia a ele. Pondo-se de pé então com a velha audácia brilhando nos olhos convocou seus soldados a segui-lo onde fosse necessário, servindo e defendendo os povos da terra atrás deles.

Abasteceram os carros de guerra, coletaram seus suprimentos para a viagem, beberam e festejaram aquela noite, pois não sabiam mais quando poderiam fazê-lo. Descansaram enfim naquela noite sem lua, final do mês das flores, despediram-se de suas famílias e D. Henrique mais uma vez solitário em seu salão fazia planos para as semanas seguintes, mas por mais que pensasse não fazia ideia do curso que sua história tomaria dessa noite em diante. E caiu em seu sono profundo e sem cores.

Leonardo Nali
Enviado por Leonardo Nali em 24/04/2016
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