Memórias na pele da alma...
Um mergulho nas janelas do passado e memórias na pele da alma reeditaram lembranças. Sua memória não era curta, apesar de esquecer nomes. Elizabeth vivia de acreditar e acreditava.
Ingênuamente a sonhar, um desejo romântico trouxe adereços de experências já vividas.
Perfume de alfazema pairava no ar.
O som de risadas infantis ecoava pelos quatro cantos da casa se misturando à paz de beijas flores entrando e saindo pelas janelas de madeira pintadas de azul.
Na varanda, orquídeas vicejavam em cestas penduradas, nos peitoris das janelas. Algumas desabrochando em copas cor-de-rosa, outras em sinos perolados, brindavam o cenário com um ar de ternura, de leveza.
O olhar ansioso de Elisabeth correu o interior do velho casarão. Diante de uma das portas se deteve. Abriu-a. "Sim, era ali o seu quarto". Num canto, um sofá revestido de tecido de flores delicadas, abrigava uma senhora, ─ sua avó, Materna, "sim, era ela, um pouco mais jovem, mas era ela" ─ ensinava à menina uma receita caseira para deixar o medo num lugar distante antes das longas noites escuras.
Da posse contemplativa, Elizabeth extraía o máximo de prazer daquele quarto de menina ─ onde só o sonhar era permitido ─ até as imagens sumirem no túnel do tempo.
Hoje, no quarto empoeirado, nem velho, nem míope, o olhar não envelhecera.
As coisas simples do mundo ─ e por isso mais belas ─ brilhavam por trás da boniteza de fitas e rendas penduradas na borboleta de enfeite, tão real quando um fantasma pode ser.
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Ingênuamente a sonhar, um desejo romântico trouxe adereços de experências já vividas.
Perfume de alfazema pairava no ar.
O som de risadas infantis ecoava pelos quatro cantos da casa se misturando à paz de beijas flores entrando e saindo pelas janelas de madeira pintadas de azul.
Na varanda, orquídeas vicejavam em cestas penduradas, nos peitoris das janelas. Algumas desabrochando em copas cor-de-rosa, outras em sinos perolados, brindavam o cenário com um ar de ternura, de leveza.
O olhar ansioso de Elisabeth correu o interior do velho casarão. Diante de uma das portas se deteve. Abriu-a. "Sim, era ali o seu quarto". Num canto, um sofá revestido de tecido de flores delicadas, abrigava uma senhora, ─ sua avó, Materna, "sim, era ela, um pouco mais jovem, mas era ela" ─ ensinava à menina uma receita caseira para deixar o medo num lugar distante antes das longas noites escuras.
Da posse contemplativa, Elizabeth extraía o máximo de prazer daquele quarto de menina ─ onde só o sonhar era permitido ─ até as imagens sumirem no túnel do tempo.
Hoje, no quarto empoeirado, nem velho, nem míope, o olhar não envelhecera.
As coisas simples do mundo ─ e por isso mais belas ─ brilhavam por trás da boniteza de fitas e rendas penduradas na borboleta de enfeite, tão real quando um fantasma pode ser.
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Comentários:
Lenapena:
"Os olhos da memória não sofrem a ação do tempo. De repente entramos no túnel do tempo, e lá estamos nós, novamente, dentro de quatro paredes que nos serviram de abrigo, uma extensão do útero materno".
Lenapena:
"Os olhos da memória não sofrem a ação do tempo. De repente entramos no túnel do tempo, e lá estamos nós, novamente, dentro de quatro paredes que nos serviram de abrigo, uma extensão do útero materno".